Opinião

O retorno de Joana Darc à pátria espiritual

Redação DM

Publicado em 26 de junho de 2015 às 00:14 | Atualizado há 10 anos

 

Depois de urdir seu último e muito bem arquitetado projeto reencarnatório, veio ao planeta Joana Darc na condição de filha biológica de Sirlene Inácia de Lima e Vilmar Martins Araújo, neta de Joana Assis Lima residente na cidade apiária e do nosso irmão Acácio Costa Lima que regressou à pátria da verdade a 16 de setembro de 2015. Aportando ao mundo das formas em 30 de novembro de 1977 na bela e hospitaleira cidade de Jataí, incrustada nas barrancas do Rio Claro, no Sudoeste de Goiás revestiu-se na  indumentária física feminina e recebeu na pia batismal e no cartório de registro civil o nome de Joana Darc de Lima. Sua ligeira passagem pelo orbe percorrendo os íngremes, tempestuosos e abençoados caminhos da vida temporal haveria de ser uma trajetória pontilhada de espinhos e de flores, de tristezas e alegrias, de lutas, de esperanças e de vitórias incontáveis.

Aos dois anos de idade, vitimada pela presença da ausência de seu pai biológico foi agraciada com a paternidade espiritual do padrasto Luiz Divino Ribeiro de Oliveira que acabara de consorciar-se matrimonialmente com sua mãe. Fruto desta união harmoniosa e prolongada nasceu sua irmã Louise Lima Ribeiro Liah casada com o engenheiro civil Elias Rodrigues Liah e mãe do pequeno Pedro Ribeiro Liah.

A infância humilde e singela de Joana foi vivida na gostosa companhia da mãe, do padrasto, da irmã, da Joaninha, a avó materna da tia Sioene Assis Lima Carvalho, nas cidades de Jataí, Cuiabá e Goiânia.  Ainda extremamente jovem corpo esbelto, músculos ágeis, beleza física exuberante e com apenas 17 anos uniu-se ao também garoto Washington Borginho e deste relacionamento adveio o nascimento do estudante Lucas de Lima Borginho, hoje com 19 anos.  De seu casamento civil com David Vitória nasceu a bela e graciosa Gabriela Vitória de Lima Monteiro, também estudante.

Divorciada legalmente do pai de sua filha, Joana viveu maritalmente com Rodrigo Matias por mais de 10 anos em união estável e harmoniosa. De algum tempo a esta parte   antevendo a brevidade de seus dias aqui na face escura do planeta formoso deixou-se envolver por um doce e aguçado sentimento de fraternidade  e manifestou o enorme desejo de avistar-se com seu pai biológico. Ousada e audaciosa saiu a campo e foi em busca do médico veterinário Vilmar Martins. Além de encontrá-lo conheceu e passou a relacionar-se  amoravelmente com suas irmã Renata, Marina e Paula, filhas de um outro relacionamento de seu genitor.

A sua, vaticinavam os astros, haveria de ser como efetivamente foi uma trajetória  extremamente singela, humilde e vivenciada com determinação e coragem numa busca incansável da serenidade e da paz.  Jornadeando pelos íngremes e abençoados caminhos da vida imperecível a sua grande preocupação como a da quase generalidade dos seres humanos haveria de ser uma luta sem tréguas em busca do autodescobrimento. As pessoas que compartilhavam com ela as experiências diárias afirmam com a mais absoluta convicção que Joana trazia em sua bagagem um enorme desejo de buscar a paz interior. De algum tempo a esta parte ela decidiu estender ao próximo as mãos do amor e da caridade passando a frequentar e prestar serviços voluntariamente aos irmãos do caminho abrigados na Sociedade São Vicente de Paulo, situada nas proximidades da Santa Casa de Misericórdia.  Desprendida de bens materiais, humilde e generosa aquela jovem alegre, sorridente e amável aprendeu a acolher os mais humildes demonstrando por eles acendrado amor. Em suas andanças pelo caminho do tempo nesta breve e meteórica passagem por nossa nave planetária, Joana deixou pelos caminhos por ela percorridos com tenacidade a marca indelével de quem viveu a experiência de ser uma filha amável e extremosa, mãe dedicada e amiga, irmã fraterna e solidária, amiga leal e sincera, excelente neta e sobrinha fraterna e respeitosa.  Em materializando este sentimento registramos aqui as manifestações comprobatórias desta cristalina verdade advinda das pessoas que mais de perto compartiram de sua intimidade. A mãe Sirlene sentenciou: “Amorável e prestativa Joana Darc foi uma filha excelente, um presente de Deus.” E nesta mesma sintonia a palavra da irmã Louise Lima Ribeiro Liha: “Minha irmã Joana Darc é uma alma boa e generosa que ao partir deixou uma lacuna impreenchível em nossos corações.” O filho Lucas diz que ela foi sua confidente, a melhor amiga e uma mestra que deixou muitos ensinamentos. A filha Gabriela Vitória afirma que amável e sorridente ela foi uma  mãezona, espiritualmente muito presente na sua vida e na vida do irmão mais velho.

A tia Sioene com ela conviveu por algum tempo relata emocionada que a sobrinha “sempre foi uma pessoa amável, sorridente e generosa especialmente com as pessoas mais humildes e carentes. Ela passou a vida inteira buscando obstinadamente a paz interior que só agora naturalmente encontrou. Joana teria deixado o nosso convívio e partido para a eternidade quando estava de bem com a vida, com os filhos, com a família, com religião, com o trabalho e com o novo namorado.” Joana Darc teria partido muito feliz. Saudosa Joaninha sua avó materna teria afirmado que a primeira neta se ausentou precocemente deixando um rastro de saudade em nossos corações.

Em verdade o que pareceu um fato inusitado para seus familiares e amigos não foi nenhuma novidade para ela. Agraciada por uma aflorada mediunidade premonitória Joana anteviu por força da misericórdia divina sua própria desencarnação. Estava consciente de que se aproximava o azado momento de deixar o ergástulo carnal e partir em demanda da eternidade em busca de mais luz. Vezes tantas afirmou com a lucidez de sua brilhante e privilegiada inteligência: “Meu tempo aqui já venceu partirei logo e de forma trágica.”

Consciente de que estava prestes a regressar à pátria espiritual apressou-se em resolver todas as suas pendências pessoais antes e partir. E naquela bela e alegre manhã de sol do dia nove do corrente quando jubilosa e feliz se diria ao trabalho foi vitimada por um gravíssimo acidente de trânsito de consequências materiais imprevisíveis. Enquanto estertorava o corpo físico, a alma bela e encantadora de nossa princesa deixava a veste carnal para demandar voos mais altos nas asas do amor e da sabedoria desejosa de habitar uma das muitas moradas da casa do Pai. Ao regressar à pátria da verdade deixou uma saudade enorme na mente e no coração de seus familiares e amigos diletos. A presença de sua ausência fez com que um enorme vazio invadisse temporariamente nossos corações doridos e saudosos.  Ousamos acreditar que ela aguardava com serenidade o findar da vida física como se fora ele uma libertação o que só ocorre eventualmente com as almas iluminadas.

Desejamos nesta homenagem derradeira tributar à esta alma boa e generosa que aos olhos humanos precocemente regressa à pátria espiritual o preito do nosso reconhecimento e da nossa gratidão. Para tanto a ela endereçamos nossas mais sublimes vibrações de amor e de luz, com votos de muita paz. Vai pequena guerreira “rompe os ares, os céus os mares Deus ao chão não te amarrou”. Nunca se esqueça de que “se na terra é noite ainda já começam a aparecer as primeiras clarinadas do amanhecer”.

 

(Irani Inácio de Lima, advogado e conselheiro da Associação Jurídico Espírita do Estado de Goiás – [email protected])

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