O Natal e o empresário
Diário da Manhã
Publicado em 25 de dezembro de 2017 às 22:01 | Atualizado há 7 anos
Ontem à noite andando pela cidade me dei conta que de que o Natal chegou. Lembrei-me do tempo de criança quando aguardava ansioso por essa época do ano. Naqueles dias, ainda criança, escrevíamos cartinhas para o Papai Noel aguardando com ansiedade sua resposta, sempre ponderando na pergunta de nossos pais: você foi um bom menino neste ano? A pergunta assim de supetão, de certa forma, nos deixava com medo da resposta que poderia vir do próprio Papai Noel. Era tempo de alegria e muita magia. O tempo passou, crescemos e nos deparamos com a vida adulta. O natal ainda nos encanta, mas foi ofuscado pelas angustias que cercam o amadurecimento.
Na vida adulta, como empresário do ramo contábil e jurídico, tenho encontrado muitos “garotos” da minha época que ainda esperam as boas novas do “bom velhinho”, mas vivem momentos de apreensão.
Nossos medos agora assumiram outras dimensões. São homens e mulheres de negócios, verdadeiros heróis que buscam dia apos dia gerir suas empresas, equilibrando-se em uma corda bamba assumindo riscos para gerar empregos e renda e fazer do Brasil um País de empreendedores.
Dados divulgados pelo governo federal informam que, anualmente, algo como 600 mil empreendimentos são abertos no País. Além disso, hoje já são mais de 1,5 milhão de microempreendedores ao longo do mapa e um terço da população economicamente ativa tem o seu próprio negócio.
Como empreendedores, descobrimos que apesar das luzes da cidade indicarem que já é natal, nossas brincadeiras de crianças foram substituídas por outras atividades. Nesta época nos dedicamos ao planejamento orçamentário das empresas para o próximo ano, revisitamos contas, calculamos custos, projetamos resultados e tentávamos criar formulas para sobreviver como empresários.
Nós crescemos e ainda nos encantamos com o Natal, mas por meio da dura realidade da vida adulta, percebemos que o medo dos dias de criança se avolumou. Hoje assumirmos riscos e convivemos a cada dia com os desmandos da gestão publica, que geralmente, nestes dias que antecedem o natal, só falam de uma coisa: a necessidade de aumentar impostos.
Para os governos que têm na arrecadação tributária uma fonte “inesgotável” de renda, essa é melhor época do ano. É a época da correria legislativa, visando alterar decretos, leis, editar novas regras tributárias para vigorarem no ano vindouro, sempre visando o aumento de tributos. São cartas diárias, que partem de Brasília, das Assembleias Legislativas nos Estados e das câmaras municipais, espalhadas pelo Brasil, e que nos chegam diariamente por meio da mídia, informando da “inadiável” necessidade de aumentar impostos para manter o “equilíbrio das contas publicas”.
Sim, nós crescemos e ainda nos encantamos com o Natal, porém descobrimos que mesmo sendo “bons meninos” no ano que termina, “Papai Noel”, o “bom velhinho”, não mora no Polo Norte e nem anda de trenó. Temos a impressão que ele mora nos palácios dos governos, anda de carro preto com placa oficial e vive uma eterna festa, só aumentando impostos não fazendo gestão responsável dos recursos públicos arrecadados e impondo dia após dia uma carga tributaria insuportável sobre o empresariado e trabalhadores brasileiros.
(Ivan Lima. Advogado tributarista e contador, diretor da KBL Accounting – email: ivan@kblcontabilidade.com.br)