Opinião

Ociosidade embota o espírito, emperra o progresso

Diário da Manhã

Publicado em 4 de fevereiro de 2017 às 00:37 | Atualizado há 8 anos

Todo aquele que, no lugar de trabalhar, laborar, dormita na ociosidade, ludibria a si próprio, e mesmo que, em dose homeopática, o PIB de seu país. Enquanto o trabalho, muito mais ainda, o laborioso, criativo, é um eleito de Deus, tanto por alimentar a vida substancialmente, matando a fome, como, por advir da inspiração Divina, de modo que, ao alimentá-la substancialmente, alimenta-a espiritualmente, preenchendo os espaços vazios da mente: mente vazia, oficina do diabo, razão pela qual, milhares de seres humanos são desviados para males nocivos a vida individual, e, ela, em sociedade. De modo que, quem a pratica, ou a facilita, o governo, ao conceder cesta básica sem capacitar à família beneficiária para o trabalho produtivo e emancipador, retirando-a da marginalidade, pobreza, para a prosperidade, em vez disso, condena-a a demência, de igual modo, no caso individual, furta de si mesmo, de sua comunidade, além do mais, lesa, emperra, a prosperidade comunitária.

Outrossim, saudável ou doente, consome, enfermo, mais ainda, então, de uma forma ou de outra, realiza despesas, no caso de ocioso, a receita para tais gastos, desembolso, sai da família, ou do grande bolo, o cofre do estado, contribuição de todos, neste caso, furta de si mesmo, e do Produto Interno Bruto, de sua terra. Embora, a maioria da sociedade brasileira seja, ainda, laboriosa e ordeira, existe um descompasso abismal, enquanto a maioria, parcela que trabalha duramente, decresce, a minoria, parcela ociosa, cresce, cresce, tanto nas grandes metrópoles, como nas pequenas cidades interioranas, nestas, se destaca o subemprego, mal empregados, e outros que trabalham dois, três dias por semana.

Isto acontece leitor, por falta de uma política, política atrelada ao Ministério do Trabalho, ou a secretaria de governo, interagindo, consoante o artigo 174 da Carta Magna: união, estado, município, para o bom funcionamento da máquina estatal, capacitando-os para melhor desempenho. Algo que, ainda hoje, constituí mais teoria do que prática, no entanto, de transcendental importância para o bom funcionamento da administração pública, ora, um tanto emperrada, pela burocracia ante Kafkiana – Kafka, pensador alemão, inventou o termo burocracia, para agilizar processos, com o perpassar dos tempos, acabou invertendo sua função, pois, passou a emperrar processos.

Neste país, meu caro leitor, já houve, no chamado governo militar, até um Ministério da Desburocratização, só que, o ministério foi-se e a burocratização continuou, continua, pelo que se pode observar, ainda mais “barata no azeite”, encravada. Apenas um exemplo, fui dirigente do serviço de Extensão Rural de Goiás, há bom tempo, na época, o órgão chamava-se ACAR-Goiás, não era empresa pública, por isto, funcionava com eficácia. Ela teve um papel singular, na transferência de tecnologia aos produtores, família rural, vez que, a sua ação envolvia, também, esposa e filhos, estes, através dos Clubes 4S: Saber, Sentir, Saúde Servir. Os meninos e meninas da roça participavam, de igual modo, do processo educativo, na transferência de tecnologia, mormente, na cultura de milho, arroz, e, mesmo soja, na fase inicial, por meio de demonstrações de resultados: nelas, uma parcela era plantada da forma tradicional, a outra era plantada com tecnologia no final, durante a colheita, a vizinhança era convidada à participar da prova, para ver, ao vivo, a diferença de produtividade, entre a parcela tradicional, arcaica, pouco produtiva, e a parcela moderna, com alta produtividade, produtividade alcançada, com insumos modernos, motivando, assim, todo o grupo participante a refletir, e, em seguida, aderir as práticas inovadoras de cultivo da terra. Estas demonstrações, eram orientadas pelos agentes de extensão rural, e, instaladas em pontos estratégicos dos municípios, elas contribuíam, de forma singular, para a transferência de tecnologia, marco indelével, na transformação da agricultura de subsistência arcaica, improdutiva, em agricultura de mercado, de alta produtividade, seu ponto de partida foi a década de setenta, do último século.

Naquela época, a ACAR-Goiás, funcionava sem peias, burocracia, sua transformação em Empresa Pública burocratizou-a de forma tal, que, às vezes, tem verbas disponíveis no governo federal para programas vitais ao cumprimento de seus objetivos, em busca do bem-estar da comunidade, todavia, a burocracia é tamanha, que a impede de consegui-las. Outra atitude estatal abaixo do sofrível, os extensionistas precisam trabalhar, em tempo integral, entretanto, o baixo salário rouba-lhes paz financeira e ideal, para a dedicação plena, que deve ser imanente a todos eles. Moral da história, o governo para ser coerente com a política, política como arte de promover o bem-estar da sociedade, teria que fazê-la funcionar, de forma ainda mais diligente, eficaz, do que a benemérita ABCAR e ACAR-Goiás. Imagine! No lugar disso, fez o contrário, emperrou-a ainda mais. Outras idiossincrasias, poderiam ser citadas, no entanto, voltemos ao título deste artigo.

A criação de oportunidades de trabalho, mormente, para a população de menor nível cultural, é mais fácil e custa menos para o estado, nas cidades interioranas do que nas metrópoles. Um exemplo, foi criado no começo dos governantes do muda Brasil – que mudaram, muito mais, em benesses, fortunas, para eles, governantes, do que para a sociedade mantenedora do estado, e deles – no seu começo, um programa de parceria fundado na informalidade, destinado a oferecer oportunidade independente, para trabalhadores desempregados, na orla municipal, entrementes, sem qualquer análise de sua importância, simplicidade de implementação, desapareceu. De forma que, tanto ele pode ser ressuscitado, como criado muitos outros, capazes de livrar da ociosidade milhares de patrícios, infelizmente, ainda, com baixo nível cultural, por culpa da escola, e esta, por culpa, máxima culpa, dos gestores públicos.

A escola existe, tanto a convencional, como a extra convencional, informal, para ensinar, não só a ler e escrever, lidar com os números, mas, também trabalhar, trabalhar com maior produtividade, valendo-se de tecnologias avançadas, modernas, onde possa laborar, e com isto, melhorar seu padrão de vida. Na atual conjuntura, as cidades maiores conseguem atrair para si, quase todas as verbas destinadas a investimentos, seja de investidores privados, seja das agencias públicas destinadas a promover o desenvolvimento regional, as pequenas cidades, ficam chupando os dedos. Segundo Montesquieu, filósofo iluminista, todo homem que tem poder tende a dele abusar, neste caso, são as cidades mais poderosas abocanhando com seu poder de pressão os investimentos, prejudicando as menores, por deter elas, mais poder, tende a abusar das outras, carreando para si, a parte do Leão, por isso, consoante preceitua o Estado de Direito, carecem de freio, para frear sua ambição desmedida, vontade egoística, induzindo-as a abraçarem a vontade universal, a melhor para ambas; cidade pequena e grande, logrando maior progresso interiorano, e assim, mais e melhores oportunidades de trabalho. Nelas, pequenas, os custos, em relação aos benefícios, são bem menores, ademais, acabará paulatinamente, com a ociosidade, subemprego, por conseguinte, passarão a somar-se ao PIB, no lugar de ludibria-lo. Quem sabe? Tornando-o positivo, em pouco tempo. Ele que, há mais de dois anos, encontra-se negativo.

Política desta natureza, poderá, inclusive, reverter o fluxo migratório das cidades interioranas para as metrópoles congestionadas, o que veria ser salutar, a volta ao campo incentivada pela cabana eletrônica, consoante livro do escritor americano, Alvin Toffer, por meio da Internet, com o progresso, criação de artesões da eletrônica, mesmo, no meio rural. Para que funcione, a contento, política dessa natureza, mesmo, com o estado de direito, a sociedade, ela que paga a conta de tudo, terá que fazer funcionar o freio que aludia Immanuel Kant, por meio de controle, tanto o interno que começa a funcionar através das instituições, como MP, TCU, STF e outras, como o externo, por meio de organismos particulares, lídimos representantes da sociedade contribuinte de impostos.

Embora o tamanho do atoleiro econômico, a mobilização nacional poderia retirar a nação da recessão econômica, em pouco tempo, pela participação das forças vivas do país, mediante trabalho corajoso de todos cidadãos, cidadãs de bem, cada qual, fazendo, com ardor cívico, sua parte, mas, o danado é que a nação não tem o líder, dirigente visionário, para conduzir operação, da estirpe do saudoso JK. Malgrado a carência, uma ideia, quem sabe, o coordenador da operação Lava Jato, Juiz Sergio Moro, poderia, motivado pelo clamor de todos patrícios, conduzir tal mobilização! Convém salientar que, sua fama, no combate a corrupção, corre mundo, estrelando a lista, das cem maiores personalidades de nosso planeta.

 

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-Go, produtor rural.)

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