Juscelino, Mauro Borges e Irapuan Costa Júnior
Diário da Manhã
Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 23:37 | Atualizado há 7 anos
O 1958 foi um ano em que tudo deu certo para este país. Nesse ano, a magia da voz de João Gilberto apresentou aos brasileiros um ritmo musical que encantaria o Brasil e o mundo: a Bossa Nova.
Em 1958, a tenista Maria Ester Bueno venceu o mais tradicional torneio de tênis do planeta – o de Wimbledon. Foi ainda nesse ano que a seleção brasileira de futebol se tornou, pela primeira vez, campeã mundial, na Suécia.
Em 1958, o Brasil, sob a liderança do presidente Juscelino Kubistchek, construía seu futuro mediante ações concebidas no famoso do plano de metas do governo. Este, sustentado no binômio energia-transportes, foi decisivo para que o Brasil mudasse seu patamar de desenvolvimento. De uma nação agrícola, os anos dourados de JK foram decisivos para que o país se transformasse no que hoje é: uma potencia industrial.
Nos tempos de JK, a economia chegou a crescer a taxas de quase 8% ao ano. Éramos os tigres asiáticos da época. Consolidou-se, então, a implantação da indústria automobilística. Além disso, a construção de Brasília e da rodovia Belém-Brasília foram fundamentais para a indução, no interior do país, de algo que só as regiões litorâneas conheciam: o desenvolvimento.
Enfim, a euforia desenvolvimentista dos anos JK foi um sucesso porque o governo teve a vontade política de fazer uso do planejamento como instrumento do desenvolvimento.
Cá entre nós, influenciada pelo sucesso do plano de metas, a vontade política de planejar o desenvolvimento goiano surgiu num dos governos mais imaginativos da história política do estado: o de Mauro Borges. Nesse sentido, o Plano MB foi decisivo para a construção institucional de Goiás. A estrutura concebida no governo do filho de Pedro Ludovico sobreviveu a várias mudanças de governo. O segredo da perenidade dessa estrutura devia-se ao fato de ela ter sido imaginada estrategicamente. O governo Mauro Borges foi, sem dúvida, o período em que a imaginação deu direção ao sistema político goiano.
Passada mais de uma década, Goiás voltou a ter um governo tão imaginativo quanto o do filho de Pedro Ludovico. Governava Goiás, então, o engenheiro Irapuan Costa Júnior. Nos tempos dele, o estado retornou a ser pensado estrategicamente.
Irapuan assumiu o governo com pleno conhecimento dos problemas administrativos do estado. Criou secretarias (como a de Minas Energia e Transportes) sempre amarradas aos objetivos estratégicos a serem alcançados. O Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) é uma das faces mais visíveis da imaginação criadora do governo Irapuan. E está ali até hoje como exemplo visível de um Goiás que rumava para a industrialização. Naquela época, Goiás não dispunha de um banco que financiasse seu desenvolvimento. Detectada essa necessidade estratégica, surgiu o Banco de Desenvolvimento de Goiás (BD).
Bons governos são aqueles que visam ao bem comum; maus governos visam ao bem próprio. Sob esse aspecto, os governos Mauro Borges e de Irapuan Costa Júnior foram, inegavelmente, os dois mais significativos de nossa história política. Mauro Borges deixou o legado da modernização do estado via modernização da estrutura administrativa. Já o legado de Irapuan voltou-se para outro aspecto da modernização: o da construção das bases da nossa industrialização.
(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de A Construção de Goiás)