Opinião

In(tolerância) religiosa? A Ética da Tolerância se faz tão necessária quanto o pão nosso de cada dia

Redação

Publicado em 3 de julho de 2015 às 02:10 | Atualizado há 10 anos

 

Basta! Não temos que assistir nos noticiários diários o retorno de práticas antigas de perseguições religiosas às pessoas inocentes como se fôssemos  omissos ou achássemos  que são fatos Isolados (Não, não são).

Se olharmos nos anais da história veremos que estes acontecimentos começaram de pequenos fatos em si,mas, com o tempo,  tornaram-se de proporções épicas.

O Brasil é um país laico (adjetivo substantivo masculino – Que ou aquele que é hostil à influência, ao controle da Igreja e do clero sobre a vida intelectual e moral, sobre as instituições e os serviços públicos) e, nossa constituição no seu no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

Não condeno a espiritualidade de ninguém, mas, o que vemos no dia a dia são pessoas que vão além de suas crenças religiosas, buscando levar suas tendências aos sentimentos mais bárbaros com intolerância e atitudes profanas das coisas sagradas. O direito em expressar sentimentos e seguir sua religião independe da aceitação dos outros, como também, não requer aprovação legítima da sociedade em geral, esta intolerância religiosa descreve nossas atitudes mentais caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar no próximo suas diferenças ou crença religiosa.

A intolerância religiosa contínua nos levará a criar uma sociedade, na qual, a falta de um encontro harmonioso entre as pessoas para discussões com relação ao seu culto e a diversidade destes, (chegará um ponto que deverão serem discutidos em contratos de tolerância ou consenso). O consenso, neste caso, germinará uma tolerância em sua dimensão relacional,pois, em qualquer democracia ou um esboço de democracia,funciona como um aparato de legitimação de procedimentos. É organizadora e sistematizadora as relações sociais, mas nunca irá tomar o lugar do singular reconhecimento da diferença, e porque não do acolhimento? Não creio que este consenso aqui proposto seja uma espécie de fantasia inatingível, ou seja, atingido de forma reduzida, pois, o que se percebe no campo das relações humanas, é que são regras sociais e não regras discursivas.

Nossos direitos humanos e sua concepção de sujeito-mônada é a definição de liberdade prevista no artigo 4º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão: “A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudique a outrem: em consequência o exercício dos direitos naturais de cada homem só tem por limite os que assegurem aos demais membros da sociedade a fruição desses mesmos direitos.” (tais limites só podem ser determinados pela lei).

Ser tolerante requer de nós um aprendizado e, vem de encontro com o que nossos pais nos ensinaram ou nos ensinam atualmente. Entretanto, pelo enfoque que nos move, a ideia de ser tolerante pressupõe um distanciamento e uma barreira cultural que nos impede de ter um contato entre as diferentes identidades e culturas, não nos permitindo uma abertura a uma nova experiência, acolhimento um pelo outro, adentrando neste novo território que nos mostra uma nova forma de interagir com a humanidade. O resgate da ética da tolerância passa por um processo lento, disciplinar, e requer abrir mão da nossa própria vontade de achar que nossa religião ou “deus” é superior ou melhor em alguns aspectos.

Portanto, quando tolero alguém, tenho a última palavra e decido se sou clemente ou não com a diferença que me traz desconforto. Somos como um juiz no tribunal das relações. Ao tolerarmos o outro assumimos um patamar de hierarquia, sentimos como senhores da razão e modelo à ser seguido de nossas representações cognitivas, ou seja, destruímos nosso “encontro”.

Queridos leitores, faz-se mister e urgente reaprendermos a “Ética da Tolerância”; que se traduz em pensarmos um novo conceito de multiplicidade e aceitação das diferenças, um  renunciar ou abandonar das pretensões egoístas de nossa religiosidade assassina, uma nova hospitalidade que nos leve a um novo ponto de partida. Esta tolerância reinvindica e representa uma renúncia (incondicional e ilimitada) e que recomece novamente nos lares, ensinando o respeito aos  considerados “estrangeiros” em nosso caminho. Depende de nós sermos hospitaleiros!

 

(Cezar Tadeu S.Veiga – Especialista Andragógico em Gestão de Pessoas. Pós-graduado em Docência Universitária.E-mail: [email protected], sitel: www.formador.com.br.)

 

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