Joaquim José da Silva Xavier, “o Tiradentes”

Célia Valadão ,Especial para Opinião Pública

A história de Tiradentes é um exemplo de luta pelos direitos dos cidadãos, em defesa da pátria, que culminou na morte de um líder, em 21 de abril de 1792, em praça pública, por enforcamento e esquartejamento. Esta foi a forma do governo mostrar em  praça pública o sofrimento de Tiradentes, a fim de inibir a população de fazer manifestos que apresentassem ideologias diferentes. Por isso, essa data  é histórica e motiva  um feriado  muito especial no calendário brasileiro. Não se trata apenas de um dia de folga, mas sim, de um marco para a história do país.

Joaquim José da Silva Xavier era natural da cidade de Vila Rica, hoje conhecida como Ouro Preto. Tornou-se o mártir da Inconfidência Mineira, cujo apelido de Tiradentes veio da profissão de dentista que exercera com muita responsabilidade, mas o ofício que mais lhe promoveu foi o de soldado, integrante do movimento da Inconfidência Mineira – que o levou à morte.

A Inconfidência Mineira foi um abalo causado pela busca da libertação do Brasil diante da monarquia portuguesa, ocorrendo por longos anos, no final do século XVIII. Na cidade de Vila Rica e nas proximidades da mesma eram extraídos ouro e pedras preciosas. Os portugueses se apossavam dessas matérias-primas e as comercializavam pelos países europeus, fazendo fortuna à custa das riquezas de nosso país, ou seja, o Brasil era grandemente explorado por essa nação. A Inconfidência não pretendia apenas libertar Minas e o Brasil do jugo da Metrópole, o objetivo maior era o de formar aqui uma grande nação republicana, com suas indústrias e com leis modernas.

A história da Inconfidência, nos remete às questões sociais que até hoje incomodam a população de vários países. Basta recorrermos aos fatos do Século XVIII, para entendermos que a grandeza do nosso território e que desde aquela época, ele se mostrava capaz de se tornar uma  grande potência. Mas essa data é também uma reflexão para todos nós, em um momento que nosso país passa por sérios  problemas políticos e sociais. No contexto de uma grande nação como a nossa, não é mais um pequeno grupo, como os inconfidentes, que se manisfestam por melhorias governamentais, mas é uma voz única que sai de uma multidão para reivindicar, ou mesmo se fazer ouvir, para sugerir um novo norte nas decisões do país.   Não é mais preciso de um mártir, porque vivemos em um país democrático, graças aos vários mártires, que, como Tiradentes deram suas vidas em lutas para que chegássemos à  democracia que vivemos hoje.

Todos nós, políticos e politizados, temos o conhecimento de que um país tem voz e vez e por isso é preciso ouvir a voz do povo, pois uma sociedade consistente, não se forma com pequenos grupos, mas com as vozes oriundas de todas as classes sociais, de todos os espaços deste imenso Brasil. Somos um país privilegiado pelas nossas riquezas naturais e por isso temos que lutar para que essas riquezas sejam preservadas e aproveitadas para o crescimento de nossa nação. Sendo assim, quando as pessoas vão para as ruas, elas estão sinalizando para o querer de um Brasil melhor, e também, de um Brasil sem violências, sem miséria, cujo fazer político deve ser em benefício das pessoas que ocupam cada espaço de nosso território. É aqui que escolhemos viver e é aqui que temos o direito de nos pronunciarmos como cidadãos.

Que neste 21 de abril de 2015, possamos entender a história de Tiradentes, não apenas como um fato histórico, mas como um exemplo de cidadania, para que nossa geração e as futuras, saibam que o desejo de um país justo, não é apenas acontecimento de um momento, mas que esse desejo está nas veias daqueles que realmente carregam consigo o sentimento de brasilidade e de pátria. Esta é a nossa mensagem  para o dia de Tiradentes.

(Célia Valadão, cantora, bacharel em Direito e vereadora)