MURALHAS DA VIDA
Redação DM
Publicado em 28 de novembro de 2015 às 22:36 | Atualizado há 5 meses“Glória Mariano, que poema mais belo!
Um espetáculo de poema. Não sabia que você
também fazia poemas de extrema qualidade. Parabéns!”
Profº Dr. José Fernandes, da Academia Goiana de Letras
(Se referindo ao poema “Tristeza anônima”)
Poemas e pinturas digitais da escritora e artista plástica Maria da Glória Mariano – Goiânia / GO.
PEDRA MORTA
Ah, se não fossem esses poemas desesperados!
Que cortam minha alma e me sangram os dias.
São gritos soltos nas pedras brutas,
lágrimas contidas nas noites frias.
Ah, se não fosse essa dor que me fere o peito!
Eu não escreveria.
Eu seria pedra morta na encosta da vida.
TRISTEZA ANÔNIMA
Estou doendo no silêncio
da minha tristeza anônima.
Despida de máscaras me escondo.
Passo os dias em vão,
olhando o infinito lá fora.
Sombras de noite sem lua,
vigília de espera, pedra fria.
Estou morrendo de dor!
Estranha à própria alma,
ignoro todas as distâncias,
as inversas ânsias alheias,
em melancólico exílio.
FOGO ANCESTRAL
Bárbaro fogo ancestral
Agoniza através dos séculos,
À luz dos olhos mortos,
Veste a mortalha da terra,
Máculas da vida humana.
Partilha os povos, os tempos,
Chora as mágoas da memória
Nas úlceras de velhas crônicas,
Rompendo estradas, criando mundos.
Medíocre triste luta!
Inconscientes reflexos,
Indumentária cheia de fé,
Na nostálgica muralha da vida.
TEMPO RÁPIDO!
Tenho que abrir meu vinho,
mas já não espero comemorações…
Redefino-me nas cópias do amanhã incerto,
mudando verdades.
Cheguei no tempo da urgência!
Não importa se a vida foi bem ou mal vivida.
Só o agora: criei filhos, enterrei pais e entes queridos.
Renasço a cada dia,
percebo dores e risos desse caminhar,
do tempo que limita e liberta.
Momentos que nascem a cada instante
nos dando novos caminhos.
Tempo de memórias…
Sem medo do que foi embora.
Ser o tempo presente.
Ser feliz agora.
ETERNA PROCURA
Essa sede de infinito,
que rasga a imensidão,
procura, procura, procura…
no conflito de ausências,
razões, explicações, conhecimento
dessa melancolia sem fim…
Daqui uns tempos, não terei mais amanhã.
Serei lembranças na mente de quem me amou;
um porta retrato na gaveta, finito e morto.
NOSSOS CORPOS
Seu mistério está nos meus olhos,
Transcorrendo meu corpo de oceano;
Brincando com meus corais e serpentes,
Com o invisível universo de peixinhos.
Fazendo-me maremoto.
Sou mar imenso envolvendo teu corpo,
Gigante flor de abraços,
E beijos explodindo!
Paixões, emoções guardadas
Entre o hoje e o amanhã.
Centelha do amor em nossos corpos.
ANTAGÔNICA
No querer me ser, fui muitas.
Tantas quantas outras
diferentes, antagônicas.
Dancei no sol, desci nas lavas,
tomei banho de rios,
desci cachoeiras.
Rainha de sonhos,
de praias enluaradas,
velejei sozinha grandes mares distantes
tentando separar a dor da infelicidade humana.
A página Oficina Poética, criada e organizada pela escritora, acadêmica Elizabeth Abreu Caldeira Brito, é publicada aos domingos no Diário da Manhã. Esta é a 196ª edição (desde 8/1/2012). [email protected]