Hipnose e cristianismo
Diário da Manhã
Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 22:32 | Atualizado há 7 anos
A hipnose é tão real quanto o cristianismo. Enquanto cristianismo é a maior religião do país, a hipnose uma ciência embora antiga, hoje vive seu apogeu. Tem seus ensinos sistematizados, simples e práticos que em muito pode somar aos que lutam para viver uma vida cristã integra.
A hipnose já comprovada pela Neurociência e aceita pelo Conselho Federal de Medicina, Conselho de Odontologia. Dessa forma, é o suficiente para esquecer os pejorativos. Em suas aplicações terapêuticas é sem precedentes para um maior controle emocional, podendo assim ajudar em questões delicadas como as declaradas por Apostolo São Paulo, em sua Carta aos Romanos: “Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.”
Ao longo do tempo estudando e trabalhando com hipnose, percebo certa apatia por partes dos cristãos. Ao mesmo tempo em que são altamente influenciados por lideres que conscientes ou inconscientes praticam e utilizam da hipnose em seus atos litúrgicos.
O hipnoterapeuta se depara sempre com religiosos extremistas, ou moderados que não conseguem aceitar, sequer ouvir explicações da capacidade de ajuda que a hipnose oferece. Repetindo a história da Idade das Trevas (Alguns historiadores usaram esta expressão. De que a Idade Média foi uma época com pouco desenvolvimento, pois a cultura e ciência foram controladas pela Igreja).
De acordo com os registros históricos nada de “novo” poderia surgir fora das portas da Igreja. Entre abrirem seus ouvidos a uma novidade cientifica preferiam queimar na fogueira quem trazia qualquer “heresia”, segundo eles.
Estes, na maioria cristãos, preocupam-se em estar pecando, em estar se afastando de Deus, em estar se envolvendo com ocultismo, bruxaria, algo diretamente do demônio. Tem medo de terem seus nomes apagados do Livro da Vida, ou perderem para sempre a salvação ao sujeitarem-se à hipnose.
Os cristãos podem e devem praticar o hipnotismo. O cristão pode se tratar com hipnoterapia. Os cristãos podem e devem se entender e se conhecer melhor, podem se aprofundar no assunto e tirarem suas próprias conclusões, excluindo qualquer ideia preconcebida.
Dentre os que mandam a hipnose para fogueira, sempre se fazem valer do texto de Deuteronômio 18:10-12 “Não permitam que se ache alguém entre vocês que pratique adivinhação, ou dedique-se à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria…” O livro de Deuteronômio é o último livro do Pentateuco, do grego, “os cinco rolos”, é composto pelos cinco primeiros livros da Bíblia. Entre os judeus é chamado de Torá, uma palavra da língua hebraica com significado associado ao ensinamento, instrução, ou literalmente Lei.
O texto a cima diz respeito às práticas religiosas que poderiam afastar os hebreus dos ensinamentos do Livro das Leis. O que aportando aos dias atuais seriam palavras bem claras sobre falsas religiões que surgem a afastar pessoas das Escrituras Sagradas. “Não ofereçam os seus filhos em sacrifício, queimando-os no altar. Não deixem que no meio de vós haja adivinhos, feiticeiros, nem quem faz despachos, nem os que invocam os espíritos dos mortos…”
Não tem nada a ver com Hipnose. A Hipnose é algo natural do ser humano. Em outras palavras, a hipnose é só uma ferramenta à potencializar nossa mente a usar os atributos concedidos por Deus. Usando de uma ciência que o próprio Deus capacitou o homem para cuidar de si próprio, e auxiliar seu próximo. Hipnose é só uma ferramenta que o Senhor nos forneceu dentre tantas outras.
É tão natural passar pelo processo hipnótico que, sabendo ou não, aceitando ou não, todos passam por Hipnose no mínimo 5 vezes ao dia, todos os dias de sua vida! A Hipnose é pura e simplesmente um processo de atenção concentrada, independente do motivo, coisa, objeto, ou circunstância. O processo de profunda concentração de foco absoluto em algo é hipnose.
O hipnotista é apenas o condutor, o orientador que auxilia neste estado de profunda concentração em busca da verdade de si mesmo – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertara” (Jesus Cristo, Evangelho de São João).
Como a hipnose tem libertado pessoas sem jamais interferir na fé, no senso de justiça e equidade, sem invadir sua consciência, pelo contrário, deixando intactos seus conceitos éticos e morais. E digo ainda, o fato da pessoa crer em Deus Pai, criador dos céus e da terra, em Jesus Cristo seu único filho, no Espírito Santo o consolador, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição, na vida eterna – Isto contribui muito no sucesso da terapia por meio da hipnose.
Saliento aqui a necessidade de procurar sempre um bom profissional. Como qualquer outra ciência seu aprendizado está disponível a qualquer boa pessoa, aos perversos, mercenários, pessoas de má índole. Nada diferente de um ginecologista, um delegado, um psicólogo ou um advogado. O perverso existe em todas as áreas.
Quantas pessoas fazem mal uso, usam para benefícios próprios, fazem uma má interpretação da Bíblia? Só porque pessoas fazem esse tipo de utilização da Bíblia, Ela deixa de ser a Palavra de Deus? Claro que não! Só porque esses indivíduos a utilizam para outros fins devemos condenar a Bíblia? Espero que todos os cristãos também respondam não, assim como eu.
O generalizar é para os pobres de espírito. Generalizar é para preguiçosos que não querem pensar, não querem estudar, não querem aprender – “Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (São Paulo Apostolo, em sua carta a Timóteo).
Hipnose é uma ferramenta qual Deus nos agraciou, e como toda ferramenta, existe uma forma correta de utilizá-la. Se a ferramenta é utilizada de forma incorreta, não é ela quem deve ser criticada pela consequência de sua má utilização. Como todas as áreas, a hipnose deve ser estudada com afinco, se dedicando ao aprimoramento e atuando com ética e moral ao bem dos que dela precisam.
(Marcelo Lopes, escritor, comendador, sociólogo, hipnoterapeuta, membro da União Brasileira dos Escritores (UBE/GO))