Opinião

Hospital psiquiátrico não é manicômio

Redação DM

Publicado em 12 de agosto de 2016 às 02:33 | Atualizado há 9 anos

De cada 10 pacientes que recebemos em nosso hospital psiquiátrico, hospital onde sou diretor médico,  8 dizem que “tinham horror a manicômios”, via mídia, via novelas, via manifestações anti-psiquiátricas, via comentários de psicólogos antimanicomiais, movimentos anti-médicos,  filmes no cinema (“Bicho de Sete Cabeças”),  etc. Eu lhe pergunto : por que, NUNCA, as Entidades Médicas, AMB, CFM, Fenam, Assoc.Bras.Psiquiatria, fizeram uma campanha do tipo :

“HOSPITAL PSIQUIÁTRICO NÃO É MANICÔMIO”? Como se pode ver pela foto anexa  , posso ceder nosso hospital como “garoto-propaganda” de um hospital que não é manicomio , sem cobrar cachê,  e sem precisar divulgar seu nome .

O hospital psiquiátrico filantrópico que eu dirijo, fotos abaixo, é chamado pelo Governo, por psicólogos anti-psiquiátricos, por jornalistas esquerdistas, por parcelas do Judiciário/Ministério Público, pelo Ministério da Saúde, etc, como MANICÔMIO. No entanto, este “manicômio”, acaba de receber Acreditação CLASSE A da Associação Goiana de Hospitais. Já me disseram que, pelo menos quanto à hotelaria,  está entre  os melhores hospitais psiquiátrico do Brasil, não só do  SUS, mas mesmo dos particulares (para não ser cabotino , estou aberto a contraditórios quanto a isso) . Mas , apesar de tudo, as políticas do Governo continuam querendo fechá-lo, alegando que é “segregador”, “anulador de liberdades”, “violento”, enfim, um MANICÔMIO.

Um hospital psiquiátrico nada mais é do que um hospital que atende doentes com problemas mentais que tenham repercussão mental/comportamental. Como hospital de qualquer especialidade médica, visa apenas diagnosticar, fazer exames, tratar, casos graves ou complexos. Nada além disso. Não é cárcere, não é “fazendinha de recuperação”, não é “corregedor de moral, de caráter e de atitudes”, não é presídio, não é manicômio. Como qualquer hospital, tem enfermeiros, farmaceuticos, nutricionistas, as. sociais,psicopedagogos, médicos, laboratórios, centros de imagem, neurofisiológicos, etc. Não é diferente de um hospital comum, inclusive atendendo doenças corporais que têm repercussão mental e também repercussões físicas de problemas psicopatológicos . Pacientes ficam com acompanhantes, deambulam livremente, quando conseguem, tem liberdade para irem onde quiserem. Não se fuma, não se bebe, não se usa droga, pelo contrário, trata-se desses problemas. Por que não há nada de errado com um hospital para doenças do coração, e há tanta coisa errada para um hospital de doenças do cérebro?

 

(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra)

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