Há 44 anos um jovem mascate chega a Goiânia com sua malinha…
Diário da Manhã
Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 21:59 | Atualizado há 7 anos
Hoje 30 de janeiro – faz 44 anos que aqui cheguei vindo de Goiás Velho – ou melhor da Cidade de Goiás, para tentar a vida em Goiânia.
Tinha 16 anos incompletos – a bordo de duas pequenas malinhas simples – em busca do meu destino…
Foi um começo bastante difícil. Morei uns tempos – seis meses – em casa de um tio paterno.
Depois no extinto Hotel Triangulo – onde dividia quatro com mais quatro jovens.
Um deles – com quem mais me afinei – pela persistência, luta e humildade – foi Francisco Lecones Oliveira – de Itapaci – que fez seus estudos secundários no antigo Complexo – com aulas alternadas na Escola Técnica, Lyceu de Goiânia e Colu – no Setor Universitário.
Com grande brilhantismo – sendo sempre um dos primeiros da turma…
Eu fui estudar no Carlos Chagas – o maior must da época – todo mundo que era alguém do “high” de Goiânia lá estava:
Mayra Caiado Paranhos – sobrinha e afilhada do Governador Leonino Caiado – a sempre bela Elaine Caiado Rocha Liima Spenzieri – Emília Augusta Fleury Curado de Abreu, Maria Luiza Povoa Cruz, Silvana de Araújo Moreira, Lívia Naciff Ximenes e Sara Naciff Lobo, a sempre linda Fátima Sampaio – irmã do Maurício idem. Fernando Cupertino – sempre brilhante e erudito. Maurício Frota, Humberto Tannús Junior, Paulo Tadeu Bittencourt – filho do Vice Governador, de então.
A sala 101 – onde estudava – pegava fogo…
Era a mais agitada e famosa do colégio…
Pouco estudo e muita euforia de adolescentes em flor…
Marquinhos Lauar, Pupo Roma, Ronaldo Miguel, Osvaldo Benelli, Roberto Rassi, Ogierzinho Lobo, José Humberto Amorim Camelo.
E as saltitantes e muito especias Cleonice Ramos Pacheco (natural de Itumbiara) e Graca Michel, cujo pai era dono da Transistel – eram com quem eu mais afinava.
Aprontávamos como um trio rebelde e meio louco de meados dos anos 70 – sem drogas e álcool – please.
Depois veio juntar-se a nós – no ano seguinte – segunda irmã da Gracinha.
Fátima Menezes Resende – linda, alta – divertida.
Éramos que nem chiclete – não desgrudávamos um do outro. Dois altos e magrelos. Pensavam que fôssemos namorados – mas não passávamos de irmãos siameses de tão próximos.
Lembro que uma vez fui almoçar em casa delas na Fama – a comida era um pouco insuficiente para o apetite voraz dos adolescentes de então – eu principalmente – glutão de primeira.
Hora que chegou a vez de repetir – a sempre divertida Fátima – disse em alto e bom som com toda propriedade:
– “Zé Maria – reduzido – please???”
Para quê? Foi tempo de correr ao banheiro e cuspir no vaso tudo que já estava em minha boca – para depois gritar e chorar de tanto rir…
Éramos assim puro e felizes! Ninguém avançava o sinal em nada.
Tudo muito respeitoso e ciente dos deveres morais de bons cidadãos.
Dormir em casa da namorada???
Jamais em tempo algum…
Falar nisso certa vez – há uns 10 anos – um dos três netos da minha rigorosa e super amável mãe – queria levar a namorada para dormir em sua casa – na Cidade de Goiás – onde reside até hoje, aos 99 anos.
Mammys sempre categórica saiu-se com essa:
– Meu filho eu não posso aceitar isso – pois esta casa não é só minha. É também de sua mãe e do seu tio.
Foi o bastante para o sobrinho transgressor por a viola no saco e cantar em outra freguesia…
Pois nunca mais ousou fazer um pedido dessa categoria à conservadora e lúcida avó.
O mundo deu volta…
Aos 18 anos recém completados entrei para o serviço público estadual – como uma espécie de office boy – da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – Sema – hoje Secima.
Fiquei ali 41 anos ininterruptos.
Em seguida – com 20 anos fui ser colunista social mesmo antes de entrar para a Faculdade de Relações Públicas e Jornalismo da Universidade Federal de Goiás.
Pouco tempo depois cai nas graças da inesquecível Maria José, de “O Popular” – a grande diva do colunismo da época – em Goiânia.
Era literalmente apoiada pelo seus emblemáticos patrões Célia e Jaime Câmara.
Uma espécie de Stella Goulart e Roberto Marinho – do Centro-Oeste.
Não houve em Goiás – casal mais importante do que os adoráveis – Célia e Jaime Câmara.
Ela inovadora no comércio e nas artes em Goiás.
Ele aquele coração grande que só este bravo Senhor do Rio Grande Norte teria – conquistando toda a região com sua natural simpatia e presteza.
Maria José bem dizer me adotou – pois ela e seus pais são naturais da Cidade de Goiás – e super ligados à família do meu pai.
Daí à amizade super carinhosa de mãe para filho – para o ciúme doentio de muita gente – vamos dizer assim…
Nesse ínterim em 1984 – fui convidado para ser representante regional da “Paul Nathan” – a mais luxosa gráfica do Brasil em impressos de luxo e alto relêvo – com sede no Rio de Janeiro – onde fiquei 34 anos – fazendo também o papel de Relações Públicas informal – para oxigenar a marca – juntamente com o Senhor Geraldo Zimmt – diretor comercial e enteado do muito sofisticado e elegante Senhor Nathan – de muito saudosa memória.
E para finalizar…
Há 20 anos pus na cabeça de colecionar antiguidades e artes decorativas para completar a decoração do meu pequeno apartamento de então.
Esse hobby virou desenfreada paixão – quando me tornei literalmente um mascate – para equilibrar o orçamento – honrando as origens milenares de libanês em busca seu sustento e realização…
Coisas da vida – meus caros!!!
(Jota Mape, jornalista)