O Estrangeiro
Redação DM
Publicado em 11 de janeiro de 2018 às 00:29 | Atualizado há 9 meses
O Estrangeiro é a aquele filme de ação que recicla elementos consagrados do gênero, não traz uma história original ou surpreendente, e se apoia, em toda sua essência – desde roteiro, ação e divulgação – na força do seu astro. A figura em questão é ninguém menos que Jackie Chan, que já faz um tempo que diminuiu o ritmo, mas ora e meia retorna em seu estilo conhecido de bastante esforço físico e humor.
A proposta, portanto, trazida pelo diretor Martin Campbell (007 – Cassino Royale, A Máscara do Zorro) com este O Estrangeiro é justamente colocar Jackie Chan em posição poucas vezes vista em seu currículo profissional: o de ser um ator dramático. Sem apostar nas gags físicas e caricaturais que sempre foram a marca registrado do astro, o filme coloca Chan como herói de ação angustiado, machucado pela vida e os anos de trabalho. Um sujeito que ao perder a filha em uma explosão, inicia uma busca incansável para descobrir os responsáveis e se vingar pela perda. Tudo com bastante dramaticidade e clima denso.
Reciclar algo nem sempre é ruim. Há reciclagens ótimas que rendem filmes empolgantes como Busca Implacável, John Wick e tantos outros. Um filme de ação como este que utiliza o peso de seu astro para vender sua narrativa, e que aposta em uma trama rasa, previsível e clichê, o interesse maior é justamente embarcar na volúpia da ação e se divertir. O Estrangeiro consegue proporcionar minutos gratificantes. Acompanhar as táticas e estratégias do personagem de Chan proporcionam bons momentos. Chan convence em sua seriedade e ainda possui carisma, e disposição, para fazer ação.
Entretanto, O Estrangeiro traz outro problema da grande maioria dos genéricos. Há genéricos que se prezam em criar cenas diferentes, e criativas, de ação. Mas, infelizmente, isto não acontece aqui. Não há nenhum momento memorável ou marcante, e instantes depois mal lembramos de como foi a luta que acabou de acontecer. É um genérico básico que almeja vender um bom passatempo, vende, mas não fica com o público após a sessão. Se esta era a intenção dos realizadores, bem, o resultado, podemos dizer, foi positivo.
O Estrangeiro não é uma obra que se destaca na carreira de Chan, mas agrada e não traí sua proposta original.
(Matthew Vilela, comentarista de cinema do DM e do blog “Blog do Matthew Vilela”)