Obrigado “Papai do céu”
Redação DM
Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 22:53 | Atualizado há 8 anosAlguns dirão que eu estou mentindo, outros, que eu estou exagerando, mas é a “pura verdade”. Dia 4, deste mês, logo após a cirurgia, na minha vista esquerda, fiquei tão maravilhado, com tudo à minha volta qu, por um tris, não “ajoelhei e rezei”, ali mesmo, no hospital! As cores, os gestos, as silhuetas, os semblantes dos médicos, dos funcionários, dos pacientes, o rosto, o olhar da minha irmã caçula, a Norma Helena Gonçalves Dias, sempre companheira e, mais tarde, os tons de amarelo das mangas penduradas nas verdejantes mangueiras, que eu nunca havia visto, mas, que estavam bem ali, nos jardins da escola, do outro lado da rua, um pé, inclusive, “bem defronte” a nossa casa e, além disto, eu pensava que iria ter que usar um “tampão” de esparadrapo, não de acrílico transparente, tanto que, agora, “não vejo” a hora de operar a outra vista, a direita, mas, todavia, confesso, titubeei, e muito, para decidir vir, aqui, mais uma vez, importunar com uma das minhas, como dizem os que me detestam, “historinhas”, mas, o quê fazer se fracassei todas as vezes que tentei desenvolver um outro tema? Depois de alguns dias, e noites, me “manquei” e acabei por entender, ou, melhor, compreender e, agora, tenho certeza absoluta que preciso, necessito, antes de qualquer coisa, agradecer a todos que “torceram”, rezaram, oraram, desejaram o meu restabelecimento e, lógico, a todos os funcionários do “Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto”. Muito, muitíssimo obrigado.
Devo mencionar, também, que neste hospital, repetindo: “Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto”, em 1966, o meu querido pai, Antônio Gonçalves Dias Filho, 1933-83, mineiro, militar, com 33 anos, submeteu-se a duas cirurgias, realizadas simultaneamente. As complexas intervenções eram realizadas, somente, em São Paulo, na Capital, portanto, foi a primeira realizada no “interior”. Enquanto uma equipe retirou um dos seus pulmões, repleto de nicotina, a outra colocou uma válvula mitral plástica em seu coração. Demoraram 19 horas. Foi um sucesso.
Aprendi um bocado, nestes últimos tempos, especialmente sobre as pessoas e as dificuldades enfrentadas pelos deficientes. Tropecei e caí, inúmeras vezes, em buracos e degraus. Bati o nariz e a testa em portas de vidro sem decalques, em postes de sinalização. Quase fui atropelado, em três ocasiões e, claro, tive que parar de ler, dirigir, passear, trabalhar e, o adiamento da minha cirurgia, por duas vezes – desde o começo do ano, devido a avaria em um equipamento do hospital – mais os problemas decorrentes do fato de ter sido “obrigado” a suspender as atividades da minha pequenina empresa de “desinsetização”, tudo isto, e muito mais, fizeram a “catarata”, na vista esquerda, “descer”, de forma tão violenta, que nos últimos meses, passei a “enxergar”, apenas, um “clarão”, nada mais. O médico, na última consulta pré-operatória, em agosto, avisou-nos, a mim e a minha irmã, a Norma, que em dezembro operariam a minha vista direita. Fiquei surpreendido e disse-lhe que só estava enxergando com ela. Após reexaminar-me e constatar o fato, determinou que a intervenção, na direita, seria adiada e que operariam a esquerda, exatamente como havia pedido a Deus. Depois conto a “razão”. Mais uma vez, muitíssimo obrigado. Até.
(Henrique Gonçalves Dias, jornalista)