Opinião

Mulher de verdade

Redação DM

Publicado em 11 de março de 2016 às 01:51 | Atualizado há 9 anos

Muito embora não seja poetisa com título de escritora, ou uma personalidade consagrada pela crítica nacional, ou conhecida pelos meios politizados e elitizados, ou então, uma pessoa “badalada” pelas noites “glamourosas” desta sociedade capitalista. Sou apenas uma mulher comum, esposa, profissional do lar, e repleta de tarefas domésticas intermináveis, as quais desempenho com amor, dedicação e responsabilidade.
É sobre esse aspecto, entretanto, que saio do anonimato e faço uma analogia da real situação das mulheres de nossa sociedade; tanto essa mulher que dominantemente ganhou o mercado, quanto aquela que por algum motivo esteja impossibilitada de exercer sua profissão. Pois, as mulheres chegaram a um patamar de poder e provaram que têm todas as condições de assumir responsabilidades e executar um bom trabalho com extrema presteza e pró-atividade.
No século XIX, basicamente, era tida como sensível, dependente, assexuada, passiva e doce. Apenas cuidava de sua família. Ao longo da história, não só conseguiu o direito de igualdade entre mulher e homens, como também, a busca do direito ao seu trabalho e à sua vida. Seguramente, a mulher conquistou espaço na sociedade, e isso, tem sido demonstrado pela sua participação nos setores sociais.
No Brasil, depois de muitos anos de reivindicações e discussões durante o governo do presidente Getúlio Vargas, com a reforma da Constituição, em 1932, as brasileiras ganharam os mesmos direitos trabalhistas que os homens, conquistaram o direito ao voto e aos cargos políticos. Em 1988, a Constituição Federal concedeu a igualdade jurídica entre homens e mulheres. Outro avanço feminino foi a Lei Maria da Penha, em vigor desde 22 de setembro de 2006, garantindo punições àqueles que praticarem violência doméstica e familiar contra mulheres.
Diante do exposto, comprovadamente, é que nas grandes empresas o sexo frágil, fortaleceu, consegue solenemente dominar cargos de chefia, direção, assessoramento, como acionistas e grandes empresárias que lutam com todas as forças e muita competência, procurando o melhor resultado para elevar o lucro e vencer mercado.
Tais mulheres, mães e esposas, que ficam em casa cuidando do lar, também conseguem se qualificar, especializar e se atualizar, que podem contribuir para o desenvolvimento da carreira. Atualização e capacitação são imprescindíveis para a profissional que está planejando seu retorno ao mercado de trabalho. Outro fator importante, que agrega valor ao seu conhecimento é a leitura diária, que favorece o desenvolvimento intelecto e também é o caminho mais curto para adquirir o saber. Dessa forma, a mulher conseguiu formar opinião própria fundamentada, sendo capaz de compreender, reter e interpretar não só o contexto de sua própria vida, mas também o do mundo contemporâneo, tendo como aliada, a globalização, apoiada pela tecnologia.
É claro que nem tudo são flores. Infelizmente, nos dias de hoje, ainda existe uma profunda discrepância de direitos entre mulher e homem, persistindo a desigualdade e a desvalorização salarial entre ambos. Até mesmo a aplicação da Lei de proteção à mulher, a Maria da Penha, que é uma proposta polêmica e inovadora; logo, o que observamos é um número cada vez maior de casos de violência. A lei sozinha é insuficiente e complexa para mudar esses quantitativos de denúncias, todavia, merece conscientização da população e diálogo entre as famílias. Sem falar na jornada de trabalho da mulher, que nos últimos tempos, se tornou dupla, tripla e por aí vai, cotidianamente.
É importante ressaltar que, se trata de um processo ainda em fase de concretização e transformação, ou seja, implica na construção de um conjunto de valores, com o propósito de conceber um mundo mais justo, buscando sempre, novos valores sociais, nova moral e nova cultura. Apesar da caminhada árdua, ainda estão sujeitas a absurdas discriminações e violências. Cora Coralina, ao dizer “Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores”, expressa com autoridade as bravas companheiras que nos ensinam. Afinal, “o que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada”.
Enfim, se compararmos o tipo de vida de nossos bisavós, avançamos muito, e conquistamos a liberdade com determinação, coragem e reconhecimento, ultrapassando os limites. Portanto, o que temos hoje é o desafio de conciliar todos os afazeres e as obrigações familiares e sociais, e ainda, encontrar tempo para ser bonita, atraente, bem humorada e feliz.

(Cleide de Oliveira, professora do ensino básico, contadora, pós-graduanda em Gestão Pública e atualmente dona de casa)

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