O líder comunitário, seu filho e o Diário da Manhã
Diário da Manhã
Publicado em 16 de março de 2016 às 02:20 | Atualizado há 9 anos“Enquanto governos tiranos ainda sobem ao poder e enquanto parlamentares ludibriados pelas benesses do ‘rolo compressor’ do poder majoritário maculam o parlamento, o Diário da Manhã continua transmitindo a voz das ruas”.
O dia amanheceu na Região Leste de Goiânia e o sr. Nolberto (seu Dete) nascido no ano de 1938, baiano, morador de Goiânia desde o ano de 1949, presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Riviera, alto, moreno queimado de sol, calvo, de uma educação bem peculiar, uma voz impostada e grave que, nos faz lembrar os antigos radialistas, já está de pé e pedalando uma bicicleta Monark, trazendo seu filho, Giovani à garupa, ambos deslocam-se em direção à Redação do jornal Diário da Manhã, localizado em Goiânia, entre os setores Vila Nova e Universitário. Enquanto o sr. Nolberto pedala, o seu filho, na época, cabelos castanhos, magro, alto e no auge da adolescência, submisso ao pai, pois sempre o acompanhou nos embates da vida comunitária, da traseira da bicicleta viaja na imensidão das interrogações.
Por que o pai agia assim? Será que compensaria todo aquele trabalho voluntário? Será que alguém reconheceria tal trabalho? Por que enquanto as autoridades constituídas: presidentes, governadores, senadores, deputados e vereadores ganham exorbitantes salários, um líder comunitário não tem nenhum tipo de remuneração? E, por que nem mesmo lhes são oferecidos um vale transporte? A bicicleta sai do Conjunto Riviera, passa pelo Jardim Brasil, pelo bairro Água Branca, atravessa parte do Jardim Novo Mundo, entra no Jardim Goiás e avança em direção ao Setor Universitário, chegando finalmente ao destino: o jornal Diário da Manhã. O ambiente externo da sede do Diário da Manhã sempre encheu os olhos de Giovani, árvores sempre verdes, obras de artes em formas de estátuas, uma fonte de água corrente com uma bela sereia de concreto sempre a tomar banho. No portão de entrada do jornal está uma estátua gigante de Fábio Nasser, jornalista, visionário e grande idealista que fora colhido dessa vida na primavera da existência prematura e passageira. Ao lado da estátua, um belo poema de Fábio, com o título: “As ideias Sonham.”
O líder comunitário à frente e o filho atrás vão adentrando pelas dependências do jornal, onde sempre foram bem recebidos por todos, principalmente pelo jornalista Batista Custódio, símbolo vivo eterno do jornalismo goiano. Batista Custódio e Nolberto sempre trocaram diversas ideias, começando pelas ideias nostálgicas dos anos de 1950 e 1960 em Goiânia, época do extinto Cine Casa Blanca, localizado no Centro, cinema no qual Nolberto trabalhou por muitos anos como lanterninha, cinegrafista e bilheteiro. Eles terminavam os assuntos falando de política e de liderança comunitária. Desde o Cinco de Março e posterior o Diário da Manhã, todos os segmentos organizados e representativos da sociedade goiana tiveram e continuam tendo amplo espaço. Seu “Dete” sempre trazia algumas reivindicações que, ainda hoje continuam sendo pleiteadas pela população: melhoria na segurança pública, operação tapa buracos no asfalto do setor, recapeamento de ruas, melhoria no transporte coletivo, rede de esgoto, poda de árvores, patrolamento do campo de futebol, melhoria da saúde, troca de lâmpadas, iluminação pública e outras.
O tempo passou e o garoto Giovani, inspirado no idealismo do pai, sr. Nolberto, tornou-se filósofo, professor, escritor, poeta, pastor evangélico, isso para o orgulho dos pais: Nolberto e Zilda. O sr. Nolberto, hoje, com seus 77 anos de idade e residindo atualmente no Setor Aeroporto, região Central de Goiânia, continua com o seu idealismo comunitário, testemunhando da história de Goiânia e bastante atento aos acontecimentos da vida política e comunitária de Goiânia e de Goiás. Os anos passam, mas o jornal Diário da Manhã, na pessoa do jornalista Batista Custódio e da sua competente equipe, continua sempre com os mesmos ideais: liberdade de espaço, direito de resposta, igualdade, solidariedade, humildade, e acima de tudo, o respeito para com a pluralidade de ideias que é a base sólida da democracia.
(Giovani Ribeiro Alves, filósofo, professor de Filosofia no Colégio Estadual Vida Nova e no Instituto Bíblico de Campinas,ambos em Goiânia, escritor, poeta, membro da Associação Goiana de Imprensa e articulista do Diário da Manhã)