Livros sobre o cedro
Redação DM
Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 00:38 | Atualizado há 8 anosConvidou-me Luceli Morais Pio, certamente a mais importante remanescente de quilombo, da Comunidade Quilombola do Cedro, próxima do núcleo urbano da cidade de Mineiros, no extremo sudoeste de Goiás, para assistir ao lançamento de livro da professora e pesquisadora Maria Luíza Batista Bretas, às 18h do dia 10 do mês corrente, tendo como objeto de estudo o resgate da memória de Chico Moleque, fundador e líder do Quilombo, notado pela primeira vez em livro Sombra dos Quilombos (1974), onde, em dois capítulos, quase trinta páginas, tiro o povo do Cedro de antigo anonimato historiográfico, tornando-o, portanto, um marco da história fora da rigidez acadêmica.
Ao chegar ao Cedro, com a idolatrada Chica, vi que o lançamento não era somente de um livro, mas três, ofertados ao escriba. Começo pelo mais volumoso, erudito, acadêmico: “Tecendo histórias etnobotânicas e culturais na comunidade quilombola do Cedro de Mineiros, Goiás”, autoria Maria Luíza, Tânia Regina Vieira, Tatiane Silva Santos, Fabiano Guimarães Silva (supervisor), Gisele Cristina de Oliveira, Kennede de Oliveira, Luzia Francisca de Souza, selo Cânone Editorial, Goiânia, 2016. Os outros, autoria de Maria Luíza, belas ilustrações do artista plástico Santiago Régis e referida Editora: “Contos cedrinos” e “Chico Moleque: um sonho de liberdade”, literatura infanto juvenil, pelo título e conteúdo, são ficção literária historiográfica, agradável, oportuna.
No primeiro volume, além de apresentação seguida de “nota”, do âmbito acadêmico resumido em três capítulos, de que não foi possível leitura sistemática, insere, registros fotográficos, referências, dois anexos e, oportunamente, “Lamento Negro”, da cedrina e estudante de Fisioterapia na Faculdade FAMP, Ivanita Gonzaga Pio, também publicado no “Teatro Experimental do Negro em Goiás”, que publiquei em setembro findo, onde é parte do conteúdo da peça “Auto de Zumbi”, de minha autoria, encenada por cinco minutos no lançamento.
Apesar do estressante prenúncio de Natal, tive o prazer de receber os autógrafos de Maria Luíza, testemunhando a minha alegria de ter ido ao Cedro às dezoito horas daquele dia 10 de dezembro. Além da minha alegria em rever meus velhos amigos cedrinos, ali pude comer arroz goiano original, feijão ao molho gostoso, carne cozida gordurosa, salada de repolho desigual. Imaginem arte de quem? Luceli Morais Pio.
“Para o historiador, Martiniano Silva, mais um pouco das raízes do Cedro. Com reconhecimento, Ma. Luiza Bretas. 10/12/16”.
“Para Martiniano e D. Francisca, pessoas e fatos do Cedro registrados neste livro. Boa leitura! Ma. Luíza Bretas. 10/12/16”.
“Para os netos do casal Martiniano e Francisca se inspirarem no exemplo de Chico Moleque. Ma. Luíza. 10/12/16”.
Eis o que pude registrar, sem opinar. Reservo-me o direito de fazê-lo, após leitura sistemática. De todo modo, meus respeitosos cumprimentos aos autores.
(Martiniano J. Silva, advogado, escritor, membro do Movimento Negro Unificado (MNU), da Academia Goiana de Letras Mineirense de Letras e Artes, IHGG, UBEGO, mestre em História Social pela UFG, Professor Universitário. ([email protected]))