Gregos e… troianos!
Redação
Publicado em 24 de julho de 2015 às 23:46 | Atualizado há 10 anos
Conhecemos o “provérbio” popular: é impossível agradar gregos e troianos.
E podemos lembrar o “presente de grego” da histórica vitória dos helenos sobre a poderosa “troia” dos tempos antigos.
Hoje, ou seja, 2015, século vinte e um, a batalha da Grécia, no mundo globalizado, no interior da “Euro zona” chamada idealmente de comunidade europeia é muito mais difícil e destruidora.
O que está em “jogo” ou melhor em “guerra” são milhões de seres humanos, um País inteiro que deve pagar uma dívida, praticamente impagável, que vai “matar” muitíssimos gregos de fome, com aposentadorias baixíssimas, impostos e taxas cada vez maiores, alto nível de desemprego, etc.
É óbvio que a situação é muito complexa e não cabe a mim uma análise detalhada desta verdadeira “tragédia grega” que não é um teatro a ser apreciado na acrópole, nas arenas ou aerópagos desta nação que deu origem à “democracia” às olimpíadas e creio está enviando uma “nova’ mensagem ao nosso mundo.
Vivemos sob o domínio do Capitalismo, com muitos aspectos positivos. Seria impensável um mundo sem uso do dinheiro, sem os bancos e instituições que procuram fomentar o desenvolvimento material, econômico e social do mundo.
O avanço tecnológico, a competição são necessários e na medida certa valiosos.
Mas, por outro lado, não podemos esquecer a nossa responsabilidade com o planeta terra-água e especialmente o imperativo ético que nos “obriga” a cuidar de todos os seres humanos.
É um imenso paradoxo, uma “injustiça” que clama aos céus, termos ainda milhões de pessoas morrendo de fome, sem casa, escola, saúde.
Volto ao adágio popular; É praticamente impossível agradar “gregos e troianos”. Se valorizarmos excessivamente o Capital, neste mundo já altamente “monetarizado” em que as dívidas de pessoas, nações só tendem a crescer, com reformas que “sacrificam” demasiadamente povos e nações, veremos aumentar ainda mais guerras, revoluções, fome e destruição do nosso planeta já ameaçado.
A Grécia está nos alertando que será necessário buscar caminhos novos na condução econômica e financeira do mundo, iniciando pela Europa. A solidariedade entre povos e nações, com mais justiça social, com os sacrifícios e reformas necessárias, mas não exagerados, especialmente para os mais pobres.
Em termos simples, sem entrarmos na complexidade da questão, é necessário mecanismos e instituições que saibam “conciliar” de maneira criativa e a mais justa possível, o Capital e o trabalho, o progresso e desenvolvimento com o cuidado para com todos os seres humanos, membros da mesma e única Família. Ou seja fazer de tudo para “agradar” o mais possível a Gregos e Troianos. E que ninguém tenha que ser derrotado “por um presente de Grego” do século vinte e um. Viva a Grécia, viva a Europa, viva o mundo globalizado nos mercados, mas também na solidariedade.
(Pe. João de Bona Filho, pároco da Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística)