Lula, um santo às avessas

No atual contexto de crise econômica, política e de valores, nada mais parece nos assustar. Não obstante, também quanto a isso somos surpreendidos.

Assisti, nessa semana, ao vídeo do depoimento do ex-presidente Lula junto à polícia federal, no qual ele se autoproclamava como o homem mais honesto que já existiu, mais até que qualquer membro das igrejas católica ou evangélica. Como citou um colega, “seria cômico, se não fosse trágico”.

Desde o depoimento, muito fora dito e escrito nos diferentes meios de comunicação. O uso da empáfia como forma retórica é tido como “carta na manga” por charlatões desde tempos imemoriáveis. Não estou aqui para julgar o governo do Lula, mas a sua afirmação. Isso porque posso dar testemunho de tantos e quantos abnegados encontrei pelo caminho da vida. Pessoas que ofereceram tudo de si por uma causa. Não apenas os religiosos, notadamente, mas foram especialmente estes os que mais me impressionaram.

Poderia citar algumas dezenas de freiras, padres, bispos, leigos, pastores, fieis evangélicos, ortodoxos, judeus, muçulmanos, espíritas, entre outras denominações, cuja honestidade e altruísmo pude comprovar. Pessoas que deixaram tudo, sua família, nalguns casos, inclusive, seus países de origem, e vieram para o Brasil a fim de viverem junto aos mais pobres entre os pobres brasileiros.

Ao dizer o que disse Lula nos oferece mais um exemplo da gravidade da crise em que estamos imersos; como disse no início, não apenas uma crise política e/ou econômica, mas de valores. Ao que parece, falta para alguns um pouco de vergonha na cara!

(José Reinaldo F. Martins Filho, mestre em Filosofia (2014) e mestrando em Música, ambos pela UFG, doutorando em Ciências da Religião pela Puc-Goiás)