Brasil

Meu nonagenário e bom irmão Geraldo

Redação DM

Publicado em 2 de março de 2016 às 00:27 | Atualizado há 9 anos

Regressei ontem de Búzios onde passei cinco dias e aonde fui a fim de participar da comemoração do nonagésimo primeiro aniversário do meu irmão Geraldo, cujo filho Maurício mora lá há mais de 20 anos, proprietário da Pousada Telhado Verde, próxima à praia de Geribá.

Geraldo é o mais longevo de toda a nossa família. Como todo os filhos de Aristídes Ferreira Barbosa e Eliza Maria de Oliveira nasceu em Morrinhos, na Fazenda Lageado, onde nosso pai era simples agregado. Fez o curso primário no grupo Escolar Pedro Nunes, e o ginasial no Ginásio Senador Hermenegildo de Morais, inaugurado em 1938 sob a direção de padres Estigmatinos. Em 1947 veio para Goiânia. Aqui seu primeiro emprego foi na agência do Serviço de Alimentação da Previdência Social (Saps), instalada por Christovam Santos, que por muitos anos morara em Morrinhos. Meu irmão fez o curso da Escola Técnica de Comércio e em 1950 transferiu-se para o Rio de Janeiro. Em 1956 formou-se em Direito pela chamada Faculdade do Catete. Submeteu-se a concurso público para funcionário da Câmara dos Deputados, nesta começando a trabalhar em 1960, já em Brasília, no exercício do serviço de Tesouraria da Casa. Foi, portanto, dos mais legítimos candangos, aposentando-se na década de 80 como um dos pioneiros do serviço público na capital construída por Juscelino Kubitschek. Há vários que seu aniversário é comemorado em Búzios, embora residente em Brasília. Faço questão de estar sempre presente, pois Geraldo merece todo o carinho da família, paradigma que é de bondade inexcedível. Sua esposa Sebastiana, a Tiãna estimadíssima, lhe é, sempre foi, suporte admirável. Também se fez presente minha filha Eliza Maria, com sua singular comunicabilidade. Geraldo caracterizou-se sempre como ótimo leitor, e para minha satisfação pessoal, sua mais recente leitura foi a do reeditado “Confissões de Generais” e da edição primeira de “Na tribuna da Academia”, trabalhos meus que ele comigo comentou de forma pormenorizada.

Búzios é um lugar a cada ano dos mais interessantes, pela aprazibilidade. Município da Microrregião dos Lagos, do Estado do Rio de Janeiro, é uma península com 8 quilômetros de extensão. Tem 23 praias. De um lado recebe correntes marítimas do Equador e do outro correntes marítimas do Polo sul – por isso tem praias tanto de águas mornas quanto de águas geladas. Algumas das principais delas: Geribá, Tucuns, João Fernandes, Ferradura, Ferradurinha, Armação, Manguinhos, Tartaruga, Ossos, Brava e Olho-de-boi, sendo que esta última é reservada para a prática do naturismo. A exploração do turismo, a ocupação e a valorização imobiliárias de Búzios foram alavancadas pela fama internacional que esta ganhou com a visita por vários dias da famosíssima atriz francesa Brigitte Bardot que, ao lado do namorado marroquino Bob Zaguri, a visitou em 1964. Brigitte tornou-se nome para sempre vinculado à Armação dos Búzios, ou simplesmente Búzios, hoje objeto de visita de turistas de muitos países. A presença maior, muito marcante mesmo, é de argentinos e em segundo lugar de chilenos. Na chamada Orla Bardot, com a imensidão do mar a sua frente, foi erigida interessantíssima estátua da francesinha cuja beleza chamou a atenção do mundo principalmente na década de 1960. É uma estátua fruto do talento de Christina Motta, grande escultora e pintora buziana.

(Vale registrar que o famoso cineasta francês Roger Vadim publicou em 1986 um interessantíssimo livro com o título “Bardot, Deneuve e Fonda – As memórias de Roger Vadim”, no qual relata de forma picante e em estilo saboroso suas relações amorosas com Brigitte, Catherine Deneuve e jane Fonda, três das mais lindas e famosas atrizes daquele tempo. O livro foi editado pela editora Best Seller, uma empresa da Nova Cultural Limitada. São 364 páginas de muito agradável leitura).

De todas as vezes em que estive em Búzios esta, terminada anteontem, foi a que mais me deu a impressão de uma vitalidade turística sempre a aumentar. Simplesmente extraordinária a presença de argentinos e, em plano menor, de turistas do Chile. A verdade é que na primeira vez em que lá estive a população puramente local era de 15 mil habitantes. Hoje já são 40 mil. No auge das temporadas chega a 80 mil pessoas o contingente humano de Búzios. Sem dúvida um belo lugar, a mostrar algumas das belezas que notabilizam o Brasil.

 

(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às quartas & sextas-feiras – E-mail: [email protected])

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