Gestão do fluxo de pacientes
Diário da Manhã
Publicado em 13 de janeiro de 2018 às 21:51 | Atualizado há 7 anosOs hospitais são caracterizados por serem estabelecimentos que prestam serviços de saúde com técnica apropriada para o atendimento a população, porém vão além disso, visto que administrar de maneira eficiente a capacidade e a demanda, bem como os resultados e a qualidade, e, ainda, estabelecendo processos que possam garantir a segurança do paciente, são desafios inerentes a essa atividade.
Fatalmente, em todo o país, percebemos por meio da mídia que a falta de vagas de internação para atender a população é um problema recorrente. Um dos caminhos possíveis para resolver essa situação é a melhoria dos fluxos intrahospitalares, ou seja, tornar o processo eficiente trabalhando a gestão de fluxo de pacientes. Isso acontece através do giro de leitos, que consiste em melhorar os serviços de saúde buscando adaptar, de maneira assertiva, a relação entre capacidade instalada e a demanda, assegurando a qualidade nos procedimentos e a segurança do paciente, segundo o Institute for Healthcare Improvement.
Para isso é necessário utilizar métodos e ferramentas, tais como a Metodologia Lean, que é utilizada em indústrias com o objetivo de otimizar processos internos. É uma filosofia de “processos enxutos” que tem apresentado grandes resultados nos serviços de saúde diante da aplicação de suas técnicas, visando melhoria no cuidado ao paciente, com os recursos adequados e envolvendo toda equipe, ao desenvolver plenamente suas habilidades.
Como exemplo, temos a aplicação das ferramentas Lean na otimização do processo giro de leitos. Observa-se que o processo de alta é uma das ações mais importantes a serem executadas, visto seu impacto direto nesse giro, que, na maioria dos casos, acaba determinando uma perda da eficiência hospitalar envolvendo alguns fatores, como tempo da equipe de enfermagem e multidisciplinar, falta de previsão de alta, alta fora do horário previsto e demora na chegada da família.
É imprescindível criar estratégias que otimizem essa alta, como instituir a definição do plano terapêutico para esse paciente logo após a sua admissão, permitindo assim uma melhor organização das equipes de enfermagem e multiprofissional voltadas para conclusão do atendimento e intensificação da desospitalização. Também destacamos a relevância de mapear todo o processo de giro de leitos, possibilitando, assim, elaborar um plano de ação para reduzir o tempo gasto na realização deste processo.
O monitoramento diário é crucial para analisar as variabilidades do processo e sua eficiência, baseado na verificação contínua de internações e altas, gestão de transferências internas, acompanhamento da taxa de ocupação e média de permanência, controle de giro de leitos, controle do tempo de espera para ocupação do leito e controle no processo de regulação de vagas.
Toda unidade de saúde que tem como meta prestar uma assistência resolutiva deve possuir um giro de leitos eficiente, adequando capacidade com demanda.
(Virgínia Pereira, supervisora de Enfermagem das Internações do Hugol)