Opinião: Como os mais Inteligentes se “vendem” para o Estado/Esquerdismo
Diário da Manhã
Publicado em 3 de março de 2018 às 23:45 | Atualizado há 7 anos
Eclesiastes : “O coração do sábio está na casa onde há luto”
Na teoria de Marx sobre a evolução da História , a revolta dos proletários iria derrubar o Capitalismo. Isso não aconteceu e não tem acontecido. Sociólogos/Cientistas Políticos/Historiadores notaram outra coisa : geralmente quem se mobiliza contra regimes é a classe média/burguesia. A partir daí o genial intelectual marxista italiano Antonio Gramsci descobriu uma coisa : para “marxizar/esquerdizar” a sociedade, o ideal seria investir nos “intelectuais orgânicos”, o pessoal que iria trabalhar para o coletivismo/estatismo/humanismo/feminismo/relativismo/antiautoritarismo cultural. Gramsci foi profético : hoje em dia, na maioria do “mundo poderoso” ( p.ex., Europa, China ) , o marxismo cultural/psicológico ( ou mesmo não tão cultural assim , vide China ) venceu. Todo o mundo ocidental – e não tão ocidental assim ( vide China, socialistas do Sudeste Asiático, mesmo alguns islâmicos ) – adota a “filosofia do bem-estar-social”, adota o criticismo ao lucro, à acumulação exagerada do Kapital, a exaltação do poder “distributivo/justiceiro/humanista do Estado”.
Marx era bom historiador, economista, sociólogo, mas era muito ruim psicólogo. Ele achava que “um proletário, quando ganha a consciência, tende a se revoltar”, quando, na verdade, “um proletário, quando ganha a consciência, tende a virar patrão”. Os “proletários que ganham a consciência e se revoltam” geralmente são “patológicos”, pois a maioria dos proletários são “passivos e pacíficos”, sua natureza é ser “passiva”, senão não seria proletário, seria patrão. E , se deixa de ser “passivo”, geralmente sua boa-índole ( aquela que tinha quando era pacífico ) faz com que, ao evoluir (trabalhar mais, estudar mais , esforçar-se mais, criar mais ), ele se torne produtivo ( patrão ) e não destrutivo ( revolucionário ). Os que têm espírito “revolucionário”, quando não têm dinheiro viram bandidos, quando têm dinheiro geralmente viram intelectuais – não proletários. “Revoltados” raramente viram “operários” : ou viram bandidos ou viram intelectuais.
Não só Gramsci, mas vários outros revisionistas/utopistas ( p.ex, K. Kausty, Lassalle, Proudhon ) e mesmo os anarquistas ( p.ex, Bakunin ) notaram que havia problemas na “psicologia do revoltado em Marx”.
Por que o “intelectual” tende a ser “revoltado”, ou o “revoltado” ( quando tem meios ) vira um intelectual ? Isso foi o golpe de genialidade dos marxistas não-alinhados com a teoria da revolta do operariado de Marx. O intelectual geralmente tende a ser um “obsessivo”, alguém que se aprofunda. Quem se aprofunda geralmente se nota “superior” a quem não se aprofunda, ele se sente “superior” a quem pensa menos. Este obsessivo também tende a ser mais ansioso, preocupado, circunspecto, pensativo, “nervoso”, “irritado”. A própria Bíblia diz em Eclesiastes : “O coração do sábio está na casa onde há luto”. O “irritado”, geralmente não é muito sociável, e geralmente é auto-centrado, ego-centrado. E quem é ego-centrado, geralmente é muito orgulhoso. O “orgulho do sábio” o faz avesso aos “mandos do patrão”, aos “mandos de quem quer ganhar dinheiro em cima dele”, aos “mandos de quem explora”. Se ele é contra o patrão – aquele que tem carisma, energia, força criativa, disposição para o empreendedorismo , alegria de viver , inteligência e contágio emocional – ele só pode ser a favor do “coletivismo”, da “auto-gestão”, do “cooperativismo”, dos “colegiados”, e , na falta desses ( ou no fracasso desses, como se vê nas Universidades Públicas), eles adotam o “Estatismo” ( assim como os “marxistas pós-Marx” adotaram o “socialismo de Estado” depois que viram que os anseios anti-Estado de Marx, mais uma vez, não passavam de quimeras e crassos erros-de-cálculo ). Até o ignorantão do Bakunin ( que Marx não cansava de humilhar intelectualmente ) foi muito mais profundo do que o sábio do Kapital : apontou os erros crassos de Marx, que continuou acreditando até o fim que a “revolta do proletariado iria redundar na “anulação do Estado”.
Os intelectuais são um prato cheio para o Estatismo, e o Estado se utiliza disso : “vou pagar vocês, vocês irão , todos, virar funcionários públicos, e assim poderão “criar” em paz”. Ora, quem vai em qualquer universidade pública nota, mais uma vez, o erro do marxismo, mesmo do marxismo de Gramsci : eles não criam nada, pelo contrário, se não se lhe dá um “banho de verbas” ( e todo o ano o Estado faz isso ), eles deixam o cupim comer tudo. Começam a se frustrar por vários motivos : seu poder criativo fica corroído por esta instituição carcomida pelo cupim da paralisação; seu poder criativo é destruído pela sua impossibilidade de “falar mal do onipresente/onipotente patrão, o Estado” ( só podem falar “das estrelas, sexo das borboletas e do clima” ); começam a se autodestruir nos prazeres, nas regalias, viagens, bebidas, comidas, promiscuidades ; paralisam-se com as aposentadorias precoces, com os “hobbies caros”, com os “congressos-nas-beiras-de-praia”, com “o sopão-de-caridade-no-fim-de-semana-para-aplacar-o-tédio-e-a-consciência”; ou então vão aplacar a consciência e o tédio-falta-do-que-fazer nos divãs psicanalíticos da vida e finalmente nos antidepressivos prescritos pelos neurologistas apenas “para o estresse leve que você está tendo”. A inevitável “terapia familiar” se faz tanto ou mais presente porque os filhos, regados à “dinheiro farto/fácil não desenvolvem o “espírito do trabalho” e começam a dar muita canseira” ( sexualidade, drogas, vagabundagem, “falta de diálogo”, “falta de exemplo”, “falta de Deus”, “falta de serviço”, “revolta” , “trancado no quarto com o videogame noturno”, etc ).
Num próximo /artigo iremos falar da ladeira moral pela qual muitos dos intelectuais acabam escorregando ( e como fazem aqueles que conseguem livrar-se disso ).
(Marcelo Caixeta , médico psiquiatra ( psychological.medici[email protected])