Opinião

“Ódio” ou “ode” ao BBB?

Diário da Manhã

Publicado em 2 de fevereiro de 2016 às 23:30 | Atualizado há 9 anos

Na Semana da Arte Moderna, em 1922, Mário de Andrade leu seu poema intitulado Ode ao Burguês. Ode é uma composição lírica sobre algo sublime. Todavia, nesse caso, Mário, ao declamá-lo fazia com que Ode ao se tornasse Ódio ao Burguês, que era o grupo presente no local. E é justamente essa a brincadeira de palavras feita no título deste artigo.

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel o burguês-burguês!

Todo início de ano a internet se divide entre os que gostam do Big Brother e os que não gostam. Muitaz vezes, estes são maioria e liberam seu ódio gratuito ao programa: “É degradação moral” ou “até Bial disse que aquilo ali é um zoológico humano” e, até mesmo, “não nos traz nada de bom assistir aquilo”. Esse ano não foi diferente. Antes mesmo dos participantes estarem na Casa, muitos já estavam comentando, criticando e perguntando em redes sociais :“Como uma advogada, um professor, estudantes, etc podem participar de um lixo desses?”

A primeira polêmica foi a respeito de um utensílio para lavar louça. Era um boneco e o seu cabelo black power era a bucha. Rapidamente apareceram pessoas explicando que isso era racismo, que isso perpetuava a aversão ao cabelo dos negros,que servia de manutenção àquela ideologia de “cabelo bom vs. cabelo ruim”. De outro lado, houve gente dizendo que isso era um exagero e que toda essa revolta era desnecessária. O episódio promoveu um debate na internet a respeito de racismo, representatividade, cabelo e, inclusive, estendendo-se ao Oscar – recentemente presente em uma polêmica a respeito de racismo sofrendo, inclusive, boicote.

Pouco depois, surgiu a possibilidade de um dos participantes ser gay. Isso levou a fofocas e teorias a respeito de sua sexualidade. Resultado? Debate na internet sobre qual a necessidade de se saber a sexualidade de alguém. Qual a real necessidade disso? Por ele ter características tidas como afeminadas ele é gay? E se for, o que isso muda? A discussão tomou caminhos impressionantes, esteve em pauta machismo, LGBTfobia, construções sociais e desconstruções.

Além disso, uma mulher na casa disse que era machista e isso, mais uma vez, ocasionou uma discussão machismo X feminismo. Posteriormente, essa mesma mulher ‘fez barraco’ ao chamar Laércio de “pedófilo nojento” (ele é um indivíduo machista e que, assumidamente, faz sexo com várias meninas menores de idade – e se orgulha por isso), ele também estava encarando-a e depois estava só de cueca perto de onde ela dormia. A internet se voltou pra isso: pedofilia, assédio sexual, importância do feminismo.

Sim, já no início alguns “Brothers” mostraram o corpo excessivamente ao trocarem de roupa, excesso de silicone, festas, futilidade… Mas o programa não é só isso, o indivíduo atento ao que acontece ao seu redor tem a capacidade de aprender, e muito, com o BBB. Assim como o carnaval, é difícil um indivíduo atento aos noticiários não ter contato com o “Big Brother”, se é inevitável, então qual o motivo de não aproveitá-lo da melhor maneira possível?

Come! Come-te a ti mesmo, oh! Gelatina pasma!

Oh! Purée de batatas morais!

Oh! Cabelos na ventas! Oh! Carecas!

(…)

 

(Arthur Santana, curso Letras Português-Inglês)

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