Na próxima semana
Redação DM
Publicado em 13 de julho de 2016 às 01:59 | Atualizado há 9 anosFim de semana, meu amigo. Ocasião de fazeres um autoexame e observar como agiste no decorrer desses sete dias. Se acaso agiste mal, deves esforçar-te a partir de amanhã, para que, na próxima semana, possas agir melhor.
Quanto mais erras, tanto mais amontoas débitos para a tua consciência. E ai de ti, se não colocares um termo nos teus desvarios e desregramentos. Porque um dia as consequências de todos os teus erros advirão contra ti, amarfanhando-te o equilíbrio e desnorteando-te para o campo dos sofrimentos inenarráveis.
Sabes que, na terra, a criatura, muitas vezes, consegue burlar a justiça dos homens, mas nunca, jamais, consegue fugir da Justiça Divina.
Li alhures (Faraó de Mernephtah) a respeito de um sábio superinteligente. No entanto, ele usara mal os seus recursos intelectivos. Profundo conhecedor das realezas transcendentais, compreendeu que, quando deixasse seus desatinos, sua consciência já estaria a inquietá-lo até que pudesse lavar seu espírito delituoso, conforme o ensinamento de Jesus, que nos esclareceu: “Pagarás ceitíl por ceitíl por todos os males que fizeres…”
Esse sábio, então, notando-se na decrepitude dos anos, avizinhando-se do fim, resolveu superar a morte para fugir do próprio abismo. Injetara em sua veia um remédio miraculoso daquela época cujo efeito era o de adormecer o corpo meio século, sem que a morte o visitasse. E fez isso.
Num cubículo bem lacrado, ali permaneceu o corpo do sábio, adormecido, durante longos anos. Todavia, uma serpente, que nascera e crescera naquele espaço estreito, certo dia alcançou o leito do homem, enroscou-se nele e o picou violentamente, no coração.
O sábio despertou de repente com o bote da serpe. Olhou para o seu corpo e o viu enegrecido. Em seguida, morreu. Tentara burlar a Justiça Divina, depois de haver vencido a justiça dos homens, mas, quando chegara exatamente o momento de sua morte, ele despertara daquele sono provocado e sentiu o peso da realidade. Despertara apenas para morrer, conforme seu carma.
No espaço, o penitente chorou lágrimas de desespero. Sofrera os martírios de todos os seus erros durante séculos de padecimentos. Só a Justiça Divina, após puni-lo pelos seus crimes, pode, também, um dia, recuperá-lo para a Luz.
Não penses meu amigo, que vencerás a Justiça Divina, após superares a justiça falha dos homens. E mesmo que não acredites na sobrevivência da alma após a morte do corpo – não abuses da tua liberdade. Procura ser melhor, na próxima semana.
(Iron Junqueira, escritor)