Jesus e a incredulidade dos judeus
Diário da Manhã
Publicado em 20 de janeiro de 2018 às 23:32 | Atualizado há 7 anos
Embora tivesse realizado tantos sinais diante deles, não creram nele, para que se cumprisse a palavra dita pelo profeta Isaías:
“Senhor, quem acreditou naquilo que ouviu de nós? E a quem foi revelado o braço do Senhor?”
Eles não podiam crer, porque Isaías disse ainda: “Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem compreendam com o coração, nem se convertam e eu os cure”.
Isaías disse isto porque contemplou a sua glória e falou a respeito dele.
Contudo, até muitos dos chefes creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga, porque amaram mais a glória dos homens do que a de Deus.
(Evangelho de João, cap. 12, vv. 37 a 43).
A fé corresponde ao nível de evolução espiritual do indivíduo e não somente às evidências da verdade. Os adversários do Cristo não abandonariam as suas conveniências materiais enquanto estivessem escravizados ao orgulho e ao egoísmo.
Em todos os tempos, gênios, santos e heróis do bem sofreram e ainda sofrem perseguições, zombarias, dissabores e até martírios provenientes do desamor e da ignorância dos adversários do Bem e do Progresso. Vejamos a seguir alguns dos muitos exemplos.
Os profetas bíblicos foram perseguidos por se manterem fieis à Vontade de Deus.
Moisés sofreu a ingratidão e agressões dos hebreus libertados por ele da escravidão no Egito.
O profeta Elias foi perseguido porque combateu o culto a um deus pagão fenício.
Muitos essênios foram censurados por terem se afastado do judaísmo e, posteriormente, por se converterem ao Cristianismo.
Noé foi ridicularizado por seus contemporâneos e, enquanto construía a arca, somente sua família lhe deu crédito.
João Batista foi perseguido, preso e decapitado.
Maria de Nazaré sentiu a maior das dores ao ver o seu amado filho e adorado Messias preso a uma cruz.
Os apóstolos de Jesus foram perseguidos até a morte, com exceção de João que buscou o exílio em Éfeso para evitar o martírio.
Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, foi perseguido, difamado, injuriado e até desprezado como educador devido ao seu trabalho de organização da Doutrina dos Espíritos.
Pitágoras foi perseguido inúmeras vezes até ser preso e condenado à morte.
Sócrates foi condenado à morte acusado injustamente de corromper a juventude ateniense com a sua filosofia.
Thales de Mileto sofreu zombarias por não valorizar as coisas materiais.
Siddartha Gautama, o Buda, renunciou as honrarias terrenas, rompendo tradições seculares. Não encontrou solo fértil para sua Doutrina na Índia, mas o Budismo floresceu na China, Coreia, Japão e outros países.
Confúcio, o mais novo de dez irmãos, ficou órfão de pai aos três anos de idade e passou a trabalhar muito cedo para ajudar no sustento da família; os seus ensinos morais, muito admirados nos tempos hodiernos, causaram preocupações aos governantes que se opunham à sua popularidade.
O apóstolo Paulo foi perseguido por judeus e romanos, apedrejado em Listra, açoitado na Macedônia, sendo decapitado por ordem de Nero.
Santo Agostinho sofreu as limitações de seu tempo e de seus pares para renovar a Instituição Cristã nos moldes do Evangelho de Jesus.
Georges-Louis Leclrc, Conde de Buffon, naturalista e matemático influenciou Lamark e Darwin, mas encontrou forte resistência por parte do pensamento tradicionalista de seu tempo.
Nicolau Copérnico, autor da teoria do Heliocentrismo, encontrou resistência contumaz em muitos adeptos da Teoria Geocêntrica.
São José de Cupertino sofreu incompreensões de seus superiores por ser portador da mediunidade de levitação.
Fídias sofreu descriminação por ter esculpido algumas estátuas de figuras humanas.
Anaxágoras foi considerado ímpio devido à cosmologia e à cosmogonia.
Galileu Galilei foi perseguido pela Igreja do seu tempo por defender o Heliocentrismo e teve de ler uma retratação para se livrar da fogueira da Inquisição.
Kepler foi perseguido pela contra-reforma Católica e teve sua casa incendiada.
Giordano Bruno foi condenado à fogueira da Inquisição.
Platão foi vendido como escravo depois que publicou seu livro “A República”.
Aristóteles fugiu de Atenas devido às reações antimacedônicas.
Louis Pasteur foi perseguido por seus colegas da Academia de Medicina da França.
Além das inúmeras perseguições sofridas durante sua existência, o pai de Albert Einstein lhe disse certa vez: “Você nunca será nada na vida!”
Lavoisier, pai da Química Moderna, foi queimado em efígie em Berlim, como herético da ciência.
Baruch Espinoza foi perseguido e condenado por anciãos judaicos, Vaticano e autoridades calvinistas.
Laplace experimentou os dissabores da inveja de alguns de seus colegas cientistas franceses.
Isaac Newton sofreu represálias da Igreja porque ele não admitia as decisões do Concílio de Nicéia e também por seguimentos da reforma.
Nostradamus foi perseguido pela Inquisição e somente não foi sentenciado à fogueira devido à proteção da rainha Catarina de Médicis.
Ptolomeu sofreu resistências por sintetizar a obra de seus predecessores.
Francisco de Assis sofreu a incompreensão de familiares e da Igreja até obter a anuência oficial do Papa Inocêncio III.
Joana d’Arc foi queimada viva aos 19 anos. Durante a execução da sentença foi chamada de bruxa devido às suas faculdades mediúnicas.
Swedenborg sofreu perseguições por parte de cristãos em seu país, sendo alguns de seus livros proibidos.
Hahnemann foi perseguido assim como a sua Homeopatia ainda o é, por aqueles que desconhecem os seus benefícios.
Lacordaire foi eleito para Academia Francesa de Letras, mas com a vantagem de 1 voto (21) devido a resistência contra suas ideias progressistas.
Lamennais foi atacado pela Igreja Católica francesa que o denominava “padre apóstata”, foi perseguido pela monarquia e desprezado pelos agnósticos revolucionários por sua devoção ao Evangelho.
São Francisco Xavier foi incompreendido por seus familiares por abandonar uma vida de luxo e fazer voto de pobreza.
Pascal foi censurado por defender a doutrina que vê limites no livre-arbítrio no homem.
Fénelon foi duramente criticado por alas radicais da Igreja Católica que não aceitavam seus métodos de evangelização praticados com humildade, mansuetude e caridade.
Francisco de Sales (François de Genève), sendo estudante em Paris, sofreu a tentação de desistir de seus ideais, além da pressão paterna que não concordou com a sua vocação sacerdotal. Mais tarde escaparia de um atentado contra sua vida devido aos seus escritos.
Francois-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot, sofreu séria reprovação dos católicos tradicionalistas de Roma (ultramontanos) ao defender o concílio nacional da Igreja Francesa, ao inspirar-se na Revolução Francesa que instaurou o sufrágio universal masculino.
Vicente de Paulo foi feito prisioneiro depois que o navio onde se encontrava foi atacado por piratas. Foi vendido como escravo e ainda nessa condição deu exemplos de virtudes que o libertaram.
Henri Heine foi perseguido por autoridades alemãs porquanto era considerado subversivo. Suas obras foram banidas da Alemanha e permaneceu exilado na França, onde permaneceu até sua morte.
João Maria Batista Vianney, Cura D’Ars, no seminário foi considerado um rude camponês, sem inteligência suficiente para acompanhar outras disciplinas, sofreu diversos ataques, como ter sua cama incendiada.
Isabel de França (1764-1794), a princesa que se dedicava integralmente à caridade, que vivia longe da política e foi condenada à morte por um tribunal revolucionário.
O profeta Jeremias foi perseguido e tentaram matá-lo por falar a verdade em obediência a Deus.
Nicodemos e José de Arimateia são exemplos do que narra o Evangelho de João: “Muitos dos chefes creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga”. No entanto, os exemplos e as posições estratégicas desses dois discípulos de Jesus não condizem ao fato de “amarem mais a glória dos homens do que a de Deus”. Os dois eram membros do conselho que condenou Jesus. José pediu a Pilatos o corpo de Jesus (Marcos, 23:51). Nicodemos questionou o conselho a respeito da necessidade de um julgamento justo em relação ao Cristo (João, 7:45-52). Nicodemos e José de Arimateia se uniram na morte do Messias. Nicodemos forneceu o unguento e José, o túmulo. Esses dois discípulos supriram as ausências dos demais que não estiveram presentes para as providências do sepultamento do Mestre. Eles estiveram nas posições corretas para atender às necessidades do Cristo.
O profeta Isaías foi o profeta messiânico que mais falou a respeito da vinda do Messias. O livro apócrifo de autor anônimo “A vida dos Profetas” escrito no século I diz que Isaías foi condenado à morte pelo rei do seu tempo, sendo colocado dentro de um tronco de árvore e serrado ao meio. Fato não comprovado por outras fontes.
João cita Isaías (53:1 e 6:9-10) ao explicar a cegueira e a ignorância dos judeus intransigentes de sua época, características de todos os perseguidores de homens e de mulheres de bem registrados ou não pela História da Humanidade. Não há trabalhador da Seara do Bem que não padeça de algum modo pela iniquidade humana.
Jesus, no entanto, ao longo dos milênios nos conforta a todos quando profetizou a seu respeito, consolou seus discípulos e fortaleceu-lhes o ânimo (João, 16:32-33):
“Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenho-vos dito essas coisas para que em mim tenhais paz. No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
(Emídio Silva Falcão Brasileiro é educador, escritor e jurista. Membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, da Academia Goianiense de Letras e da Academia Aparecidense de Letras)