O PT vai eleger a direita outra vez
Diário da Manhã
Publicado em 25 de outubro de 2018 às 23:36 | Atualizado há 7 anos
Eu votei em Ciro Gomes no primeiro turno e no segundo vou votar em Haddad.
Em 1989, Lula, o candidato do PT, foi classificado para o segundo turno para disputar com Collor, o candidato da direita arreganhada e da Globo. Leonel Brizola ficou em terceiro lugar e Mário Covas foi o quarto colocado.
Em todas simulações, tanto Brizola e Covas ganhavam de Collor, mas Lula perdia, e perdia feio como perdeu. Foi aí que Brizola propôs que o segundo colocado, Lula, e o terceiro, ele mesmo, Brizola, renunciassem e cedesse lugar na disputa a Mário Covas para derrotar o candidato da direita.
Lula preferiu ser derrotado e ajudar a eleger Collor. Agora, a história se repete: Ciro Gomes derrotaria com facilidade o candidato da direita fascista, o capitão Bolsonaro, conforme todas as simulações.
A senadora Kátia Abreu propôs a renúncia de Haddad, para Ciro Gomes derrotar Bolsonaro. O PT se comportou igual rádio velho – nem ligou.
Nesse segundo turno, o PT vai perder feio e ajudar eleger o candidato fascista de direita.
Com a ascensão de Bolsonaro, Lula ficará muito mais tempo na cadeia.
Na última segunda-feira, o senador eleito pelo Ceará Cid Gomes disse em um comício do próprio Haddad que a farra, os erros e a falta de autocrítica do PT criaram esse monstro político, o capitão Bolsonaro.
E o capitão conseguiu levar a sucessão para o terreno moral, para não se discutir as questões estruturais e imediatas do Brasil, como o desemprego, a educação, a justiça social, o sistema financeiro excludente e pornográfico.
E o retrocesso será instalado no País em sua forma mais perversa e brutal, que é o fascismo religioso, onde a regra geral é o hábito da violência, estimulada de cima para baixo.
O celular nas mãos do analfabeto político é mais tóxico do que cocaína injetada na veia, é letal. E é pelo celular que o povo brasileiro vai para as urnas votar contra si mesmo, ensandecido pelo ódio destilado nas redes sociais.
Noutro dia, o filho do capitão Bolsonaro saiu com essa pérola de ameaça, como mandando um recado do pai: “Para fechar o supremo Tribunal Federal, basta um cabo e um soldado”.
E logo depois, o capitão veio par a televisão rosnar o seu machismo duvidoso, referindo-se aos seus filhos homens: “Primeiro, eu fiz quatro filhos machos, mas depois, não sei porquê, eu vacilei e nasceu uma mulher”- basta de tanto ódio. Essa filha não o perdoará nunca. Nem eu.
O Brasil já entrou no clima da violência, e amanhecerá na próxima segunda-feira anunciando um mar de sangue dos pobres, dos pretos, dos índios e de outras minorias.
E, além do mar de sangue, o Brasil estará mergulhando em um mar de lama também. E aí será tarde demais: a lambu já voou com a moita e o boi já correu com a corda.
(Carlos Alberto Santa Cruz, jornalista)