OAB-GO: da passeata ao penico
Redação
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 00:11 | Atualizado há 7 anos
A gestão da OAB-GO conseguiu, em um mês, passar um recibo de seu despreparo e de sua falta de compromisso na defesa da advocacia. Começa, portanto, a fazer sentido do porquê do presidente, Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, gastar tanto com publicidade, pois só assim para esconder a tragédia que é a gestão dele.
Para quem não é da área, uma contextualização. A OAB, que tem por missão fundamental defender a advocacia e interesses de toda sociedade, fez, em julho, uma passeata contra o privilégio que os juízes goianos querem de receber licença-prêmio remunerada e retroativa, bem como à absurda proposta de redução do horário de funcionamento dos fóruns.
Pois bem: nessa semana, para choque de toda a sociedade, membros da gestão da OAB foram ao Tribunal de Justiça dizendo que não só apoiam o pleito dos juízes, mas que “houve excessos” da advocacia nas críticas ao pedido de licença-prêmio. Foi a pá de cal na gestão de Lúcio Flávio, já que ele se propôs a revolucionar a advocacia, mas, na prática, só se preocupou com um círculo restrito de pessoas que inclui ele mesmo e um ou outro aliado que sobrou.
Podem me chamar de tradicionalista, mas ainda acho que a OAB deve defender a advocacia e a sociedade, em vez de passar pano para uma magistratura que sempre que pode humilha os advogados nos tribunais. Aliás, fica até mais claro o motivo da defesa de nossas prerrogativas estarem tão abandonadas nesta gestão. Como esperar combatividade de quem morde em um dia, mas no outro assopra?
Pior do que isso, porém, é subestimar a nossa inteligência ao tentar justificar o injustificável. Para consertar o erro, tentaram jogar a culpa em membros da subseção de Uruaçu, mas não colou. Depois, falaram que era uma posição pessoal de quem esteve no Tribunal de Justiça, mas fica difícil de acreditar.
É triste constatar que a advocacia tem como representante alguém que muda de opinião tão rapidamente. Quem defende essa gestão – se é que ainda tem alguém corajoso assim – certamente irá argumentar, como sempre, que houve um mal-entendido, que essa não é a posição do presidente.
No meu prisma particular, só acredito se ele sair da sala onde está encastelado desde o início do mandato e explicar, de forma convincente, como um presidente permite que o vice e o secretário-geral de sua gestão participem da reunião, se deixando fotografar ao lado dos juízes e até dando declarações reproduzidas em releases para a imprensa.
Acho que é esperar demais de alguém que só faz questão mesmo de aparecer quando é para fazer propaganda.
(Rubens Garcia, advogado)