O inadmissível preconceito contra Iris Rezende
Diário da Manhã
Publicado em 26 de agosto de 2016 às 02:16 | Atualizado há 9 anosAté pela longevidade na vida pública, Iris Rezende Machado, candidato mais uma vez ao trono da prefeitura de Goiânia, é um alvo perfeito para ataques de todos os matizes. Mantém, dependendo do ângulo que se examina, um curriculum de ações notáveis ou de erros que se abomina. Faz parte. O homem já foi governador, realizando obras que se erguem na imponência do Estado, Ministro da Justiça e Ministro da Agricultura e, nesse cargo, leva o mérito de ter viabilizado uma saudosa super safra.
Os desafetos alardeiam suas posições ditatoriais, gritam que ele persegue os funcionários públicos, que fatiou e vendeu Goiânia para os abutres da especulação imobiliária e que traiu o eleitor deixando de cumprir o mandato até o fim. Se fuçar existe um rol de queixas. Isso, também faz parte.
O que considero inadmissível, injusto e improdutivo, são as atuais escaramuças nas redes sociais num criticismo raso relacionado à sua idade. Essa posição é bem do espírito brasileiro que cultua o corpo e a aparência em detrimento da experiência e de atributos que só a velhice proporciona. Iris deve ser analisado pelo seu caráter, pela sua ética e pela capacidade administrativa. Alardear que não merece o cargo porque tem 83 anos é um absurdo preconceito.
Como afirma o escritor alemão Hermann Hesse: “Creio que se pode traçar uma fronteira muito precisa entre a juventude e a velhice. A juventude acaba quando termina o egoísmo, a velhice começa com a vida para os outros. Ou seja: os jovens têm muito prazer e muita dor com as suas vidas, porque eles a vivem só para eles. Por isso todos os desejos e quedas são importantes, todas as alegrias e dores são vividas plenamente, e alguns, quando não veem os seus desejos cumpridos, desperdiçam toda uma vida. Isso é a juventude. Mas para a maior parte das pessoas vem o tempo em que tudo se modifica, em que vivem mais para os outros, não por virtude, mas porque é assim. A maior parte constitui família. Pensa-se menos em nós próprios e nos nossos desejos quando se tem filhos. Outros perdem o egoísmo num escritório, na política, na arte ou na ciência. A juventude quer brincar, os adultos trabalhar.”
Isso significa que não existem jovens com espírito público e dedicação ao próximo? Claro que existem. Muitos. Mas é fato que, ao passar dos anos, nos aflige uma calmaria, uma paciência e um desejo natural de cumprir uma missão para fechar o rito da vida com um carma menos pesado.
De forma alguma entendo que o eleitor deva votar em Iris acreditando nas virtudes da velhice. Menos ainda deixe de apostar nele por isso. Considero uma covardia usar sua idade avançada para atacá-lo na base de chacotas e peças carregadas de azedume. Essa tática, até pelo estatuto do idoso, deve ser rechaçada pelos homens de bem. Esse é o ponto principal. Ou será que existe algum mortal que, permanecendo vivo, não envelhecerá? Em qualquer nação que mereça o título de civilizada, existe o culto aos veteranos. Um respeito fruto da inteligência.
(Rosenwal Ferreira, jornalista e publicitário – twitter: @Rosenwalf / facebook/jornalistarosenwal / www.rosenwalferreira.com.br)