Opinião

GO-225: Agetop destaca Eunício Oliveira e omite José J. Veiga

Diário da Manhã

Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 21:13 | Atualizado há 7 anos

Há três se­ma­nas, em ma­té­ria cur­ta e ob­je­ti­va, con­tei nas pá­gi­nas des­te Di­á­rio da Ma­nhã da mi­nha su­ges­tão, aco­lhi­da pe­lo sa­u­do­so de­pu­ta­do Pro­fes­sor Lu­ci­a­no, de no­me­ar o tre­cho pa­vi­men­ta­do da GO-225 (Pi­re­nó­po­lis – Co­rum­bá de Go­i­ás) co­mo Ro­do­via Es­ta­du­al Es­cri­tor Jo­sé J. Vei­ga. A pro­pos­ta vi­rou lei, ou se­ja, foi apro­va­da pe­la As­sem­bleia Le­gis­la­ti­va e san­ci­o­na­da pe­lo go­ver­na­dor, em de­zem­bro de 1998, pou­cos di­as an­tes da pos­se de Mar­co­ni Pe­ril­lo pa­ra seu pri­mei­ro man­da­to.

Em 2010, dei por fal­ta das pla­cas em que apa­re­cia o no­me do ho­me­na­ge­a­do. Co­brei is­so da Agên­cia Go­i­a­na de Tran­spor­tes e Obras Pú­bli­cas (Age­top), que não me aten­deu. Aguar­dei a mu­dan­ça de go­ver­no, com o re­tor­no do go­ver­na­dor Mar­co­ni Pe­ril­lo, mas o ti­tu­lar da Agên­cia de Obras, sr. Jayme Rin­cón, bem ig­no­ran­do so­le­ne­men­te meus pe­di­dos. Não nos co­nhe­ce­mos, nun­ca ti­ve um con­ta­to di­re­to com ele, mas va­li-me de in­ter­me­di­á­rios im­por­tan­tes (mem­bros do atu­al go­ver­no) que o pre­si­den­te da ci­ta­da Agên­cia re­jei­to, tam­bém.

Co­le­gas jor­na­lis­tas pu­bli­ca­ram mi­nhas sú­pli­cas ao en­ge­nhei­ro Jayme Rin­cón – de­bal­de! E a mi­nha co­bran­ça mais re­cen­te te­ve cha­ma­da de ca­pa no DM – mas o que ve­jo co­mo re­a­ção foi uma no­tí­cia pu­bli­ca­da em O Po­pu­lar – o ou­tro tre­cho da GO-225 – de Co­rum­bá de Go­i­ás a Alex­ân­ia – le­va o no­me do pre­si­den­te do Se­na­do, Eu­ní­cio Oli­vei­ra, que é pro­pri­e­tá­rio de uma fa­zen­da à mar­gem da ro­do­via em ques­tão. E o no­me do se­na­dor, que é in­ves­ti­ga­do pe­la Jus­ti­ça por mal­fei­tos na vi­da pú­bli­ca, es­tá so­le­ne­men­te en­tro­ni­za­do nas pla­cas.

Ou se­ja, o sr. Jayme Rin­cón dei­xa cla­ro sua pre­fe­rên­cia por um po­lí­ti­co po­de­ro­so em tro­ca de cum­prir o que de­ter­mi­na uma lei es­ta­du­al e ho­me­na­geia o re­pre­sen­tan­te de ou­tra uni­da­de fe­de­ra­ti­va. Mas o es­cri­tor go­i­a­no que le­vou o no­me de nos­so Es­ta­do a mais de 40 paí­ses de pe­lo me­nos 17 idio­mas é omi­ti­do, ig­no­ra­do e lan­ça­do na va­la dos co­muns.

Le­va­rei, nos pró­xi­mos di­as, es­ta in­qui­e­ta­ção ao seio das prin­ci­pa­is en­ti­da­des cul­tu­ra­is de Go­i­ás, co­mo a Aca­de­mia Go­i­a­na de Le­tras, a Uni­ão Bra­si­lei­ra de Es­cri­to­res, a As­so­cia­ção Go­i­a­na de Im­pren­sa e ao Ins­ti­tu­to His­tó­ri­co e Ge­o­grá­fi­co de Go­i­ás.

Um ser­vi­dor pú­bli­co, ain­da que na so­le­ni­da­de de uma pre­si­dên­cia, de­ve res­pei­to às leis e sa­tis­fa­ções ao po­vo. Um ar­tis­ta con­sa­gra­do e di­vul­ga­do, co­mo o foi Jo­sé J. Vei­ga, é um sím­bo­lo in­to­cá­vel de nos­sa his­tó­ria, de nos­sa iden­ti­da­de, de nos­sa ci­da­da­nia. O po­der mo­men­tâ­neo é ra­pi­da­men­te ol­vi­dá­vel, mas as mar­cas das ar­tes, não. Quem era a gran­de au­to­ri­da­de das obras pú­bli­cas em Lon­dres nos anos de vi­vên­cia de Wil­li­am Shakes­pe­a­re, na­que­le dis­tan­te Sé­cu­lo XVI? O no­me de Da Vin­ci e Mi­che­lan­ge­lo eco­am mui­to mais atra­vés dos sé­cu­los do que o do Pa­pa que en­co­men­dou a es­te úl­ti­mo os afres­cos da Ca­pe­la Sis­ti­na.

Ou se­ja, Jo­sé J. Vei­ga vai mui­to além de Eu­ní­cio Lo­pes de Oli­vei­ra, ca­rís­si­mo Jayme Rin­cón! E fi­na­li­zo com o mes­mo pa­rá­gra­fo der­ra­dei­ro com que en­cer­rei a ma­té­ria aqui pu­bli­ca­da em 20 de ja­nei­ro úl­ti­mo:

“Bem! Res­ta-me im­plo­rar uma vez mais ao go­ver­na­dor Mar­co­ni Pe­ril­lo que de­ter­mi­ne a re­po­si­ção des­sas pla­cas. O ho­me­na­ge­a­do dei­xou seu no­me for­te­men­te mar­ca­do em nos­sa his­tó­ria e re­cu­so-me a acei­tar o des­ca­so do Sr. Jayme Rin­cón”.

 

(Lu­iz de Aqui­no, jor­na­lis­ta e es­cri­tor, mem­bro da Aca­de­mia Go­i­a­na de Le­tras)


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