O Brasil não pode desistir

Nesses últimos dias ganhou destaque nos jornais, revistas e rádios a divulgação do conteúdo de mais uma delação premiada, dessa vez os empresários Joesley e Wesley Batista entregaram à Procuradoria Geral da República um áudio comprovando a participação do Presidente da República Michel Temer e do Senador Aécio Neves em atos ilícitos. No entanto, o status de novidade se restringe apenas à divulgação, pois o conteúdo da delação não surpreendeu ninguém. Na verdade, pode-se dizer que a cada etapa da operação Lava Jato aumenta a indignação do cidadão brasileiro.

É de conhecimento geral que a corrupção no Brasil não é exclusividade do século XXI, o que diferencia esse momento histórico é que, na atualidade, há investigação e divulgação dos casos, antes inexistente. Apesar de ter um aspecto positivo, a divulgação de quantias reais de dinheiro público desviado soa aos ouvidos do cidadão brasileiro, que realiza uma das jornadas de trabalho mais longas do mundo, como um desaforo.

Além disso, os serviços públicos oferecidos à população, quando existem, são de péssima qualidade. Dessa forma, o trabalhador brasileiro encontra-se em um contexto de completa crise econômica, política e principalmente de valores. Os impostos são pagos, mas o destino desses não é observado nas ruas, nas escolas ou nos hospitais e sim nos noticiários em forma de jóias, casas de luxo e propina.

Diante disso, é fato que precisa haver mudança. Toda crise, por mais árdua que seja, serve para fortalecer e trazer aprendizado. Para a sociedade brasileira esse contexto expõe a necessidade de escolher bem os representantes que serão eleitos, prezando pelo histórico de integridade moral dos candidatos. Os brasileiros não esperam que uma sociedade totalmente igualitária e justa, como a idealizada por Thomas Morus na obra Utopia, seja instaurada já nas próximas eleições, mas que haja ao menos respeito a um povo cansado de lutar por nada mais do que lhe é de direito.

(Waldir Soares, deputado e delegado)