Iris, mago da administração pública
Redação DM
Publicado em 18 de novembro de 2021 às 13:24 | Atualizado há 4 anos
Iris foi um ser humano dotado de uma profunda vocação política, dentro daquilo que foi preconizado pelo grande sociólogo alemão Max Weber como essenciais: paixão pela causa pública, sentido de responsabilidade e capacidade de avaliação. Alia-se ainda o fato de ter sido portador de um natural e raríssimo talento de saber eleger com sabedoria as complicadas prioridades administrativas.Quando assumiu o primeiro mandato como governador, encontrou o Estado numa situação caótica em todos os sentidos, salário dos funcionários com vários meses de atraso, dívidas com fornecedores nas alturas, com empreiteiras de obras públicas, em sua grande maioria paralisadas por falta de pagamentos; em suma: o nosso Estado estava ingovernável. Com sua notória capacidade de negociação, com pouco mais de seis meses, o governo pode de maneira quase mágica pôr a casa em ordem sob sua batuta, como se maestro fosse.Lembro-me que participei nesta época de uma audiência patrocinada pelo Sindicato dos Engenheiros, como convidado por ser amigo pessoal do governador, para reivindicar, além de melhoria salarial, o pagamento de atrasos salariais. Diante de seus argumentos convincentes e covenientemente dramatizados, abrimos mãos do aumento salarial e aceitamos dividir os atrasados em três parcelas. Alguém argumentou vamos embora logo, se ficar mais tempo ouvindo o Iris, nós vamos ter que cotizar uma ajuda ao Estado. Virou uma tônica do Iris nas negociações das dívidas: além de redução, o pagamento seria em três parcelas. A qualquer credor do Estado, ao reivindicar pagamentos, ele já ia de imediato dizendo: “Só autorizo em três prestações”. Corria na cidade uma lenda que o governador estava tão fissurado com o pagamento em três vezes, que, quando foi preciso ir ao médico, este ao colocar o estetoscópio nas suas costas e solicitando-o a dizer aquele corriqueiro e tradicional “trinta e três”, ele teria respondido: “onze, onze e onze”.