O drama do crescimento desordenado
Redação DM
Publicado em 15 de dezembro de 2015 às 00:08 | Atualizado há 10 anosDesde a idade média, em especial quando da extinção do feudalismo e fortalecimento dos centros urbanos, acentuando assim o êxodo rural, as cidades passaram a ser vistas como símbolo de prosperidade e desenvolvimento, principalmente quanto maiores fossem.
E assim vem acontecendo ao longo dos séculos, municípios cada vez mais lotados de pessoas, pessoas que necessitam de serviços básicos de saúde, educação, transporte, segurança e moradia e que não são atendidas pelo poder público, tampouco conseguem ser absorvidas pela oferta de trabalho disponível.
Junte-se a essa situação o grave problema das drogas, tão facilmente comercializadas, e se tem um exército de cidadãos à margem da sociedade, sem perspectiva, sem esperança e gerando mais e mais pessoas – o quadro não é alentador.
Cidade grande deixou de ser sinônimo de progresso há bastante tempo, então porque insistir em transformar pequenas cidades em grandes centros? – Obviamente, existe um fator pecuniário facilmente visível, além de outros mais ocultos: o número de habitantes é índice de partilha tributária ou participação em programas governamentais mundo afora, portanto, infle-se a casa.
Além desse aspecto da condição humana relegada a terceiro ou quarto planos, há também, como foi citado genericamente, outros detalhes que pioram a vida dos munícipes: trânsito, alagamentos, escassez de água, crianças sem creches ou escolas, crimes diversos.
É preciso pensar a cidade (como gostam de dizer) de maneira a prevenir essa condição antes que a mesma ocorra ou perverta-se mais: limitação para novos loteamentos, regularização e acompanhamento das famílias em risco, vinculação orçamentária para construção de hospitais e escolas, fiscalização e reparação dos sistemas de saneamento, adoção de medidas incentivadoras ao ruralismo empreendedor, atração de investimentos econômicos de resultado, enfim… medidas sérias e constantes.
A questão aqui não é limitar o número de pessoas, pois tanto se pode ser problemático viver em um aglomerado de dez mil como em outro com um milhão, discute-se a ação de acomodação dessas pessoas e seus efeitos no todo, até porque a humanidade, por uma conclusão matemática, cresce exponencialmente – não são projetos para agora, mas para daqui a 30 ou 50 anos, quando a coisa estará certamente muito pior e isto vale para as já enormes megalópoles, bem como para as médias e mesmo, as pequenas cidades.
Existe um problema, cujas conseqüências são de pleno conhecimento das autoridades, ignorá-lo é escolher um futuro tenebroso para todos, inclusive para quem fez pouco caso, é preciso agir hoje de forma a amenizar a realidade a ser construída, sob o risco de vivermos todos excluídos de uma qualidade de vida minimamente razoável.
(Olisomar Pires, escritor – olisoblog.com)