Não há controvérsias
Diário da Manhã
Publicado em 13 de janeiro de 2018 às 21:46 | Atualizado há 7 anos
Haverá paridade entre a doutrina de um pagão e a Doutrina do Cristo? Depende. Sim, quando se trata do trabalho de um pagão que combate o paganismo, como o fez Sócrates / Platão, que podem ser considerados precursores da ideia cristã e do Espiritismo.
As grandes ideias jamais irrompem de súbito, principalmente as que assentam sobre a verdade, que não prescindem de quem lhes prepare os caminhos. Na hora aprazada Deus envia um homem com a missão de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, reunindo-os em forma de doutrina, como ocorreu com a ideia cristã, que foi pressentida muitos séculos antes de Jesus e dos essênios e o trabalho realizado por Sócrates e Platão.
Como o Cristo, Sócrates nada escreveu, teve a morte dos criminosos e ambos foram vítimas do fanatismo, por atacarem preconceitos religiosos; proclamaram o dogma da unidade de Deus, da imortalidade da alma e da vida futura.
A doutrina de Jesus a conhecemos pelo que escreveram seus discípulos e a de Sócrates conhecemos pelos escritos de Platão.
Vejamos alguns pontos de grande relevância, onde depararemos com evidente concordância entre elas.
É notória que a missão divina do Cristo é mais depurada, mais completa, pronta para atender às necessidades do homem mais maduro, capaz de entendê-la de modo mais amplo e elevado, não mais do ponto de vista acanhado dos interesses distorcidos.
Na fala de Jesus e nos escritos de Sócrates e Platão deparamos com os princípios fundamentais do Espiritismo.
Se não, vejamos:
Sócrates/ Platão: O homem é uma alma encarnada. Antes de sua encarnação, existia unida aos tipos primordiais das ideias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles, encarnando e, recordando o seu passado é mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele.
A Doutrina Espírita enuncia a distinção e independência entre o princípio inteligente e o princípio material; é a doutrina da preexistência da alma; fala-nos da vaga intuição que ela guarda de um outro mundo a que aspira; da sua sobrevivência ao corpo; da sua saída do mundo espiritual , para encarnar, e da sua volta a esse mesmo mundo, após a morte. É, finalmente, o gérmen da doutrina dos anjos decaídos.
Sócrates /Platão: A alma se transvia e perturba , quando se serve do corpo para considerar qualquer objeto; tem vertigem, como se estivesse ébria, porque se prende a coisas que estão , por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que, quando contempla a sua própria essência, dirige-se para o que é puro, eterno, imortal, e, sendo ela dessa natureza, permanece aí ligada , por tanto tempo quanto possa. Cessam então os seus transviamentos, pois que está unida ao que é imutável e a esse estado da alma é que se chama sabedoria.
A Doutrina Espírita explica que o homem ilude a si mesmo quando considera as coisas de modo terra a terra, do ponto de vista material. Para as apreciar com justeza, tem de as ver do alto, isto é, do ponto de vista espiritual. Aquele que está de posse da verdadeira sabedoria, tem de isolar do corpo a alma, para ver com os olhos do espírito.
Fácil perceber que entre essas ideias não há controvérsias.
(Elzi Nascimento – psicóloga clínica e escritora / Elzita Melo Quinta – pedagoga – especialista em Educação e escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas escrevem no DM às sextas-feiras e aos domingos. E-mail: iopta@iopta.com.br (062) 3251 8867)