Goiás X feminicídio
Diário da Manhã
Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 00:56 | Atualizado há 7 anos
A violência contra mulheres e meninas é um grande gargalo que acomete nosso estado, sobretudo em sua forma extrema, o feminicídio, que é o assassinato de uma mulher por sua condição de gênero, motivado pelo ódio, desprezo, sentimento de perda e de controle sobre o sexo feminino. A CPI da Violência Contra a Mulher, afirma que o feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem, o controle da vida sobre a morte.
Infelizmente Goiás não é um lugar seguro para sermos mulheres. Hoje corremos o risco de sermos mortas apenas por decidirmos terminar um relacionamento abusivo, por frustrar alguma expectativa ou recusar um pedido de namoro, como aconteceu com a menina Raphaella Noviski, brutalmente assassinada em Alexânia.
A lei do feminicídio transforma assassinatos covardes em crimes hediondos, com penas rigorosas, sem dúvida é uma grande conquista, punindo com rigor e dando visibilidade à esta violência cruel e velada.
Como Delegada e agora deputada, tenho como prioridade o combate à violência contra mulheres, crianças e adolescentes. Na Polícia Civil, fui responsável pela Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) por quase 10 anos e no parlamento apresentei projetos voltados à prevenção da violência contra a mulher, como: o projeto que reserva vagas de empregos para mulheres vítimas de violência doméstica; criação da Campanha de combate ao machismo na rede estadual de ensino e instituir o dia 6 de novembro, data do assassinato de Raphaella, como o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio.
Precisamos urgentemente de medidas efetivas para fortalecer e melhorar as ferramentas de combate à violência contra a mulher, como estrutura adequada nas Delegacias da Mulher e aumento no efetivo de policiais; ampliação nos juizados especializados em atendimento à mulher, garantindo a atuação rápida na proteção das vítimas; abrigos para mulheres ameaçadas e seus filhos; Centros de Referência para acolhimento das vítimas, e encaminhamentos médicos, psicológicos e jurídicos.
Tais medidas não adiantam senão investirmos na prevenção, através de ações que transformem a cultura machista que perpassa a criação recebida por nós goianos e goianas, que sem dúvida é a real motivação para a violência contra as mulheres e meninas.
É preciso nos unir como sociedade, para juntos encontrarmos os caminhos de um Estado seguro para mulheres, meninos e meninas, para todas e todos!
(Adriana Accorsi, delegada de polícia, deputada estadual (PT) e presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores)