Onde foram parar as promessas do presidente para a OAB-GO?
Diário da Manhã
Publicado em 14 de agosto de 2018 às 23:39 | Atualizado há 7 anos
Pouco mais de três anos depois de vencer a eleição e assumir a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), já ficou claro que o perfil do presidente Lúcio Flávio Siqueira de Paiva é o mesmo de qualquer político profissional: prometer tudo e não cumprir nada.
Em 2015, quando saiu do seu escritório prometendo revolucionar a advocacia goiana, Lúcio Flávio garantiu que, em sua gestão na Ordem, haveria transparência, respeito aos advogados e resgate do prestígio da profissão. Até agora, porém, o que ele demonstrou foi autoritarismo, excessiva autopromoção e gastos desnecessários do dinheiro da advocacia com propaganda pessoal.
Essa, aliás, é uma avaliação recorrente entre a advocacia goiana: o presidente da OAB-GO subiu em um pedestal de arrogância e não quer descer de jeito nenhum. Solícito e aberto ao diálogo antes da eleição, Lúcio Flávio passou a decidir tudo sozinho, ignorando opiniões contrários e, em alguns casos, chegando a impedir manifestações antagônicas ao seu pensamento.
Talvez esse caráter totalitário do presidente da OAB-GO tenha a ver com as inúmeras promessas de campanha que ele não cumpriu, como, por exemplo, a eleição direta para o quinto constitucional.
A transparência e a gestão compartilhada, que Lúcio Flávio sempre citava durante sua campanha, já foram devidamente esquecidas. São conhecidos e notórios os casos de integrantes de comissões que solicitaram documentos, mas não foram atendidos. Nesse sentido, os inúmeros compromissos rompidos provocam as perdas de aliados, já que ninguém quer defender um presidente que não cumpre suas promessas.
Nada, porém, se compara ao descaso com a advocacia jovem, que acreditou nas palavras do presidente, mas que, incrédula, só observa ele ignorar tudo o que prometeu. As discussões sobre a retirada da cláusula de barreira de cinco anos e a instituição do piso salarial, por exemplo, nunca mais foram mencionadas.
É evidente, portanto, que o interesse do presidente pelos jovens só existiu quando houve a necessidade de votos. Atuar firmemente pelo piso salarial e pelo fim da cláusula de barreira era dar dignidade e representatividade à advocacia jovem, que sofre em empregos mal remunerados e sem expectativa de crescimento profissional.
Em uma época na qual a discussão é sobre o empoderamento feminino, é mais triste ainda observar o desrespeito de Lúcio Flávio com as advogadas. Assim como ocorreu com a advocacia jovem, as mulheres esperavam mais compromisso do presidente, que, durante sua campanha, prometeu, no mínimo, 45% de participação feminina nos órgãos gerenciais da OAB-GO.
A promessa, é claro, não foi cumprida, expondo ainda mais o caráter eleitoreiro de tudo o que o presidente da OAB-GO disse em sua campanha eleitoral. Isso tudo, porém, serve de munição para que, nas próximas eleições da Ordem, nossa categoria mostre para ele que não se brinca impunemente com necessidades urgentes da advocacia.
(Waldemir Malaquias da Silva, conselheiro seccional da OAB-GO, advogado especialista em Processo Civil e professor universitário há 15 anos)