Marte
Diário da Manhã
Publicado em 3 de setembro de 2018 às 23:52 | Atualizado há 7 anos
Água em Marte, sinal de possibilidade de vida, e quiçá, de seres dotados de inteligência. Como o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, eu decidi trabalhar organizando as minhas caixinhas de poupança para comprar um lote à margem do mar morto desse planeta, impossivelmente com pilastras de cristal. Numa manhã de poeira cinzenta, eu saí da minha casa observando o céu azul à procura de uma agência loteadora, já me imaginando distante desta Terra contaminada pela corrupção da Lava-jato. Não consegui, o Planeta vermelho só vendia lotes para os possuidores de carteirinha do PT. Por lá mesmo fiquei sabendo que o Sapão Barbudo, seria o primeiro a embarcar para Marte, acompanhado da senadora Gleisi Hoffmann, et caterva. Como diria Leonel Brizola: sapo pula por necessidade, não por boniteza. Mesmo assim, continuei insistindo. Numa outra agência, eu me decepcionei novamente. Três condições me impediram a compra. Sou descendente de macaco, não tenho ficha-limpa, emitida pela Lava-jato, nem atestado de vacinação contra corrupção, aviado pelo STF, mas tive um consolo. Eu poderia ser cremado depois de morto, após a apresentação da documentação exigida. Como não desejo ser enterrado nesta terra contaminada, rogo que me livre desse infortúnio o deus Thanatos, filho da deusa Nix da mitologia greco-romana, que vela os mortos.
(Edvaldo Nepomuceno, escritor)