OAB-GO: mais ações, menos discursos vazios na defesa da advocacia
Redação DM
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 03:54 | Atualizado há 7 anos
É desanimador ler os artigos do presidente da OAB-GO, Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, comemorando o Dia do Advogado, celebrado no último dia 11 de agosto. Em dois textos publicados nos jornais Diário da Manhã e O Popular, ele deixa bem claro como sua gestão é descolada da realidade da advocacia em Goiás, alarmando advogadas e advogados que confiam na Ordem para defendê-los.
Para situar a leitora e o leitor, conto que, em O Popular, o presidente da OAB-GO discorre sobre a “coragem”, que seria a principal qualidade da advocacia para enfrentar os tempos difíceis vividos no Brasil. No DM, Lúcio Flávio, já em clara campanha eleitoral, defende sua gestão dizendo ter promovido transparência, economicidade e investimentos.
No meio das palavras bonitas e as diversas referências a gênios da humanidade como Descartes, Montesquieu e Gandhi, fica totalmente exposta como é vazia, parcial e ultrapassada a visão de Lúcio Flávio sobre o real papel da advocacia. Em vez de atacar os reais problemas que diminuem nossa profissão, o presidente da OAB-GO prefere usar argumentos retóricos e se vangloriar de meras obrigações.
O que esperamos de um presidente da Ordem é que ele lute contra a desvalorização da profissão, o crescente desrespeito às prerrogativas e, principalmente, a difícil situação da advocacia jovem, que sofre em empregos com salários ínfimos e sem chance de ascensão profissional. O que ele tem a dizer sobre esses desafios enfrentados pela advocacia? Estamos esperando há quase três anos já.
Soa como irresponsabilidade o presidente de uma entidade classista escrever artigos comemorando o Dia do Advogado em jornais se, no Estado, grande parte das advogadas e advogados vê sua situação profissional se deteriorar. Falando nisso, aliás, parece deboche ver o presidente falar que a sociedade precisa da coragem do advogado. Onde estava a coragem dele para colocar em prática tudo o que foi prometido na campanha de 2015? É essa a pergunta que a advocacia jovem quer ver respondida.
Lúcio Flávio ignora mesmo o que realmente afeta a advocacia goiana até quando tenta defender sua gestão. Manter as contas supostamente em dia, realizar investimentos e dar manutenção em patrimônio é mera obrigação de qualquer gestor que se preze. Imagine você, cara leitora e leitor, bater no peito e dizer, cheio de orgulho, que paga todas as contas de casa e ainda querer ser elogiado por isso.
Constatar esse divórcio entre o que passamos no cotidiano e a visão que o presidente tem da profissão é desolador. No entanto, está nas nossas mãos mudar esse panorama, tendo em conta que a eleição para a presidência da OAB-Go se avizinha.
Uma nova mudança é mais do que necessária, mas, desta vez, escolhamos alguém que tenha vivência dos reais problemas enfrentados pelas advogadas e advogados de Goiás. O tempo dos discursos bonitos e vazios, típicos de quem não vive de perto a profissão, tem que acabar.
(Fabrício de Morais Jacinto, advogado)