Opinião

Lembranças das eleições de 1962

Diário da Manhã

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 00:41 | Atualizado há 7 anos

Tra­go, na me­mó­ria, os no­mes de to­dos os ve­re­a­do­res elei­tos, em 1962, pa­ra a quin­ta le­gis­la­tu­ra da Câ­ma­ra Mu­ni­ci­pal da mi­nha ido­la­tra­da ter­ra na­tal, Ja­taí, a “Ci­da­de Abe­lha”. Eram 10 do im­ba­tí­vel PSD do Dr. Se­ra­fim e 3 da UDN. O mais su­fra­ga­do foi Je­rô­ni­mo Maia, do PSD. Ali­ás, o úni­co pes­se­dis­ta, na his­tó­ria da­que­la ur­be ado­ci­ca­da, a li­de­rar vo­ta­ção ao Le­gis­la­ti­vo do mu­ni­cí­pio. Em 1947, fi­ze­ra-o Dr. To­te. Seu no­me ver­da­dei­ro era Aris­tó­te­les de Re­zen­de, mé­di­co for­ma­do em Sal­va­dor e nas­ci­do em Ja­taí dia 31.1.1916. In­te­ri­na­men­te, as­su­mi­ra a Pre­fei­tu­ra. Síd­ney Fer­rei­ra con­se­guiu um fei­to in­su­pe­rá­vel nos anais de Ja­taí: ve­re­a­dor mais vo­ta­do em três elei­ções se­gui­das: 1950, 1954, 1958 (tal­vez ne­nhum ou­tro con­cor­ren­te à ve­re­a­ção e a de­pu­ta­do, em to­da a his­tó­ria  bra­si­lei­ra, te­nha con­se­gui­do es­sa fa­ça­nha).

Ao Je­rô­ni­mo Maia se so­ma­ram Epa­mi­non­das Cu­nha, Dur­val Ro­dri­gues Cha­ves (Va­li­co), Jo­ão Ba­tis­ta Me­lo, Wal­de­mar Vi­cen­te Fer­rei­ra (Pa­cho­la), Wan­der­ley Gui­ma­rã­es, Ra­ul Bor­ges da Sil­va, Acá­cio Zai­den, An­tô­nio So­a­res Ge­da e Jo­a­quim Ar­nal­do de Car­va­lho (Ge­rês), pe­lo PSD. A UDN se fez re­pre­sen­tar por Ga­le­no Go­doy Gar­cia, Híl­dio Car­va­lho e Se­bas­ti­ão Al­ves de Oli­vei­ra (Ti­ão Den­tis­ta). Ga­le­no se afas­tou em 1965 e as­su­miu o pri­mei­ro su­plen­te Alan Kar­dec de Re­zen­de (ele e es­po­sa, se­nho­ra Said, fo­ram meus pa­dri­nhos de ca­sa­men­to,ocor­ri­do em Mi­nei­ros no ano de 1970. En­con­tra­va-se, en­tão, no se­gun­do man­da­to de ve­re­a­dor, ago­ra pe­la Are­na, ori­un­do das elei­ções de 1966, dis­pu­ta­das por es­se par­ti­do e pe­lo MDB).

As elei­ços de 1962 fo­ram as úl­ti­mas pa­ra a Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos, As­sem­blei­as nos Es­ta­dos e Câ­ma­ras de Ve­re­a­do­res sob as ban­dei­ras do PSD e da UDN (ha­via o PTB e mais al­guns. Quan­do a “re­vo­lu­ção de 64” os ex­tin­guiu, em ou­tu­bro de 1965, eram 13). Em 1962 cum­pri­ram-se plei­tos pa­ra go­ver­na­do­res em al­guns Es­ta­dos, den­tre eles, São Pau­lo (ga­nhou Ad­he­mar de Bar­ros. Ele der­ro­tou, por mai­o­ria sim­ples, Jâ­nio Qua­dros e Jo­sé Bo­ni­fá­cio). Em 1962, re­no­va­ção de 2/3 das ca­dei­ras de se­na­dor. Na ter­ra go­i­a­na, Pe­dro Lu­do­vi­co e Jo­sé Fe­li­ci­a­no, nes­sa or­dem, tri­un­fa­ram (Fe­li­ci­a­no era su­plen­te do se­na­dor Jus­ce­li­no e go­ver­na­ra o Es­ta­do de 31.1.1959 a 311.1961. Lu­do­vi­co, Jus­ce­li­no e Fe­li­ci­a­no per­ten­ci­am ao PSD). O se­na­dor Je­rônymo Coim­bra Bu­e­no, pos­tu­lan­te à re­e­lei­ção pe­la UDN (fo­ra go­ver­na­dor de 1947 a 1950) e Ge­ral­do Va­le fi­ca­ram, res­pec­ti­va­men­te, em ter­cei­ro e em quar­to lu­gar. O PSD ja­tai­en­se apoi­ou Jo­sé Cru­ci­a­no de Araú­jo pa­ra de­pu­ta­do fe­de­ral (ca­sa­do com uma so­bri­nha do Se­ra­fim) e Lu­zi­a­no Fer­rei­ra de Car­va­lho pa­ra es­ta­du­al. Lu­zi­a­no ven­ceu; Cru­ci­a­no, pri­mei­ra su­plên­cia. PTB se apre­sen­tou com a cha­pa Re­zen­de Mon­tei­ro, que era o vi­ce-go­ver­na­dor (go­ver­no Mau­ro Bor­ges), pa­ra a Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos e Ba­si­leu To­le­do Fran­ça pa­ra es­ta­du­al. Re­zen­de tri­un­fou; Ba­si­leu (so­bri­nho do en­tão pre­fei­to pes­se­dis­ta Cylle­nêo Fran­ça, que apoi­ou Lu­zi­a­no), não o fez. A UDN de­fen­deu as can­di­da­tu­ras de Al­fre­do Nas­ser (PSP) e Síd­ney Fer­rei­ra,res­pec­ti­va­men­te pa­ra Câ­ma­ra Fe­de­ral e As­sem­bleia. Am­bos se ele­ge­ram.

Pe­la UDN con­cor­re­ram, pa­ra ve­re­a­dor, além do Ga­le­no, Híl­dio, Se­bas­ti­ão e Alan Kar­dec de Re­zen­de, já men­ci­o­na­dos, Eu­frá­sio Ro­cha, Or­lan­do Bar­ros e Ara­mis Cos­ta Fran­co. Pe­lo PSD não se ele­ge­ram El­vi­ro Cân­di­do de Car­va­lho, Ma­no­el Ca­e­ta­no, Au­gus­to Ro­dri­gues da Sil­va, Cló­ves Bar­ros, Aris­tal Ho­nó­rio de Li­ma e Se­bas­ti­ão Fer­rei­ra (Se­bas­ti­ão Tur­co, ir­mão do ex-de­pu­ta­do es­ta­du­al e ex-pre­fei­to in­te­ri­no Jo­sé Au­gus­to Fer­rei­ra, ad­vo­ga­do que mi­li­ta­ra na ma­ço­na­ria e no pres­bi­te­ria­nis­mo). Não sei se ha­via mais al­gum pos­tu­lan­te pe­lo PSD.Creio que não. Pe­lo PTB, re­cor­do-me que meu pa­ren­te Eras­to Vi­la Ver­de de Car­va­lho se can­di­da­tou. Wan­der­ley Gui­ma­rã­es e Se­bas­ti­ão Fer­rei­ra eram pro­fes­sos da “Igre­ja Pres­bi­te­ri­a­na do Bra­sil”. Am­bos ma­çons, in­te­gran­tes da úni­ca lo­ja en­tão exis­ten­te na ci­da­de, a “28 de Ju­lho”. Wan­der­ley per­ten­ce­ra à “Igre­ja Pres­bi­te­ri­a­na In­de­pen­den­te”, que não acei­ta­va (e não acei­ta) pe­drei­ro li­vre. Co­mo ele que­ria ini­ci­ar-se (e o fez), tro­cou de igre­ja.

Dos 39 de­pu­ta­dos es­ta­du­ais elei­tos em 1962, ci­to de me­mó­ria os se­guin­tes: Síd­ney Fer­rei­ra, Lu­zi­a­no de Car­va­lho, Se­bas­ti­ão Aran­tes, Ge­né­sio Bor­ges, Eu­ri­co Bar­bo­sa, Jo­ão Abrão, Ge­tú­lio Vaz, Ary Va­la­dão, Iris Re­zen­de (o mais vo­ta­do), Al­mir Tu­ris­co, Al­me­rin­da Aran­tes (que mo­ra­ra em Ja­taí e fo­ra pro­fes­so­ra do meu pai), An­tô­nio Ma­ga­lhã­es, Osi­ris Tei­xei­ra, Eli­e­zer Pe­na, Olin­to Mei­re­les, El­ci­val Cai­a­do, Olím­pio Jayme, Gus­ta­vo Bal­du­í­no, Jo­a­quim Cor­dei­ro, Darcy Ma­ri­nho, Ma­ra­nhão Ja­pi­as­su, Jo­sé Se­ba, Jo­sé Por­fí­rio. 13 os fe­de­ra­is por Go­i­ás. Sei des­tes: Al­fre­do Nas­ser, Jo­sé Lu­do­vi­co, Emi­val Cai­a­do, Ja­les Ma­cha­do, Re­zen­de Mon­tei­ro, Arol­do Du­ar­te, Jo­sé Frei­re (o mais vo­ta­do den­tre os go­i­a­nos), Cas­tro Cos­ta, Pei­xo­to da Sil­vei­ra, Be­ne­di­to Vaz, Aní­sio Ro­cha.

 

 (Fi­la­del­fo Bor­ges de Li­ma. fi­la­del­fo­bor­ges­de­li­[email protected])


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