Opinião

Nas competições decentes existem adversários, os inimigos estão no poder

Redação DM

Publicado em 19 de março de 2016 às 00:41 | Atualizado há 9 anos

Certa vez uma educadora contou que em uma arena de rodeio um peão tentava se manter no lombo de um burro, este por sua vez tentava se livrar do corpo estranha sobre ele, não conseguindo seu intento, virou a cabeça e deu uma dentada na perna do peão. Era uma competição entre os montadores, mas, também uma disputa entre homens e animais. Os primeiros eram adversários e deviam obediências às regras, entretanto, na competição os animais não conheciam regras, talvez para eles seus oponentes fossem inimigos. Nas aulas de ciências aprendemos que somos competidores antes mesmo de existirmos plenamente, ainda na corrida pela fecundação do óvulo, durante nossa existência continuamos competindo e sempre procurando melhorar nosso desempenho. Entretanto, existem normas que devem ser obedecidas no esporte, na política, nos negócios e em todos os segmentos. Assim, no esporte as regras determinam as condutas permitidas, a desobediência a invalida e o vencedor é desclassificado. Da mesma forma, fraude em concurso público é crime. Quem sabota o trabalho de um colega na repartição deve ser punido. Não pode ser homologada na política, toda vitória conquistada com a utilização de subterfúgios ou manobras fraudulentas.
Uma disputa leal é salutar, nela, ser adversário não é ser inimigo. Aqueles que defendem uma agremiação ou possuem ideologias antagônicas devem respeitar os adversários, mesmo se os acharem fracos, pois, podem desenvolver e se tornarem fortes. Nos embates leais, os derrotados também ganham melhorando cada vez mais os níveis das disputas. Nossos políticos precisam entender que não devem ser movidos pelo ódio pessoal, nem pelo desejo de destruição, que são sentimentos exclusivos dos inimigos, estes sempre alimentam um sentimento negativo para o outro, surgindo então inimizades pessoais. O político que concentra suas energias na tentativa de destruir o adversário ou para se proteger deles, desvia suas atenções e deixa de cumprir o verdadeiro papel social inerente ao cargo que ocupa, perde a força e comete grandes erros, porque em política os adversários são derrotados, mas, não destruídos nem desmoralizados a ponto de inviabilizar a permanência deles no jogo. Partir no desespero para destruir o outro pode promover o despertar de forças e reações que podem acabar voltando-se contra ele próprio, que momentaneamente está no ataque. Pode deflagrar tormentas que, lá na frente, não o reconhecerão como aquele que as deflagrou e fazer dele a próxima vítima. Quem faz política tratando adversários como inimigos, pode até conseguir vitórias circunstanciais, mas, não consegue construir a carreira que teria condições de construir. Como protagonistas e antagonistas, os políticos são personagens da mesma obra. Os que agem pensando em destruir o outro julgam que ao eliminá-lo terão o enredo só para si. Trata-se de uma ilusão que nunca tem um final feliz.
A abordagem deste texto foi realizada na intenção de evidenciar a importância do respeito nas disputas. Porém, o momento brasileiro é de tomada de consciência e de apuração de fatos delituosos que muito nos envergonham. É evidente a insatisfação nacional diante dos escândalos e manobras visando benefícios pessoais próprios ou de companheiros, sem se importar com os famintos, desempregados e desabrigados que sofrem com insegurança e desassistidos na educação e saúde. Relembrando um pronunciamento do companheiro da “presidenta” quando profetizou: “Pobre que rouba neste país vai para a cadeia e o rico que rouba vira ministro.” Não estamos na Inglaterra, nosso regime é democrático e não votamos em uma figura decorativa para o palácio com um primeiro ministro no comando, isso sim seria um golpe, temos que acreditar na justiça e ela haverá de impedir a volta ou a continuação do domínio desta verdadeira facção. Esta terra ainda vai cumprir seu ideal.

(Natal Alves França Pereira, servidor público, graduado em Ciências Contábeis, filiado à Associação Goiana de Imprensa)


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