O Pierre, o Gerson, a ortografia
Redação DM
Publicado em 16 de março de 2017 às 02:23 | Atualizado há 8 anos
Pierre Sobrinho Lopes nasceu, no ano de 1944, na “Cidade Abelha”. Também o fiz em 1944, mesma cidade. Ele jogou futebol, eu brinquei de fazê-lo. Ele foi astro nos campos de terra e sobre a relva, honrou a camisa da Associação Jataiense e a do Botafogo, os clubes amadores que deram sabor especial ao esporte bretão da nossa Jataí por volta da segunda metade anos sessentas( disse-me um professor de português que é anos sessentas, não anos sessenta). Tinha técnica para defender clubes de vanguarda do Brasil, mas ficou na Colmeia, onde se casou com a hoje senhora Abadia. São os pais do Reidner, Wander, Vânia e Pierrinho. Vânia é matrimoniada com Dauster Júnior, sobrinho paterno da minha esposa, meu pelo coração e nosso afilhado. Reidner, se não me trai a memória, jogou na Jataiense, mas cruzou fronteiras e se viu titular, dentre outros, do tradicional Botafogo de Futebol e Regatas. Rarass vezes, e sempre pela TV, vi o Reidner a jogar.
Volvemo-nos ao Pierre. Tenho a impresso de que, na década de 1951-1960, ele e eu participamos de “peladas” no “campinho dos padres, situado em frente ao então Hospital Regional e aos fundos do sobrado onde mora o bispo católico. Naqueles idos, no piso desse prédio funcionava a Escola Paroquial Santo Agostinho, da qual, em 1957, fui expulso pelo abjeto padre Miguel, o diretor, na cumplicidade de uma professora injusta e carola. No andar superior moravam os abatinados. Salvo engano meu, Pierre estudou nessa escola mesquinha. Para mim ele foi “O gerson de Jataí”. Sim, “gerson de Jataí”, inicial minúscula porque, no caso, é substantivo comum. Seu jeito de jogar se assemelhava ao do Gerson Nunes de Oliveira, o “Canhotinha de Ouro” campeão do mundo na maravilhosa Seleção de 1970, craque do Flamengo, Botafogo, São Paulo e Fluminense.
Acredito que, de cada dez pessoas,nove redigiriam “O Gerson de Jataí”. Escreve-se os “Eduardos Cunhas da vida”, “Carlos é o Pelé desse time”, “Foi um Deus-nos-acuda”. Deve-se grafar os “eduardos cunhas da vida”, “Carlos é o pelé desse time”, “foi um deus nos acuda”.
Em linhas anteriores eu disse que o campinho dos padres situava-se “aos fundos” do prédio onde mora o bispo católico romano. Estivesse esse campinho na traseira interna do edifício teria que usar “nos fundos”. Rio Grande do Sul está no sul do Brasil; República Oriental do Uruguai fica ao sul do nosso país.
Por que a imprensa goiana insiste em desprezar o hífen exigido pela legislação pertinente nos adjetivos oriundos de substantivos compostos? Sabemos que brasileiros desprezamos o Brasil e o seu idioma , mas os meios de comunicação deveriam obedecer a ortografia. Quem mora em Santa Helena de Goiás é santa-helenense, nõo santahelenense. Também pudera, com Mendoncinha na Educação regra ortográfica é coisa secundária. Vila-novense é torcedor do Vila Nova; vila-boense se refere à cidade de Goiás, antiga Vila Boa.No Estado de São Paulo os periódicos registram ponte-pretano, são-paulino, mas aqui, talvez por termos mais prestígio nacional do que os paulistas, ficamos com vilanovense, vilaboense, santahelenense, rioverdense e por aí afora. A loja maçônica pioneira do Sudoeste e da qual sou membro desde 29.4.1976, fundada dia 11.5.1936, tem por nome “Estrella Rioverdense”. Sobra letra no primeiro termo e falta hífen no segundo. Lamento.
(Filadelfo Borges de Lima, 72 anos, autor de vários livros, auditor fiscal aposentado de Goiás, sócio fundador da “Academia Rio-Verdense de Letras, Artes e Ofícios”, maçom 33, natural de Jataí, reside em Rio Verde desde 1973)