Mesmo sem placas
Redação DM
Publicado em 3 de junho de 2016 às 02:49 | Atualizado há 9 anos
Lendo as epístolas de Paulo, vejo que ele exemplifica a Lei como um tutor, que era alguém, que quando o pai de um menor morria, sendo o herdeiro muito imaturo para tomar posse da sua herança, esse tutor cuidava do mancebo, administrando sua herança, até o momento em que ele tivesse condições de tomar suas próprias decisões. Aquele jovem, se submetia ao seu tutor, fazia tudo que ele mandava, concordando ou não, mas atingindo a maioridade, ele poderia escolher seu caminho, mas isso não altera o que é certo e o que é errado. Agora entra a importância da maturidade. Caso o mancebo enxergasse seu Tutor como um ditador, e não como um protetor, ele fará tudo ao contrário do que ele ensinou, botando a perder toda a sua herança.
Nosso mundo é regidos por uma série de leis e regras. Tão como um tutor, elas organizam a vida em sociedade, para que em tese, que todos tenham as mesmas oportunidades e o mesmo tratamento. São regras que, em geral, estabelecem direitos e deveres, liberdades e limites, remetendo à sua função social de dirimir conflitos e conter abusos. Por exemplo: Uma placa de 80 km/hora não está dizendo que andar a mais de 80 é algo perigoso sempre, mas sim que naquele lugar específico, andar acima dessa velocidade, pode trazer risco de acidentes, lesões ou até a morte. Como alvo principal dessa regra temos a clara tentativa da redução os danos que o excesso de velocidade pode provocar, e não somente a redução da velocidade em si. A regra pode ser infringida, tendo sua consequência, mas ela visa, que os motoristas, sempre a cumpram, mesmo sem placa e que a observância dessa regra se torne um habito, para o bem de todos.
Trazendo para nossa realidade, é comum vermos condutores reduzindo a velocidade ao avistarem o radares exposto e logo em seguida voltam a acelerar quando passam destes. Infelizmente, vivemos num mundo em que as pessoas não tem a plena maturidade, e o autocontrole na escolha de seus atos. Não vivem o discernimento do certo e errado. No Éden a árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, não era uma árvore que daria a Adão conhecimento do que era certo e errado. Ele já sabia bem o que era certo e o que era errado, pois quando perguntado pela serpente qual a razão de não poder comer daquela arvore, prontamente ele responde, que Deus havia dito, que aquilo era errado. Deus era o Tutor, e deixou bem claro que aquela árvore faria mal. A questão não era quais regras deveria seguir, mas quem ditava as regras, mas a serpente convenceu Adão e Eva de que seriam mais felizes, se eles mesmos decidem seus caminhos. Este é um dos principais problemas do ser humano. No Éden, representados por Adão, o ser humano escolheu a sua própria forma de agir, tendo cada um sua régua, não havia mais um padrão, mas sim um novo modo de viver onde a principal preocupação era agradar não mais a Deus, o criador e pai, mas a si próprio, onde vale mais o próprio benefício e o prazer pessoal, não importando quem seria prejudicado. A inconsequência do pecado se fez regra trazendo traumas como: ruptura, contendas, solidão, afastamento de Deus, depressão, guerras, tudo isso, por uma escolha errada.
Somos senhores de nossas escolhas, e a palavra de Deus é o caminho da consciência. Deus nos ajuda a ter autocontrole. É como se Deus nos olhasse como olhou para Adão, ao lhe dar o livre arbítrio, e dissesse: “Você é livre para tocar, fazer, ir e vir, não há regras, mas há consequências pra seus atos, algumas coisas farão você sofrer, evite, não coma dessas árvores, coma da árvore da vida.” Sendo Jesus o único caminho de reconciliação com Deus, creio que, quem a Ele entrega sua vida seguindo Seus passos, atinge por meio da graça a maturidade espiritual e o autocontrole. Isso nos faz ver a Deus não como um tutor, ditando regras o tempo todo, mas como um Pai, bondoso e cuidador. Gerando assim a responsabilidade de cuidar de nossas vidas como um jardim, mesmo sem as placas.
(Fernando Henrique Freire Machado, servidor público, pós-graduado em Gestão de Pessoas e Marketing, secretário geral do PHS Goiânia)