Furtos e depredações em unidades de ensino: sintomas de uma sociedade doente!
Redação DM
Publicado em 28 de janeiro de 2017 às 01:13 | Atualizado há 8 anosÉ indiscutível que a Educação tenha sido a principal receita para que qualquer sociedade desenvolvida, tenha alcançado tal estágio. Estagio no qual sua população usufrua de serviços públicos que funcionem com eficiência, sem corrupção, que conviva com baixíssimos níveis de violência, gozando de muita qualidade de vida e colhendo os frutos de muito esforço e de investimentos pesados no setor educacional realizados no passado, mas que foram pensados a longo prazo.
É evidente que um povo que tolere as gritantes desigualdades sociais, que não abomine a corrupção, uma população que sofra com a violência, mas que não colabore de forma efetiva para combater os altos índices de criminalidade, trata-se de uma população com um diagnóstico de uma “doença grave em alto e avançado estágio”, em um paciente que sente as dores, mas não sabe ainda porque as sente. E como toda doença tem seus sintomas, o maior dos nossos é justamente a maneira como tratamos nossos espaços educacionais, como nossa sociedade trata culturalmente os espaços destinados ao ensinar e aprender, espaços estes que vão desde os lares, até as escolas, as universidades, os espaços culturais, os espaços esportivos, etc. A omissão e complacência diante da violência praticada contra estes espaços, que são considerados de valores inestimáveis nos países mais desenvolvidos, demonstram uma pobreza intelectual, moral e ética muito grande da nossa sociedade.
Infelizmente, está cada vez mais comum, espaços como estes serem alvos de invasões, furtos e depredações, na maioria das vezes realizados por pessoas da própria comunidade. Apesar dos danos materiais e do mal estado em que as unidades ficam após estas ações, o maior dano está no prejuízo imaterial, na falta de condições mínimas para uma boa aprendizagem. E o que nos ainda deixa mais convicto que a situação é realmente grave, é que esse tratamento é dado por quem mais será beneficiado com uma melhor educação. Estas pessoas não tem a mínima noção que causam um dano irreparável a si mesmo, colaborando para que sua condição enquanto integrante dessa sociedade, piore ainda mais.
Uma situação como essa demonstra os reflexos da pobreza intelectual, moral e ética, que por sua vez não estão apenas nas condições de vida da população, estão também nos padrões e relações sociais estabelecidos. A inversão de valores, a cultura do ódio, a ausência de civilidade e cidadania passam a serem tidos como algo comum, tornaram-se aceitáveis, e para isso contribui-se de forma efetiva, há omissão de muitos! A sensação que temos é que os “bons” se calaram e os “ruins” ganharam poder, pois muitas das vezes tem se procurado mais em defender ou justificar o errado, do que enaltecer e defender o correto, e muitos optando em praticar o errado, o usando como “meio”, para justificar um “fim”, que imagina-se ser o correto.
Pois bem, apesar de toda essa situação ruim, essa “doença” não é incurável, a “piora” ou a “cura” dessa “sociedade doente” é uma questão de escolha. Por isso, temos convicção que a cura está em optar por um pensamento visionário e lucido, baseado no empenho coletivo, partindo de uma mudança cultural no pressuposto de que é fundamental enxergar a Escola e a Educação Familiar como pilares para construção de uma nova realidade. Realidade esta, baseada em novos valores: novos valores sociais, culturais, humanos, econômicos, ambientais. Foi assim que muitos países conseguiram avançar e se desenvolver, passando a proporcionar ao seu povo, como consequência, é claro, a melhores condições de saúde, instrução e renda, maior expectativa de vida, redução drástica nos índices de violência, enfim , passaram a desfrutar de uma almejada e real qualidade de vida. Precisamos também passar pela mesma mudança urgente, bons exemplos implantados em outros países nós temos. E para iniciarmos essa Revolução Cultural sugiro que façamos valer o trecho da canção “Semente do amanhã”, imortalizada nas vozes de Gonzaguinha e Erasmo Carlos: … “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais, vamos lá fazer o que será.”…. Só depende de nós!
(Márcio Carvalho Santos, geógrafo, professor da Rede Municipal de Educação em Goiânia e da Rede Estadual de Educação de Goiás)