Juventude – Um elo entre o campo e a cidade
Diário da Manhã
Publicado em 14 de setembro de 2016 às 03:10 | Atualizado há 9 anos“Juventude sem rebeldia é servidão precoce.”
José Ingenieros
Falar sobre jovens e juventude requer antes de qualquer palavra bom senso e uma atitude proativa. Os jovens não se esgotam em si. Muito mais; agem pensando no futuro, na construção, na aquisição e traz no peito o desejo de lutar e conseguir um mundo melhor. Pensam no amanhã. Sabem que são trabalho, empreendedorismo e cultura da paz.
Os jovens negam com frequência os rótulos e os preconceitos de que agem e pensam apenas o aqui e o agora. Como caminham pra frente é salutar que esbarrem com os desafios e as incertezas. Isto é parte do aprendizado, saberes, sabores, fazeres, resistências e avanços reais pela e para a juventude e sua família.
Estão aí os jovens do campo. Ficar e produzir ou buscar a cidade? Dúvidas cruéis. Como vencer o problema da escassez de terra, a pequena produção e a baixa remuneração? As cidades criam vários universos para quem a certa distância se encontra delas. Um mundo de muita luz se contrapõe a singeleza e a calma do campo? Calma? Onde as coisas acontecem mais? Campos cerrados e cidades? Chances e oportunidades hoje e amanhã?
Quem está lá no campo acha que é aqui na cidade. De certo modo tem razão. Estão aqui luzes, barulhos, um amontoado de gente e carros. Precisamos pensar numa maneira e buscar ações e políticas coletivas para que a juventude rural ali permaneça. Não podemos imaginar que as luzes do consumo possam ser guia e guru daqueles que por lá vivem. É preciso produção, cooperação e consumos conscientes para todos e todas pessoas das cidades e dos campos cerrados?
Ampliação do número dos cursos técnicos agrícolas. Construí-los nas regiões mais distantes, onde o acesso à escola é ainda mais difícil. Ampliar as oportunidades de financiamento para aquisição de máquinas que facilitem o trabalho rural e também disponibilizar a assistência técnica integrada com a assistência médico-social. É justa a integração esportivo-cultural entre os jovens do campo com os da cidade num processo de democracia, participação, formação e cidadania.
São ações simples e que podem fazer parte de um amplo programa de fixação do homem no campo e começando com os jovens que dali não pretendem sair. A juventude quer desafios. Criar alternativas e pensar constantemente num mundo melhor. Em que pese os avanços dos últimos anos, as políticas públicas são insuficientes e, em muitos locais são inexistentes. O que fazem os municípios, estados, união, igrejas, clubes, famílias e movimentos sociais para nossas juventudes campesinas e citadinas?
As eleições municipais deste ano abrem uma oportunidade impar para estas discussões. De um lado, candidatos devem se comprometer com uma plataforma de apoio à juventude rural. De outro, estes jovens do campo tem que ter na organização de suas entidades, regiões e associações o poder de reivindicar e assegurar os benefícios desejados e estimadamente realizados, avaliados em sociedades reais.
O pano de fundo desta dialética tem, na verdade mais de dois pontos: o crescimento e o desenvolvimento do país e o reconhecimento de toda a sociedade brasileira sobre o papel fundamental que a juventude camponesa desempenha para fazer produção de comida limpa, barata e com alto valor nutritivo para as sociedades urbanas e rurais. Reforma Agrária? Escolas agrícolas famílias? Assim também a internet, cultura, lazer, esportes, intercâmbios? Podem ajudar na construção e contribuição na formação ampla, geral de nossas juventudes rurais e urbanas, juventudes criticas, participativas e colaboradoras por um mundo melhor para todos.
Mais uma aliança deve ser construída: jovens do campo com os jovens da cidade. Tem projetos de vidas semelhantes. Aqui como lá tem a força do trabalho e a energia para a construção do futuro. Podem fazer um elo muito forte e daí construir uma corrente de esperança, garantindo a segurança alimentar, a preservação da natureza e a criação de uma sociedade baseada na agroecologia. Nesta caminhada falta apenas o primeiro passo. Quem se candidata? É preciso pensar amanhã, hoje com consciência, organização, conhecimentos e ações individuais e coletivas de e para todos homens e mulheres, principalmente para a juventude dos campos cerrados e cidades. Crer e ser. Ser e ter esperança de um mundo da rede e cultura da paz. Assim amanhã vencer todas adversidades temerárias. Vencer golpes e contragolpes e construir juntos campos e cidades saudáveis, sustentáveis com educação, saúde, ecologia social, partilha, cooperação, realização humana integral como pessoa, sociedade. Um outro mundo é possível e desejável para a sociedade caminhante da humanidade. Juventude de Deus, para a vida digna de ser vivida, sempre. Vamos todos lutar por uma juventude critica, amorosa, participativa, libertaria, responsável, culta, agente promotora do Amor Exigente, cultura da paz e busca a realização das mudanças sociais, dos direitos humanos, liberdade e solidariedade.
(Pedro Wilson Guimarães, professor da UFG e da PUC-Goiás – Sociologia e Política 1968-2010, secretário de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas da Prefeitura de Goiânia 2015/2016. Foi vereador, deputado federal e prefeito de Goiânia – 1994 a 2011/PT. Militante de Movimentos de Fé, Alegria e Política, Educação, Cerrados e Direitos Humanos/sempre)