Homens que se parecem com homens
Redação DM
Publicado em 24 de setembro de 2018 às 23:05 | Atualizado há 7 anos
Quando a psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen resolveu dividir o seu tempo em atender em seu consultório, em Paris, na França, e a escrever os livros: Mal Estar no Trabalho, Redefinindo o Assédio Moral e Violência no Casal, sobre comportamentos, o objetivo era: acender o farol na proa, iluminar! É como se alguém estivesse perdido em uma densa floresta e necessitasse de ajuda para abrir uma clareira para resgatá-lo, a uma saída. É exatamente o que Marie-France propõe nos seus livros. Mostrar um caminho onde a mulher possa identificar ainda precoce, no seu companheiro, o que ela chama de homem-ventosa: aquele que gradativamente destrói a sua autoestima, suga, faz ironias, questiona suas habilidades e da sua família. Aterroriza a mulher de forma tão covarde que ela vai perdendo a sua própria identidade e para a sua total nulidade, é uma questão de tempo. Em muitos casos o desmoronamento é sem volta!
Em qualquer relacionamento é importante frisar que a imposição é inaceitável de ambas as partes. A interrupção de denegrir com palavras insidiosas e constrangimentos de toda ordem deve ser feita no início da relação. Caso contrário, os conflitos serão inevitáveis ao longo da convivência e, às vezes, com desfechos trágicos. O diálogo é o único caminho capaz de manter uma relação harmoniosa; ele é o ponto de equilíbrio, inclusive, em possíveis conflitos. Em casos aparentemente insolúveis não resta alternativa, se não, a ruptura pura e simples, para que ambos busquem novos horizontes valorizando a vida. Ninguém deve viver em sacrifício de outro; se esse alguém está sempre do lado oposto de amar e de ser amado!
É bem oportuno lembrar a tragédia ocorrida com a brasileira Maria da Penha Fernandes, que ao sofrer duas tentativas de assassinatos, por parte do seu “companheiro”, em 1983, e ter ficado com graves sequelas (paraplégica), ainda teve de esperar por 18 anos, e contar com a intervenção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA – Organização dos Estados Americanos; para que, finalmente, o seu agressor fosse penalizado. Hoje, a lei 11.340/2006, que leva o seu próprio nome Maria da Penha, é o símbolo da luta contra todos os agressores de mulheres. Homens não batem e nem matam mulheres. Homens respeitam. Homens, mesmo em momentos difíceis com a sua companheira encontram soluções que atenuam aquele conflito. Agora; aqueles que causam danos irreparáveis na sua companheira, seja física ou psicologicamente; esses se parecem com homens e não merecem comentários. “Uma em cada três mulheres podem sofrer de abuso e violência em sua vida. Esta é uma terrível violação dos direitos humanos, no entanto, continua sendo uma das invisíveis e reconhecidas pandemias de nosso tempo”. Nicole Kidman – atriz australiana.
A cumplicidade de um casal é fundamentada no amor. Somente o amor constrói alianças duradouras. É somente amando que edificamos as nossas proles sinalizando futuras gerações saudáveis e livres de qualquer tipo de violência. A relação é baseada em doar-se ao outro, em ser o outro, mas, sem deixar de ser você. São caminhos promissores para constituição de uma família. A amizade é o ponto de concordância; assim como os rios que necessitam de seus afluentes para sobreviver e alimentar os oceanos.
A mulher é um ser dotado de inteligência tanto quanto o homem, portanto, apta a ocupar os mesmos espaços. Provendo, educando e atuando nas mais diversas áreas. Pensa, logo fala. Tem liberdade de expressão ao culto e é o eixo perfeito ao lado de um homem na construção de laços de família.
Por todos os caminhos onde haja algum vestígio da presença humana, lá estará a mulher. Não somente no papel imprescindível de gerar vida, mas, parte inseparável na formação de uma pequena comunidade, ou, ainda, inserida no vasto mosaico de culturas de uma grande metrópole compartilhando e contribuindo para o bem comum.
Mulher. Ela é realizadora. Combatente. Trabalhadora e indispensável no seio familiar, independentemente de sua tendência religiosa, raça ou lugar. Ela é universal!
(Brasilmar do Nascimento Araújo, articulista e poeta brasilmar_paricarana@hotmail.com)