Lá fora ruge o ódio
Diário da Manhã
Publicado em 20 de março de 2018 às 23:54 | Atualizado há 7 anos
“Ele não vai assumir o governo.
Se assumir, não será candidato.
Se for candidato, não ganhará.
Se ganhar, não será diplomado.
Se for diplomado, não tomará posse.
Se tomar posse, não cumprirá o mandato”.
Este é o discurso surrado e cansado da oposição e de setores insignificantes e despeitados do próprio governo, contra a candidatura de Zé Éliton ao governo de Goiás.
Uma repetição do discurso do udenista Carlos Lacerda em relação à candidatura à presidência da República do mineiro Juscelino Kubitschek, há mais de 50 anos. Juscelino foi candidato, ganhou, foi diplomado, tomou posse e concluiu o mandato como o grande presidente da nossa história republicana, de que a construção de Brasília é o ponto mais alto.
Ao que o governador Marconi Perillo e toda a base governista contestam com veemência: “Zé Éliton vai assumir o governo no próximo dia 7, vai ser candidato a governador, vai ganhar as eleições, vai ser diplomado, vai tomar posse e governará até o fim”.
Lá fora, nas hostes oposicionista ruge o ódio, ódio aos pretos, ódio aos pobres, ódio aos excluídos, ódio a Mariele Franco, ódio é o adjetivo que embalou o berço de Caiado, no latifúndio sem fim de Tesouras e Aricá; adjetivo que povoou os seus devaneios de adolescência, na soleira da casa grande, aos gritos a peões amedrontados; adjetivo que cristalizou a sua juventude com estágio em França, não a frança libertária de Mitterrand, mas essa outra reacionária de La Pen.
O fato mais notável da biografia do senador Ronaldo Caiado foi a fundação da UDR (União Democrática ruralista), entidade criminosa, braço armado do latifúndio para matar lavradores sem terra.
E o fato mais excêntrico, se não fosse ridículo, foi Caiado aparecer na televisão, montando um cavalo branco, como candidato à presidência do Brasil, em 1.989. De lá par cá, continuou cavalgando o ódio, até cair da mula-manca.
Os esbirros do senador Ronaldo Caiado falavam que Zé Éliton não assumiria o governo. Com a posse já marcada para o dia 7 próximo, agora esses esbirros estão roucos de gritar que Zé Éliton não será candidato a governador.
Mesmo com o senador à frente nas pesquisas, os seus seguidores não querem a candidatura de Zé Éliton, porque sabem que Caiado é cavalo paraguaio, uma comparação muito a seu gosto, só tem arrancada, ou é como o leão da Metro: só tem urro, o resto é fita; porque sabem que Zé Éliton é muito mais preparado, e quando chegar na hora do vamos ver, Caiado primeiro perde no debate, depois perde no voto. É só esperar.
A hora não é de Caiado. A hora é de Mariele: era mulher. Mulher e preta. Mulher preta e comunista. Mariele foi enterrada. Mariele virou semente. Mariele vai nascer, e, como Spartacus, Mariele voltará e será milhões, para barrar o ódio que ruge lá fora.
Ontem, o senador Ronaldo Caiado reuniu-se com 5 prefeitos dissidentes do PMDB (o partido tem mais de 30)para alavancar a sua candidatura. Lá, meteram a boca no presidente estadual do PMDB pelas costas, inviabilizando qualquer diálogo com o deputado Daniel Vilela, candidato do partido ao governo de Goiás.
Antes, em reunião na casa do prefeito de Goiânia, Caiado e Daniel se estranharam e quase foram à via dos fatos.
E Goiás terá mesmo três candidatos competitivos ao governo do Estado.
(Carlos Alberto Santa Cruz, jornalista)