Humanização hospitalar: de humanos para humanos
Diário da Manhã
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 00:01 | Atualizado há 7 anos
A internação em um hospital de urgências, na maioria das vezes, ocorre como uma brusca ruptura na vida da pessoa, principalmente quando decorre de um acidente – é como se a pessoa fosse lançada sem aviso prévio a uma realidade completamente diferente de sua rotina diária. Os compromissos, os horários a cumprir e os planos para o fim de semana dão lugar a um ambiente desconhecido, procedimentos invasivos, dores, medos e angústias.
Nesse contexto, o presente mostra-se congelado e o futuro vazio diante de si. Essa descontinuidade da história de vida poderá lançar o paciente e seus familiares a um desespero e angústia adoecedores, dificultando ainda mais a recuperação do paciente. Considerando tal circunstância, tem-se investido cada vez mais em políticas e ações de humanização nos ambientes hospitalares. Essa assistência visa o atendimento integral do conjunto paciente e família de forma acolhedora aos seus sofrimentos.
Lançar um olhar e uma escuta empáticos ao sofrimento apresentado e buscar caminhar lado a lado com o paciente representa o que de mais humano pode ser resgatado em meio à dor. Ao se falar em humanização, diz-se do resgate da essência calorosa, segura e afetuosa que buscamos desde quando viemos ao mundo, porém, inúmeras vezes escondida embaixo da roupa do tecnicismo científico com que nós, profissionais de saúde, nos vestimos para exercer nossas atividades.
Assim, ações de humanização são ações de humanos para humanos – simples assim! O que faz valer é o encontro do profissional de saúde que, antes de tudo, é uma pessoa suscetível às mesmas adversidades daquele ao qual presta atendimento, porém, no momento em questão, apresenta-se com maiores recursos emocionais, psicológicos, técnicos e teóricos para dar suporte àquele em sofrimento pela enfermidade. A regra, então, é estar genuinamente disponível ao outro e a palavra-chave é empatia. Para além das práticas no ambiente hospitalar, que isso extrapole para as demais relações entre humanos.
(Pollyane Lisita, residente em Psicologia no Hugol)