Operação Mani Pulite (mãos limpas) Parte 2
Redação
Publicado em 17 de março de 2016 às 00:12 | Atualizado há 9 anos
No artigo anterior, comentei a Operação “Mani Pulite” (mãos limpas), conforme artigo publicado pelo Juiz Sergio Moro.
Mas não a analisei. Faço-o agora.
A denominada operação “mani pulite” (mãos limpas) foi uma ação deflagrada na Itália que culminou com a prisão de Mario Chiesa, ex-diretor de instituição filantrópica de Milão.
Investigou 6.059 pessoas, 438 parlamentares e 4 ex-Primeiros-ministros. Vala lembrar que este número se constitui na quase totalidade dos 594 parlamentares que compõem o Congresso Nacional do Brasil (senadores e deputados).
Esta operação foi tão importante para a Itália que partidos como o Socialista (PSI) e o da Democracia Cristã (DC) entraram em colapso, obtendo números insignificantes nas eleições que a precedeu.
O Poder Judiciário italiano atuou de maneira incisiva, com efeitos na vida institucional daquele país.
O que chama a atenção, é que depois de toda a reviravolta causada, um dos investigados, Silvio Berlusconi, magnata da mídia tenha, após esta operação, ocupado o cargo de Primeiro-ministro.
Você, leitor, deve estar se perguntando: Como assim? O cidadão foi investigado pela “mani pulite” e ainda virou Primeiro-ministro?
Isso mesmo! Virou Primeiro-ministro.
Faz-nos desconfiar do que de fato aconteceu por trás desta operação.
A operação deflagrada pela Polícia Federal e hoje conduzida por Sergio Moro se inspirou na Operação italiana “Mani Pulite”.
A crítica sobre a eficiência da operação italiana foi posta em cheque quando Silvio Berlusconi assumiu o comando governo do país.
A grande pergunta que os brasileiros fazem por todos os cantos do Brasil é se a Operação Lava Jato seria um ‘golpe’.
O Poder Judiciário, enquanto poder, pode sim interferir nos rumos de um país, a ponto de destituir um grupo do poder, com o único objetivo de levantar outro.
Esta tem sido uma investigação dos internautas aficionados por política que pesquisam tudo por conta própria, sem deixar passar nenhum detalhe do que está acontecendo.
É fato que a Lava Jato já se constitui a maior operação contra corrupção realizada no Brasil até hoje, mas demonstra fragilidade, erros e acertos.
Muitos petistas e empresários estão presos. Todos ligados ao PT. Não vemos políticos do PSDB ou outros partidos enquadrados ou investigados por ela. Se há, são muito poucos.
Eduardo Cunha, do PMDB, foi investigado pelo governo suíço e exposto para todo Brasil com conta naquele país, tendo enviado ilegalmente o dinheiro para lá. Alias muito dinheiro, sem procedência plausível, e não está sendo investigado pelo governo brasileiro.
Aécio Neves teve seu nome ligado a um helicóptero apreendido com 450 quilos de cocaína pertencente à empresa Limeira Agropecuária e Participações, registrada no nome de dois filhos do atual Senador José Perella, o Deputado Estadual Gustavo Perrella e de Carolina Perrella, e nada aconteceu.
Os três poderes brasileiros gritam e digladiam entre si.
No judiciário, surge Sergio Moro com algoz do PT. Já nas altas instâncias do poder, quem são os algozes são os Ministros dos Tribunais Superiores que estão por conta da condenação de políticos de oposição ao governo Dilma Rousseff, liberando todos os acusados do partido pelo qual foram indicados: o Partido dos Trabalhadores.
A teoria dos pesos e contrapesos já não é mais de poderes, e sim de partidos, que vão da direita até à esquerda brasileira. Uma confusão total.
Agora, conforme delatado por Delcídio do Amaral, está exposto o jogo de cassação de Senadores brasileiros, que visou atender apenas interesses de grupos do Congresso Nacional, vez que a destruição de um nome possibilita a ascensão de outro.
Na política brasileira, tudo não passa de jogo de poder, injustiça e crueldade.
É claro que a corrupção deve ser combatida em todos os níveis, contra todos os grupos.
Tramita desde 1997 no Supremo Tribunal Federal a Proposta e Emenda à Constituição – PEC 20-A, através de um mandado de segurança n.º 22972, hoje na mão do Teori Zavascki.
A PEC determina que há a possibilidade de mudança do regime de governo do presidencialismo para o parlamentarismo sem que haja consulta ao povo brasileiro, através de um plebiscito.
Dia 16 de março será colocado em votação no Supremo.
Cogita-se que deste modo, Luís Inácio Lula da Silva será o Primeiro-Ministro.
Mudarão os artigos 76 a 91 da Constituição Federal.
Isso sim seria um golpe completo! Altera-se completamente o modelo de político do país. Será Parlamentarismo Misto!
“Não obstante, por seus sucessos e fracassos, e especialmente pela magnitude de seus efeitos, constitui objeto de estudo obrigatório para se compreender a corrupção nas democracias contemporâneas e as possibilidades e limites da ação judiciária em relação a ela.” (Considerações sobre a Operação “Mani Pulite” – Sergio Fernando Moro).
Comenta-se que existe um golpe em andamento. Basta saber de quem contra quem.
Tudo pelo poder.
Vale a nossa investigação.
Silvana Marta de P.Silva – advogada e escritora