Nossa cor: A militância negra deve se posicionar repudiando qualquer espécie discriminação
Diário da Manhã
Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 23:35 | Atualizado há 7 anos
Nas consultas que você já realizou, em quantas foi atendido por um médico afro-brasileiro? O leitor consegue me dizer, quando o Brasil teve como seu primeiro medalhista olímpico, um nadador negro? Conhece o motivo pelo qual os nazistas queriam exterminar os judeus, ciganos, deficientes físicos e homossexuais?
Vivemos fortes reflexos da escravidão no Brasil, ainda nos dias atuais. Quando ocorreu a abolição da escravatura aquele pessoal não tinha para onde ir, eram analfabetos em sua imensa maioria. A solução imediata foi o subemprego. Qual a população de negros, hoje no Brasil, de acordo com o IBGE? E quantos entre estes são senadores da república?! Não vou alardear dados oficiais, caso queira se inteirar melhor, pode acessar facilmente as devidas fontes.
Firmando a conversa na condição do negro, atualmente em uma única palavra, posso dizer: Lamentável! O leitor pode me questionar referente as cotas nas universidades e em concursos públicos, das políticas de inclusão, enfim, pode até me falar que existe um tom mais ameno na palidez dos negros. Ações esporádicas e isoladas, não irão debelar o problema em sua raiz. Há o preconceito internalizado, este que está contido no âmago do cidadão (não é externado publicamente aos quatro ventos, só porque é deselegante e é crime), este é tão devastador quanto aquele ódio declarado. “Ah, se nêguim pudesse ter ao menos um dia no ano, no qual não precisasse se ater a Lei da discriminação racial…” Quando o assunto é a discriminação, a melhora vem em dosagem de conta gotas. Nas primeiras décadas do século XX, alguns dos grandes clubes de futebol brasileiros, não aceitavam negros em seus quadros de jogadores. As frases e as piadinhas referentes a raça negra, estão sempre fixas no subconsciente coletivo. Ditos tipo: “Para um negro, você até que é bonito”. O preconceito flui pelas vias mais sutis possíveis. O sujeito o verbaliza sarcasticamente. A figura não tem preconceito algum; mas, e se a filha chegar em casa apresentando um namorado negrão?!
O panorama atual requer um trabalho pedagógico bem estruturado nas escolas de educação infantil, campanhas publicitárias em vários meios de comunicação apresentando a igualdade racial como tema, e ações estruturadas em políticas públicas voltadas ao inconsciente da massa. É crucial denunciar, buscar o direito na Lei para punir seres que praticam e/ou incitam a intolerância. Legislação existe, as autoridades constituídas e a militância negra devem se posicionar verdadeiramente repudiando qualquer espécie de discriminação. Vale lembrar: Racismo é crime! Mais do que crime; é desumano!
(Ronaldo Marinho, escritor, gestor e acadêmico de Tecnologia em Marketing