Jogo inicia domingo
Redação DM
Publicado em 6 de agosto de 2018 às 22:48 | Atualizado há 7 anosA semana que passou foi das chamadas composições e coligações, com os donos dos partidos fazendo os acertos, como de nossa tradição, pouco republicanos. Como disse o ex-deputado Roberto Brant, em entrevista a Sueli Cota para o Blog do PCO desse domingo, nossos partidos têm dono, com registro em cartório. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, um burocrata, que era assessor de Eduardo Campos e que com a sua morte, tomou conta do partido e resolve tudo, bastando para isso um “passa moleque” ou um agrado aos demais membros da Executiva Nacional. Para tentar salvar a candidatura de Paulo Câmara à reeleição, em Pernambuco, fez acordo com PT para que afastasse da disputa a petista Marília Arraes, que ganharia a eleição. O PT vendeu a carreira de sua jovem política e troca da neutralidade do PSB na disputa nacional. Ha quem diga que o acerto foi um tiro no pé pois o ex-ministro Armando Monteiro, do PTB, pode surpreender. E Siqueira, para pagar a rasteira em Marília, deu uma pernada em Marcio Lacerda, tirando-o da disputa pela sucessão mineira sem, no entanto, conseguir que o PSB passasse a apoiar a reeleição de Fernando Pimentel. O alvo de todas a manobra seria prejudicar o candidato Ciro Gomes, uma alternativa da esquerda à quase certa ausência de Lula na disputa. Nesta corrida pelo Palácio do Planalto, o presidenciável Geraldo Alckmin agregou o apoio do Centrão e conquistou a correta senadora Ana Amélia – que conheço desde quando era jornalista – para sua vice. O senador Álvaro Dias – um dos mais preparados – avança no eleitorado e chamou para seu vice o economista Paulo Rabelo de Castro, um nome que agrada muito ao setor produtivo. Jair Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, terá o general, também da reserva, Hamilton Mourão, como seu vice. O problema é que ele começa a se expor mais e, se por um lado conquista apoios entre a população mais pobre, provoca a ira da classe média, que radicaliza em seus ataques. Hoje ainda no topo das pesquisas, pode ser que não consiga ir para o segundo turno. No próximo domingo tudo se acerta e os petistas verão que Lula não poderá ser candidato e terão que acender o poste. Agora o jogo começa a ser jogado.
(Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e do jornal Tudo BH)