Opinião

OAB que queremos é outra história

Diário da Manhã

Publicado em 10 de novembro de 2015 às 22:36 | Atualizado há 9 anos

OAB que queremos recentemente criada como base teórica de sustentação da candidatura de oposição representada pelo advogado Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, à Presidência em Goiás, certamente está fundada em alguns princípios fundamentais, históricos, político-filosóficos, que podem se somar a outros princípios comparativos, entre os quais destaco dois: primeiro, o de que o Advogado, isto mesmo, com A maiúsculo, deve e pode ser comparado com a lâmina de uma espada: reta, fina, flexível, brilhante e afiada, consoante afirmo no livro: Advocacia: engenho e arte, 2ª edição (1999); segundo, porque já deve saber que nós advogados, desde os tempos de Honoré de Balzac (1799-1850), famoso autor de uma “Comédia Humana”, num “Um Caso Tenebroso”, somos o primeiro juiz da causa, ensinando:

“Todo processo é julgado pelos advogados antes de sê-lo pelos juízes, assim como a morte do doente é pressentida pelos médicos, antes da luta que estes sustentarão com a natureza e aqueles com a justiça.”

Acredito que OAB que queremos, tem sua essência inserida nos textos descritos, significando união, respeito, transparência, podendo fazer oposição de verdade. Ainda por ser única, unívoca, homônima, nunca pode ser dividida por sorrelfa, interesses particulares, efêmeros, “eleiçoeiros”, como diria Jânio Quadros, sob pena de perder um dos seus objetos, jamais podendo garantir e sustentar as reais prerrogativas dos advogados. Por certo, essa OAB que queremos, por nascer pensada e planejada, é a que oferece condições – teóricas e práticas – para regionalizar a sua gestão de modo proativo, rompendo com anacronismos, como o da hegemonia da Capital na oferta de serviços ao advogado, ampliando e aparelhando as subseções e salas dela no interior do Estado, conforme o princípio da isonomia e da ética, velha filosofia da moral.

Notem que o tempo do grupo da OAB “Forte” no poder político e hegemônico em Goiás, que vi nascer, encorpar e acredito assistir ao seu ocaso; que apoiei e abdiquei sem arrependimento; que já ultrapassa 20 anos, havendo até os que defendem 30, mostrando não sei quantos fatos, ações, inaptidões e até tristes boatos, públicos e notórios, indiscutivelmente incompatíveis com a advocacia e objetivos da instituição. Parte desse grupo “forte”, influente, dividido em raivosos pedaços, conseguiu afugentar e excluir até seu mais humilde parceiro, o querido Macalé, talvez por ser negro. Esse segmento é o que mais resiste perder as ambrosias, manjares e delícias desse poder excepcional, suponho que continua embriagado pelos eternos privilégios dos do “andar de cima”, construtores da história inconveniente, incompatível, como imagino, com os ideais da verdadeira advocacia. De tão confuso, sem rumo  e anacrônico,  a maioria de suas ações ou iniciativas – não tenho dúvidas – passou a ser ofensa à própria  memória do caríssimo  advogado, dr.  Eli Alves Forte, que acredito ser a razão maior de existência da “OAB Forte”, tão  propagada, lisonjeada que, por ironia do destino,  construiu uma  história deplorável, realmente plena de sonsice, apartada, por conseguinte, da que imaginou a honrada personalidade e dignidade de Eli Alves Forte, cuja trajetória exige edificação de uma história inapagável.

Chega, pois, de excesso, intolerância, rixa, cinismo e outras trapalhadas, ofendendo o que já foi exposto e demonstrado, como se nada estivesse acontecendo. Como se a OAB não fosse fundamental. Não fosse espelho e o melhor exemplo para os advogados, a sociedade goiana e de outras diásporas. A exegese do artigo 133 da Carta Magna, não valeria nada. A paciência não teria limite, uma fronteira, um marco final; sabendo-se que há limite para todas as coisas, ensinado, já nos versos do poeta Horácio, desde os desmandos romanos, que não me canso de repetir em língua latina: (Est mudus in rebus).

Concluo, assim, que só há um caminho, inclusive indicado e trilhado pelas pesquisas confiáveis, a eleição e vitória da chapa de Lúcio Flávio, conceituado professor universitário. A livre opção pela OAB que queremos, que é de todos, como dissemos, que luta e defende prerrogativas de modo transparente, alternante, mais próxima dos advogados, rica de mais serviços, presente nas subseções e que sabe, como percebo, resgatar princípios da Ordem. Essa é a OAB que queremos. Oposição de verdade. É nela que vou votar. Tenho um filho fazendo parte dela: Vasco Rezende Silva. É nela que voto novamente, imaginando construir outra história. Orgulho dos advogados!

 

(Martiniano J. Silva é advogado, escritor, membro do Movimento Negro Unificado (MNU), da Academia Goiana de Letras e Mineirense de Letras e Artes, IHGG, Ubego, mestre em História Social pela UFG ([email protected]))

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias