O trabalho honesto alimenta a saúde física e mental

A maioria da sociedade brasileira continua ainda honesta e laboriosa, no entanto, leitor, a degeneração dos costumes caminha a passos largos, é preocupante o avanço dos maus costumes, de cada três negócios que se realiza, arrisca cair um deles, na boca do lobo, todo cuidado é pouco. Alguma coisa ou providência terá que ser feita e ela passa necessariamente pela escola, porém, nela, a moral e civismo que no passado era ministrada, embora precariamente nas salas de aulas, desapareceu. A política, política como arte de promover o bem estar da sociedade, fazendo-a feliz, anverso da outra, a má, ora comunal na esfera pública, arte de ludibriar os outros, nestes outros, o erário, cresce como erva do diabo; a sadia, altiva, de respeito mútuo, respeitar para ser respeitado, vem fenecendo, fenecendo a passos largos, justamente por falta da bendita política, política educacional de qualidade, no curto, médio e longo prazo.

Boas maneiras, maneiras saudáveis, verdadeira cidadania de que tanto se fala e pouco se pratica, ampliada, em muito, com moral e civismo, ora, ensinados nas salas de aulas de forma precária, além do mais, complementados, com a disciplina de educação política, teoria e prática, que, na realidade, deveria estar sendo ministrada, desde os primórdios da república. Lastimável, os opositores dessa tese poderão questionar, mas como fazer isto, se nem escola havia naquele tempo? Com efeito, na época, realmente, a sociedade de então, vivia marginalizada do conhecimento, do saber. A escola era privilégio de poucos, entrementes, agora, ela está presente, há mais de duas décadas, em todo o território nacional, e o que fazem, então, os milhares de gestores públicos contratados e bem pagos para servir, com esmero o município, estado e o país?

Essa cadeira, disciplina de moral e civismo, tinha que ser ampliada, em quantidade e qualidade, fazendo-a intensiva nas salas de aulas, associada a uma interação ativa, robusta: escola família, família escola, onde o próprio aluno, bem instruído, passaria a ser o emissário inteligente do processo. Deus, senhor supremo do Universo, comunica com a gente por meio da inteligência, e, no momento, se torna, mais do que nunca, imperativo, intensificar, ao máximo, aludida interação. Para chegar à plenitude democrática, consolidar a república, é necessário, em primeira mão, acabar com a roubalheira endêmica que assola o país, intensificar a moralização dos costumes, cultivar valores, derrogar privilégios, e, consubstanciado a eles, a politização de nossa gente. Afinal, ao continuar teimando em ignorá-la nas salas de aulas, estão servindo ou traído a pátria, nossa mãe comum?

Voltando ao título, objeto deste artigo, o trabalho honrado, sem velhacaria, tanto físico como intelectual alimenta, e bastante, a vida. Quando você realiza, empreende o trabalho físico, estabelece as condições para uma alimentação saudável, mais o processo prossegue em cadeia. Não para aí, pois ao transpirar, e, quanto mais, melhor, respeitando os limites de cada um, elimina pelos poros, toda impureza que se acumula debaixo da pele, assim ao exercitar, inclusive a mente também, proporciona um ambiente saudável as células responsáveis pela defesa do corpo contra bactérias patogênicas, os linfócitos, são eles mesmos, que constituem as barreiras defensivas externas de seu organismo. Quanto mais puro o ambiente de trabalho, maior sua força, potencia, na expulsão dos micróbios, vírus invasores. Imagine-os, como num campo de batalha, entre dois exércitos na antiguidade, do seu lado, os linfócitos defendendo-o, do outro, bactérias, vírus atacando. Quando eles não dão conta é porque o ambiente está impuro, impuro por falta de transpiração, na dose adequada, preguiça, aí a luta, defesa, fica para as barreiras internas, os leucócitos.

Continuando, agora, com a parte espiritual, quanta satisfação você sente, quando seu trabalho vai bem, seja na esfera pública, seja na particular, naquela, o reconhecimento meritocrático, nesta outra, os negócios privados, bem sucedidos. Ademais, ao alimentá-lo espiritualmente, ele, trabalho ordeiro, preenche os espaços vazios da mente e, como diz o ditado, aliás, brocado: “Mente vazia oficina do diabo”, creio ser esta a causa que vem induzindo milhões de patrícios, mais de seis milhões, as drogas, em sua quase totalidade, na flor da idade, mutilados, em plena mocidade.

A mente vazia leva também, ao banditismo organizado, ora crescente, atormentando a vida da sociedade ordeira, por falta de determinação dos atuais governantes. O banditismo existia, contudo nanico, como nanico é, na atual conjuntura, nosso crescimento econômico, agravado, de igual forma, pelo processo inflacionário, redistribuidor de renda, às avessas, dos mais pobres, para os mais ricos, governo, gastando muito mais do que arrecada. Contudo, se ele gastasse mais, para aprimorar o conhecimento de nossa juventude, vá lá, entrementes, como você mesmo sabe pela mídia, a corrupção abocanha a parte do leão, maioral.

Sistema republicano sem participação da sociedade na vida política, funciona pela metade, vira república do faz de conta, meio de vida para os detentores do poder, por isto mesmo, a participação constitui a maior virtude pública do regime democrático. Outra falácia, o índice de desemprego é medido só nos grandes centros, nas cidades interioranas, a ociosidade continua grande, o desvio para a cachaça, jogatinas, drogas ajuda a subtrair o PIB, meros comensais improdutivos, subtraindo a produtividade no trabalho. A produtividade de um trabalhador, na América do Norte, é quatro vezes a nossa, isto influi, de certo modo, no tamanho do produto interno bruto, 0,1%, em 2014.

O conhecimento é chave para males desta natureza, a escola, política educacional funcionando, com determinação, pode promover verdadeira mudança de paradigma. O atual ministro da educação, creio, tem gabarito suficiente para aprimorar o ensino, pois, veio da USP, onde era reitor, universidade de conceito internacional, posto mais elevado do quadro daquela fundação pública, resta saber se possui garra, vontade soberana, para transformar a educação quantidade, rotineira, em educação qualidade, alvissareira. Para tanto, terá que contar com o resoluto apoio da Presidenta e do Congresso, afim de, realizar, aprimorar, o ensino nacional do bê-á-bá ao curso superior, melhorando substancialmente a classificação vexatória, recente, do Fórum Econômico Mundial, promovida, em 124 países, onde ficou ofuscado, mais do que isso, humilhado, em 78º lugar.

Portanto leitor, você há de convir, anuir, que será preciso muito trabalho, vigoroso empenho, para mudar esse cenário deprimente. Perseguindo o tema objeto do título, trabalhar é importante, tanto para conseguir dinheiro, para o pão de cada dia, como, mais do que tudo isto, ser ele, um eleito de Deus, com efeito, além de saciar a fome, alimenta espiritualmente, constitui bálsamo para a vida, permite regozijar do feito, o que faz lembrar essa frase da obra genial de William Shakespeare: “Homem, orgulhoso homem, que investido de pequena e passageira autoridade, empreende tão fantásticas missões, perante os céus, que é capaz de fazer chorar os anjos”.

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural.)