Opinião

Mês de maio e a simetria e cronometria das estações do ano

Diário da Manhã

Publicado em 4 de junho de 2017 às 01:37 | Atualizado há 8 anos

Ao findar este belo mês de maio, lembro-me sobremaneira de uma mulher que se chamava Stela, foi através dela que aportei neste mundo. Foi dela que ouvi pela primeira vez uma voz humana ao iniciar minha jornada aqui nesta efêmera vida. Mas aquela voz tinha algo de Divino, de sublime, de um anjo que me guiaria pelos caminhos que se me apresentariam, com seus percalços e realizações.

E assim procuro fazer até hoje. Foram conselhos e orientações de uma sábia autodidata.

A sabedoria é um dom concedido por Deus. Vide exemplo do Rei Salomão. Os sábios têm a humildade e a caridade como princípios de vida. E foi ela, minha inesquecível e incomparável mãe, amiga e conselheira, que sempre me dizia o que adotei como norte em minha caminhada: “Observe, sempre e onde estiver, as belezas das tardes de Abril e as não menos belas manhãs de Maio” ou, ainda, “Filho, quem lê mais pergunta menos.!”

Através  dessas premissas, aprendi e acostumei-me extrair  lições e  que me levam sempre a admirar tudo que me cerca, em especial essa magia simétrica e cronometrada, invisível e infalível da natureza e em especial  para aqueles  com ela lida ou busca inspirações para a vida, uma vez que nela está contida a essência da alma e dos sentimentos e se mostra como representante do verdadeiro Deus, um ser supremo não preconcebido pelas interesses pessoais, de grupos ou de religiões, mas o Deus universal, igual para todos, pai de todos, que não castiga nem impõe sacrifícios, mas ensina os caminhos a serem trilhados através do livre arbítrio.

A partir dessa vocação que adquiri, ou foi-me ensinada, o importante é que a adotei, aprendi a admirar e buscar entender o Grande Arquiteto do Universo que se mostra nos mínimos detalhes da mãe natureza, abstraindo-me, em especial, neste belo mês de maio, inserido numa das belas estações do ano.

Como não conceber a existência de um ser universal superior, Senhor de tudo e que estabelece a igualdade entre os iguais e nos oferece as mesmas oportunidades, das quais muitos desperdiçam?

Quando em nossa galáxia, a Via Láctea, onde estamos situados no pequeno espaço destinado ao sistema solar, ao qual pertence nosso ínfimo planeta Terra, por mais paradoxal que pareça, a única morada que conhecemos no mundo material, temos a oportunidade de estudar e apreciar a cronometria e simetria de tudo que nos cerca.

As estações do ano são caracterizadas pela variação da radiação solar que atinge a superfície terrestre durante uma época do ano, estabelecendo as quatro estações diferentes: primavera, verão, outono e inverno.

O movimento de translação, que é o deslocamento da Terra em torno do Sol, juntamente com a inclinação do seu eixo em 23º27’ em relação ao plano orbital, é responsável pela variação da radiação solar que atinge a superfície terrestre. Portanto, durante a translação, cada época do ano apresentará uma estação diferente, que são bem definidas, em especial, nas zonas climáticas temperadas do Sul e do Norte.

De 21 de dezembro a 21 de março, é o verão, a estação mais quente do ano, com dias mais longos. Estação que sucede a primavera e antecede o outono. Árvores mais verdes e carregadas de frutas. A terra recebe mais chuvas devido a vaporação das águas. O céu fica carregado de pesadas nuvens devido o acúmulo de águas dos rios e dos mares transportados para a atmosfera em forma de vapor.

No outono, que vai de 21 de março a 21 de junho, os dias ficam mais curtos e temperatura agradável. As folhas e frutas, bem maduros, começam a cair. Os jardins, parques e campos ficam cobertos de folhas de todos os tamanhos e cores.

O inverno, de 21 de junho a 23 de setembro, que sucede o outono e antecede a primavera, está associado ao ciclo biológico de alguns animais, que se recolhem e entram em hibernação pelo frio intenso, sendo o período mais frio do ano. Seus dias são curtos e escurecem mais cedo.

De 23 de setembro a 21 de dezembro, com o fim do inverno, os dias voltam a ser mais longos e quentes, é a primavera, para mim a mais bela do ano. É o período em que os animais se reproduzem e as aves constroem os seus ninhos. As borboletas e abelhas voam de flor em flor em busca do néctar e produzem o milagre da polinização. A temperatura é agradabilíssima. É uma estação que traz o retrato escancarado do Deus universal que citei acima, que reinventa a própria vida todo momento através da natureza e que passa despercebido por muitos em grandes ou pequenos detalhes.

Estaria eu adotando a teologia Spionoziana? Talvez sim, talvez não.

Mas, também, posso aqui invocar as pessoas de bem para promoverem, que seja através da natureza, o entendimento de que a glória de Deus é que a humanidade tenha vida em plenitude. E promover a vida é a melhor forma de louvar. Esta é uma verdade que muitos homens iluminados que por estas bandas já passaram, assim o fizeram. O louvor é mais que pronunciar elogios à Deus. Glorificar é mais que dizer “glória”! É promover a obra que o Grande Artista criou. Promovendo a solidariedade com os pobres, com os sofredores e excluídos estaremos promovendo esse louvor, pois o torna feito de ação.

Reafirmo que a cada estação, a cada detalhe que me cerca no dia da dia, surpreendo-me, sempre, tentando decifrar este meu grande apego aos símbolos, muitas vezes intrínsecos, até no mais simples acontecimento do dia a dia, essa ligação tão íntima, esse amor tão intenso pela terra e a natureza como um todo e encontro apenas uma plausível explicação no preceito de que  a minha matéria veio da terra, que de invólucro ao meu Espírito apenas serve, mas que um dia para a terra, para a natureza irá retornar e em pó novamente se fará.

 

(José Cândido Póvoa – OAB/GO 7.871)


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